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Pará teve 150 mil microempresas devendo 1,2 milhões em setembro, segundo Serasa

Número de empresas com dívidas é o maior desde janeiro de 2019; Juntas, elas representam 40,5% de todas empresas do estado.

Jéssica Nascimento
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Em setembro de 2024, o Pará teve 159.637 micro e pequenas empresas com dívidas, segundo dados do Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian. O número é o maior em 5 anos, desde janeiro de 2019, quando o estado tinha 111.046 empresas inadimplentes. As empresas devedoras do Pará em setembro deste ano tinham o total de R$ 1.222.316 em dívidas. Elas representam 40,5% do total de empresas existentes no estado. A dívida média de cada uma delas estava em torno de R$ 22 mil. Micro ou pequenas empresas são as que têm faturamento anual de até R$ 360 mil. 

O Brasil registrou 6,9 milhões de companhias de todos os portes com dívidas em setembro. Desse total, a maioria - 6,5 milhões - são micro e pequenas empresas. É o que indicou dados da Serasa Experian. Nesse mês, 55% das MPEs inadimplentes eram do setor de “Serviços”, 37,1% do “Comércio”, 7,5% da “Indústria” e 0,4% de “Demais”, que engloba companhias dos segmentos primário, financeiro e terceiro setor. Nas regiões, os dados mostraram que a maior parte das MPEs com CNPJs negativados eram do Sudeste (53,3%) e a menor parcela, do Norte (5,5%). Os estados com mais micro e pequenas empresas inadimplentes em setembro foram São Paulo (2.207.002), Minas Gerais (577.519) e Rio de Janeiro (574.450). 

Qual o contexto do endividamento das microempresas?

Empréstimos  bancários e financiamentos são as principais causas de microempresários, segundo André Charone. O contador e consultor financeiro explica que muitas empresas recorreram a esses tipos de auxílios e a capital de terceiros durante a pandemia

“Tiveram inclusive programas do governo, como o Pronampe, que concedeu crédito de forma mais fácil, mais simples, até com juros um pouquinho menores e isso acabou atraindo muita gente. Muitas empresas acabaram perdendo o controle sobre isso”, lembra Charone.

Além disso, segundo o contador, o atraso no pagamento de tributos foi outra causa de dívidas das pequenas empresas, deixando muitas delas de fora do sistema de tributação Simples Nacional. “Geralmente o empresário acaba deixando o pagamento de tributo pro final porque é algo que ele não percebe o benefício daquela despesa e muitas vezes nesse final já não sobre mais dinheiro pra pagar”, explica o contador.

Como as microempresas podem sair das dívidas?

Para André Charone, os pequenos empresários devem fazer um mapeamento de despesas e priorizar as dívidas mais importantes. “Com base nisso, verificar quais tem juros mais altos pra quitar primeiro esses e depois ir pros que tem juros mais baixos. Às vezes, vale a pena você negociar ou pegar um empréstimo com juros mais baratos pra pagar um financiamento, pra pagar um empréstimo que tenha juros mais altos”, pontua.

O pagamento das contas essenciais devem ter prioridade, segundo o contador. “A gente pode incluir energia elétrica, a gente pode incluir o próprio aluguel, pois você pode ser despejado. Então, essas despesas que, se você não pagar, você vai ter algum tipo de prejuízo pra sua operação, também tem que ser priorizadas”, aconselha. 

Períodos de negociação ao longo do ano são uma forma de sair do endividamento. “Uma vez ou outra você tem aí feirões do Serasa, do SPC, e também de vez em quando parcelamentos especiais, então é importante você ficar atento com essas negociações que muitas vezes você consegue um prazo maior e muitas vezes também abatimento em juros”, indica o consultor financeiro

Além de tudo, é essencial ter controle rigoroso sobre o dinheiro. Para Charone, “você realmente tem que controlar o seu fluxo de caixa de forma direitinha. (Isso) faz com que você consiga sempre gastar menos do que você fatura, então sempre sobra aquela reserva financeira todo final do mês para que você consiga fazer uma reserva e não ficar dependendo do capital de terceiros”, destaca.

Tentar reduzir ao máximo as despesas ajuda as microempresas a “saírem do vermelho”. Segundo o contador, o processo envolve fazer um levantamento completo de quais são as despesas fixas e variáveis e, depois, descartar as desnecessárias.

“O ideal é que você consiga não só quitar as dívidas pra deixar de ser inadimplente, mas também após isso montar uma reserva de fundo pra imprevistos, que a gente chama de reserva de emergência”, indica o contador. Para ele, tanto as pessoas físicas quanto as pessoas jurídicas devem ter um recurso separado para se manter por no mínimo 6 meses. 

André Charone menciona a pandemia como causa para a quebra de vários negócios pela falta de capital guardado. “Imagina: você é dono de restaurante e tem que ficar 3 meses fechado por conta da pandemia. Se você não tiver esse fundo de emergência pra se manter, acaba tendo que recorrer a empréstimos, como muitas empresas fizeram e acabaram estando inadimplentes hoje por conta disso”, afirma. 

O contador indica que microempresários devem procurar orientação profissional de finanças. “Procure um consultor financeiro, procure um contador que atua na área financeira pra te auxiliar nesse sentido que vai ser um investimento muito bem feito”, aconselha. 



 

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