Segundo IPCA, Belém finaliza primeiro semestre com o aluguel mais caro do país
Para corretor, um dos principais fatores para a alta nos preços é a realização da COP 30 na capital paraense

Dados divulgados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que Belém fechou o primeiro semestre do ano com o aluguel mais caro entre as capitais analisadas. No mês de junho, de forma isolada, o município registrou queda de 0,31% nos valores referentes aos aluguéis residenciais, comparado ao crescimento de 0,29% registrado em maio de 2025. No período de janeiro a junho, entretanto, a capital paraense totalizou inflação de 5,95% no aluguel, mais de dois pontos acima da média nacional, que fechou em 3,13%.
No índice acumulado dos últimos doze meses, Belém teve 7,45%, atrás somente de Vitória, no Espírito Santo, com 9,97%. O aumento do valor do aluguel residencial segue a tendência nacional no reajuste no segmento de habitação, que apresentou alta de 0,99% na média nacional do último mês — o maior apresentado no IPCA de junho.
Alexandre Marques, corretor imobiliário, avalia que o preço do aluguel na capital sempre evoluiu acima dos índices econômicos e que isso é uma característica entre as capitais, especialmente por causa do déficit habitacional que acompanha o Brasil. “Além disso, depois da pandemia, o custo de vida subiu bastante, pressionando o preço dos aluguéis que sofrem a influência do aumento de taxas de condomínio e impostos relacionados, como o IPTU”, explicou o corretor.
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Marques também analisa que a cidade estar no topo do ranking do preço do aluguel é algo recente e considera que, entre os fatores, está a realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30) na capital. “Desde o seu anúncio, no fim do ano passado, o preço do aluguel disparou diante da forte especulação imobiliária. E isso não se limita apenas à capital”, pontuou Marques. Segundo ele, muitos imóveis localizados na área que integra a Região Metropolitana de Belém (RMB) saltaram de preço ou foram desalugados pelos proprietários na esperança de um alto faturamento em pouco tempo.
Preço do m² em Belém chega a quase R$60, segundo estudo
De acordo com dados divulgados pela índice FipeZap, a partir da parceria entre a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), ligada à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP) e plataformas de anúncio de imóveis, a média do preço na capital paraense foi de R$58,99 por m² em junho de 2025. É o terceiro maior valor entre as cidades analisadas e o segundo entre as capitais, atrás somente de Barueri, com R$68,30, e São Paulo, com R$61,32, ambas no estado de São Paulo. Para obter os dados, o estudo analisou 1.414 anúncios imobiliários em Belém no mês de junho.
Ainda segundo a pesquisa, em junho de 2025, o bairro com o aluguel mais caro de Belém foi o Umarizal, com média de valor de R$67,8 por m², seguido pelo Jurunas, com média de e R$67,3 por m² e Cremação, com R$64,9 — que apresentou, por sua vez, a maior variação nos últimos doze meses acumulados entre as localizações analisadas, com 56%. Os mais baratos foram São Brás, com a média do valor pago por m² sendo R$54,6, seguido por Marambaia, com R$54,7 e Pedreira, com R$55,1.
Os dados apontam alta de 8,94% na variação do preço do aluguel no primeiro semestre em Belém, acima dos valores divulgados pelo IPCA. De acordo com os dados do FipeZap, no valor acumulado nos últimos seis meses, Belém é a segunda capital com maior variação. Em primeiro está Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, com 12,69%. Nos últimos doze, a variação é de 19,85%, atrás somente de Salvador, com 22,68%.
Marques explica que, com o cenário do crescimento dos valores persistindo, Belém vive uma bolha imobiliária do aluguel silenciosa e que, em sua opinião, irá estourar em breve. Para ele, as consequências serão muitos imóveis vazios por falta de inquilinos sem renda e inadimplência daqueles que foram alugados e não suportaram o pagamento.
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