Paraenses investem cada vez mais em viagens internacionais

Da capital paraense é possível voar direto do Aeroporto Internacional de Belém para Portugal, Estados Unidos, Guiana, Panamá-Maribo. E, neste segundo semestre do ano, vai entrar em operação a nova rota para Bogotá (Belém-Colômbia), conectando Belém com a cidade de aeroporto mais movimentada da América Latina: a cidade colombiana de El Dorado que anualmente recebe cerca de 45 milhões de passageiros.

“A cidade tem cada vez maiores possibilidades de malha aérea, o que é bom para a gente", disse a empresária Izabelle Aguiar de Araújo, na última quarta-feira (23). Ela é jornalista de formação, e abriu a própria agência de viagem, em Belém, no ano de 2021.

Registro de turistas paraenses encantados com o Peru, impulsionados por uma combinação de fatores como a crescente conectividade aérea (Foto: Izabelle Araújo (Arquivo pessoal))

Izabelle trabalha com roteiros de viagens personalizados. “A gente cuida de todos os passos da viagem. Voos, hotéis, traslados, passeios, se precisar de documentação, algum tipo de vista, a gente orienta. É uma consultoria 360".

A empresária disse que o cliente contrata o serviço da agência, e a partir da escolha da pessoa, tudo pode estar incluso no pacote. "De ingressos para shows, experiências, enfim, a agência faz a gestão dessa viagem. É isso que é ser um verdadeiro agente de viagem”, avalia.

Grupo de turistas paraenses em viagem na Itália pela experiência gastronômica (Foto: Márcia Vieira / Arquivo pessoal)

Márcia Vieira é a gestora geral de uma agência de viagens consolidada no setor turístico em Belém, com 35 anos no mercado, e excursões para os Estados Unidos e Europa. “É um bom momento para o turismo com a vinda de muitas pessoas para cá, e tem crescido a procura, incluindo pacotes para toda família”.

"Temos o exemplo da pessoa chegar e dizer, somos 9 integrantes da mesma família e queremos viajar juntos. Essa procura em família ficou mais forte da pandemia (covid-19) para cá”, disse Márcia, que tem pós-graduação em gestão empresarial na cidade de Florença, na Itália.

Márcia Vieira e Izabelle Araújo, têm negócios distintos no mesmo ramo do turismo, e destacam que os destinos internacionais podem ser acessados com voos diretos de Belém ou com conexões em outras cidades do Brasil ou do exterior.

Paraenses em viagens pelo exterior

Aeroportos hubs facilitam conexão

Izabelle observa, por exemplo, que os aeroportos brasileiros utilizados pelas companhias aéreas como ponto de conexão, os chamados aeroportos hubs, facilitam o deslocamento da capital paraense para o mundo afora. “Os hubs internacionais que são os nossos aeroportos, Guarulhos, Viracopos, também, Recife, Fortaleza e Rio de Janeiro, vêm sendo hubs importantes”.

Ela contou que abriu a agência com foco em pacotes de viagens voltados exclusivamente para mulheres que viajam sozinhas ou em grupos femininos, mas com o tempo, ampliou o atendimento para uma gama diversificada de clientes.

"A maioria dos nossos clientes é paraense mesmo, mas a gente tem clientes que moram em outros estados”, disse ela, que tem percebido boa procura por países de América Latina, como Peru, Argentina, Chile e Colômbia, o que ela atribui a lógica custo-benefício, considerando o valor e a facilidade da documentação exigida (um passaporte válido, e em alguns casos, um visto).

Turismo gastronômico e religioso em alta

Márcia Vieira aponta o aquecimento do turismo gastronômico, motivado por paraenses que querem fazer cursos de culinária lá fora. Ela falou de cursos de massa fresca e de vinhos, e também observou o crescimento do turismo religioso por causa do Jubileu de Roma, também conhecido como Ano Santo, evento da Igreja Católica que ocorre a cada 25 anos.

A agência de viagem, em que Márcia Vieira trabalha, é uma ‘tap partner’, ou seja, uma agência parceira da companhia tap air Portugal. “Nossos voos são diretos para Lisboa, e de lá se vai para Roma, Espanha, qualquer lugar na Europa. Para a Itália são dez horas por exemplo, oito horas de Belém para Lisboa, e de Lisboa mais duas horas até a Itália”.

‘Para economizar é fundamental se organizar’, diz dona de agência de viagem

O preço médio de um pacote de viagem para o exterior depende do destino, da duração da viagem e das escolhas dos padrões de hotéis, entre outros fatores, apontados pelas empresárias. Sobre possíveis vantagens econômicas de se viajar sozinho ou em grupo, considerando pacotes que possam sair mais baratos que viagens individuais, por conta de reservas coletivas e roteiros fechados. Márcia Vieira dispara: “Tudo é relativo, o fundamental é se planejar”. 

“A viagem precisa ser organizada, seja ela individual e em grupo”, disse Márcia. Ela pondera que é possível conseguir o melhor valor de passagem aérea a longo prazo, do contrário, não. Vieira explica que o valor pode ficar bem próximo entre pacotes individuais ou em grupos, dependendo do que o cliente deseja, do período, da organização da viagem e das escolhas com mais ou menos luxo.

Izabelle Araújo sintetiza: "Eu costumo dizer que uma viagem internacional, mesmo que seja de poucos dias, digamos, uma mulher sozinha, eu mesma fiz uma conta um dia desse para eu ir para um show nos Estados Unidos, eu passaria seis dias lá. Eu ia gastar, no mínimo, 10 mil reais, considerando passagens, hospedagem, o ingresso do show e minha alimentação. Seria mais ou menos isso. Esse valor seria o mínimo para uma viagem confortável".

Para o circuito Portugal, França, Espanha, o custo médio de pacotes individuais varia de R$ 22 mil a R$ 35 mil, informou Márcia Vieira. Esses valores asseguram os deslocamentos aéreo, terrestre e hospedagem. “O cliente tem a opção de escolher entre hospedagens em hotéis de duas ou cinco estrelas, se fará os circuitos entre os países de ônibus ou prefere mesmo o avião, por ter pouco tempo, só para exemplificar”, disse Márcia.

Viagens estão na lista de prioridades de mulheres

Sobre viagens para mulheres, Izabelle Araújo e Márcia Vieira reconhecem que a procura é frequente e boa parte prefere viajar acompanhada. Márcia Vieira diz: “As mulheres que atendemos gostam de viajar em companhia, em excursões, com família e amigas, mas percebemos que é mais pela partilha. As que viajam sozinhas, mesmo com toda a autonomia que apresentam, damos sempre nossa total assistência para que estejam em segurança e felizes”.

Izabelle Araújo vê o desejo de viajar na lista de prioridades de mulheres, mas diz que muitas ainda enfrentam o medo da insegurança urbana. “É realmente o medo de acontecer alguma coisa o que impede a maioria das mulheres de viajarem. Às vezes, elas têm dinheiro, têm tempo, têm disponibilidade, mas o medo freia. Então, quando a gente consegue quebrar essa barreira do medo, oferecendo um serviço personalizado, garantindo fornecedores confiáveis, e uma comunicação 24 horas via WhatsApp, prontos para atender qualquer demanda emergencial, ela se sente mais segura para dar esse passo”.