Aeroporto de Belém: fluxo cresce em 2025 e setor debate turismo em 2026

Com 3,6 milhões de passageiros até novembro, capital paraense celebra 'efeito COP 30', mas trade turístico alerta para risco de ociosidade hoteleira no próximo ano

Gabriel da Mota
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O ano de 2025 termina deixando uma marca histórica na infraestrutura e na movimentação turística da capital paraense. Impulsionado pela realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30) em novembro e pelos investimentos preparatórios ao longo dos últimos meses, o Aeroporto Internacional de Belém registrou a passagem de 3.683.110 passageiros entre janeiro e novembro deste ano. O dado, confirmado pela Norte da Amazônia Airports (NOA), concessionária que administra o terminal, reflete o aquecimento da economia local, mas levanta um debate crucial para o próximo ano: como sustentar esse crescimento sem o grande evento climático?

Os números da NOA indicam que o "efeito COP" não se restringiu apenas aos dias da conferência. Ao todo, foram operados 29.148 voos (domésticos e internacionais) no período. O destaque ficou para a conectividade externa. Em comparação com o mesmo período de 2024, houve um aumento de 13% no número de frequências para o exterior e de 3% no fluxo de viajantes internacionais.

Para o ex-ministro do Turismo, Celso Sabino, o desempenho coloca Belém em um novo patamar de relevância. "Avalio de forma extremamente positiva. O Aeroporto Internacional de Belém viveu, ao longo deste ano, um dos momentos mais importantes da sua história", afirmou o político, que esteve à frente do ministério desde 2023 e geriu a preparação do terminal para a conferência climática.

Segundo Sabino, a capital paraense lidera a movimentação entre as capitais da Região Norte — dado que deve ser ratificado na próxima atualização do Painel de Demanda e Oferta da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). "Ainda estamos aguardando os dados de fechamento do ano, mas, até agora, Belém vem se mantendo na liderança entre as capitais da Região Norte em movimentação de passageiros, reforçando seu papel como principal hub aéreo da Amazônia", disse Sabino.

O ex-ministro destaca ainda um dado expressivo sobre a qualificação desse fluxo: "Em relação à entrada de turistas estrangeiros, Belém foi a capital do Norte que mais cresceu, com aumento de mais de 50% até outubro".

Investimentos e novas rotas

A alta na movimentação foi sustentada por uma infraestrutura renovada. A concessionária NOA investiu cerca de R$ 450 milhões em obras de ampliação e melhoria do terminal, entregues antecipadamente para atender à demanda da cúpula do clima.

Além da estrutura física, a malha aérea foi ampliada. Atualmente, Belém opera voos regulares para destinos como Bogotá (Colômbia), Paramaribo (Suriname), Caiena (Guiana Francesa), Fort Lauderdale e Miami (EUA), além de Lisboa (Portugal). "O salto de qualidade na infraestrutura do Aeroporto Internacional de Belém já se reflete no aumento da conectividade aérea", avaliou a concessionária em nota.

Ociosidade preocupa setor hoteleiro

Se por um lado os números do aeroporto são celebrados, por outro, o setor de hospitalidade acende a luz amarela para 2026. A oferta de leitos na capital praticamente dobrou para atender à COP 30, saltando de cerca de 6 mil para estimados 12 mil leitos, somando hotéis, hostels e reformas de imóveis.

Fernando Soares, assessor jurídico do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Pará (SHRBS), vê o legado como positivo, mas episódico. "A gente vê como um balanço positivo, mas episódico, porque deu visibilidade. Vamos ver como vai se comportar agora, em 2026. Acho que a COP realmente foi o grande motivador", analisou.

A preocupação central é a ociosidade. Antes do "boom" de 2025, a taxa média de ocupação em Belém girava em torno de 30% a 35% ao longo do ano, com exceção do mês de outubro, por ocasião do Círio de Nazaré. Agora, com o dobro de quartos disponíveis, o desafio é matemático.

"Existe um receio de ociosidade, sim. Existe um receio de superdotação de empresas, principalmente de alimentação fora do lar, que a gente não sabe como vai ser absorvido pelo público", alertou Soares. Ele pontua que, sem atrativos naturais como praias ou montanhas na capital, Belém depende do turismo de negócios e eventos para preencher essas vagas nos meses de baixa temporada, como janeiro e fevereiro.

"O grande desafio é obter meios de atrair turismo, barateando o custo de passagens aéreas, principalmente, porque é um impedimento muito grande para o setor", disse Fernando Soares.

Estratégias para 2026

Para evitar que a infraestrutura se torne um "elefante branco", o Ministério do Turismo aposta na consolidação de Belém como destino gastronômico e de natureza, citando eventos futuros como o Fórum Mundial do Turismo Gastronômico da ONU Turismo, que ocorrerá em 2026, com ações em Santarém.

"Nossa expectativa é de sustentação desse fluxo ao longo de 2026. Evidentemente, eventos de grande porte como a COP geram picos excepcionais, mas o que estamos construindo vai muito além de um evento pontual", defendeu Celso Sabino. O ministro cita o complexo do Porto Futuro e a valorização da cultura amazônica como âncoras para manter o interesse internacional no Estado.

Raio-X do Aeroporto de Belém (jan-nov 2025)

Total de passageiros: 3.683.110

Total de voos: 29.148

Crescimento internacional: +13% em frequências de voos e +3% em passageiros (comparado a 2024)

Destinos internacionais diretos: Lisboa, Miami, Fort Lauderdale, Bogotá, Paramaribo e Caiena.

Investimento na reforma: R$ 450 milhões

Fonte: Norte da Amazônia Airports (NOA)

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