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Pará pode ser afetado economicamente com a guerra envolvendo Rússia e Ucrânia; entenda

Agropecuária seria o setor mais impactado, já que importa fertilizantes e exporta soja

Elisa Vaz

As relações comerciais paraenses podem sofrer impacto direto com o conflito militar entre Rússia e Ucrânia. Isso porque a nação russa está entre os vendedores ao Pará, com uma participação que tem crescido nas compras da balança comercial. Em 2020, segundo dados fornecidos pelo Centro Internacional de Negócios (CIN), ligado à Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), a Rússia exportou ao Estado, em valores, US$ 79,5 milhões, número que passou para US$ 123,5 milhões em 2021, alta de 55,31% no período de um ano.

Mesmo com o crescimento, o Pará ainda não tem grande destaque no país e ocupa a 13ª posição entre os Estados que mais importam da Rússia, com apenas 2,17% do total comprado pelo Brasil daquele país. Os produtos são, principalmente, fertilizantes, cloridrato de potássio e outros relacionados com o agronegócio e indústria, que passaram a ser importados em maior quantidade no ano passado.

O Pará também exporta para o país. Em 2021, o valor das vendas foi de US$ 42,9 milhões, mas representou uma queda de 71,23% em relação a 2020, quando o resultado foi de quase US$ 150 milhões. Segundo a coordenadora do CIN, Cassandra Lobato, o principal produto vendido à Rússia é a soja, que, em 2021, respondeu por 99,84% do total. Além disso, também são vendidos sucos de frutas, alumina e castanha-do-Pará. O destaque, a soja, arrecadou ao Pará US$ 111 milhões em 2020, caindo para US$ 42 milhões em 2021, quase o total do que foi exportado na ocasião. Em relação a outros Estados do Brasil, ocupa o 8º lugar no comércio direto com a Rússia, colaborando com 2,71% do que é exportado pelo país.

“Sabemos que esse número pode aumentar. São Paulo tem 25%, Mato Grosso 16%, sendo que este último deve vender muita soja também e isso nós temos. Outros produtos locais seriam muito bem recebidos pelo país, sem falar na carne, que é um produto com valor agregado, seria uma imensa oportunidade de negócio. A Rússia é importante porque buscamos diversificar o mercado, tem potencial. A China não aparecia na balança e hoje é o principal comprador do Pará. É importante diversificar para aumentar a competitividade e diminuir o processo de risco”, avalia.

É justamente essa relação e o potencial de crescimento que podem ser abalados com o início da guerra entre o país governado por Vladimir Putin e a Ucrânia, especialmente com as sanções econômicas que os russos podem sofrer no plano econômico, como a suspensão de importações e exportações. 

Cassandra diz que o setor local defende alianças por meio do comércio exterior, e não conflitos, para que mais negociações sejam feitas entre o Brasil e a Rússia. “Precisamos fortalecer esses laços, até porque exportar mais vai equilibrar a balança com a Rússia e não ficaremos com saldo negativo, então é positivo para a economia local”, declara.

No entanto, caso haja algum tipo de sanção neste sentido, a coordenadora do CIN diz que a balança comercial paraense não terá, no geral, impactos tão grandes. Afinal, a China é a maior compradora e o produto mais exportado é o minério de ferro. “A Rússia tem potencial de ser cliente, lutamos pela diversificação de clientes e de produtos, então pode comprometer no sentido de ampliar negociação com outros países. Mas não atinge diretamente porque há outros países que compram mais”.

Agropecuária

Zootecnista, Guilherme Minssen, da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado do Pará (Faepa), diz que todo mercado é importante para a economia local. O agronegócio brasileiro, segundo ele, exporta para mais de 400 países, e o paraense para cerca de 250 destes. Porém, embora o mercado russo seja gigantesco, um ponto negativo da relação, segundo ele, é que paga valores menores que o da concorrência na maioria das vezes.

“Tem algumas plantas liberadas para vender carne, mas não tem tido muitos negócios devido ao preço que eles querem pagar, não fecha a conta”, afirma. Mas, ele diz que a relação é sólida. “A Rússia situa-se, tradicionalmente, entre os 15 maiores parceiros comerciais do Brasil. O intercâmbio bilateral em 2021 foi de US$ 7,3 bilhões. O comércio é complementar e concentrado na cadeia do agronegócio. Do lado brasileiro, soja, carnes, amendoim, café e açúcar são responsáveis por grande parte da pauta, enquanto a Rússia tem nos fertilizantes o principal produto de exportação para o Brasil. Há interesse em ampliar e diversificar o intercâmbio com produtos de maior valor agregado, consoante o nível de desenvolvimento das duas economias”, afirma.

Nesse sentido, para Guilherme uma guerra representa um problema muito sério para a dependência local de insumos básicos para a agricultura, como o potássio, que tem grandes jazidas na região. 

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Economia
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