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Pagamentos digitais se popularizam e dinheiro físico some em Belém; vídeo

O período de pandemia acelerou o processo de adesão ao dinheiro virtual e fez com que milhões de pessoas aderissem ao método

Igor Wilson

“Só PIX, só PIX, só PIX”, diz Wallace Monteiro ao ser questionado sobre a frequência com que utiliza dinheiro em espécie. O aposentado bem humorado prossegue, contando sobre as vezes em que seu neto Daniel pede moedas ou cédulas para seu cofrinho. “Pergunto pra ele se o porquinho aceita PIX, pois nem com moedas ando mais”, diz aos risos, mostrando a carteira vazia. O senhor de cabelos grisalhos e sorriso fácil representa um recorte cada vez mais representativo da realidade financeira do Brasil após a criação do sistema de pagamentos instantâneo, que se tornou o instrumento para transações financeiras mais utilizado do país, ultrapassando as transações por cartão de crédito ou débito, que durante tanto tempo foram as mais utilizadas.

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O PIX, que foi criado pelo Banco Central no final de 2020, atingiu 29% de todas as transações registradas em 2022, contra 16% em 2021; a tendência para este ano é um número bem maior. As informações foram divulgadas pelo Banco Central nesta quarta-feira (31) e confirmam o que se vê no cotidiano econômico da sociedade. O período de pandemia acelerou o processo de adesão ao dinheiro virtual e fez com que milhões de pessoas como o senhor Wallace, que até pouco tempo sequer pensavam em comprar ou pagar através de uma ferramenta digital, passassem a usar quase exclusivamente o método PIX. É a ‘bancarização’ das pessoas.

“Sem dúvida o desaparecimento do dinheiro físico é uma tendência consolidada com há poucos anos, com a criação de ferramentas como o PIX em todo o planeta. Facilita a vida, os negócios. Mas existe também o lado negativo, como tudo na vida. A pessoa quando adere ao dinheiro virtual fica vulnerável aos golpes. O uso da internet e o dinheiro estão interligados nesses sistemas como PIX. É fácil, mas todo mundo agora tem que ter uma conta, é a bancarização das pessoas. Essa interligações criam a vulnerabilidade do mercado financeiro diante de ações criminosas, é preciso criar mecanismos mais efetivos para combater isso”, explica Rosivaldo Batista, economista e professor em Economia de Mercado Financeiro.

Da feira ao supermercado, todos se adaptam

image Legenda (Edivânia Araújo só lembra do dinheiro físico quando precisa pagar a passagem de ônibus)

Com 29,2 bilhões de transações em 2022, o PIX também alcançou outro feito notável. Se tornou o segundo sistema de pagamentos instantâneo mais usado do planeta, divulgou o Banco Central (BC) no mês passado. A inédita inclusão de milhões de pessoas no pagamento virtual estimulou todos os setores da economia a investirem na estrutura necessária para lidar com desafios como falta de internet e de troco, os mais citados por comerciantes e estabelecimentos.

“Nós observamos que desde o pagamento do auxílio emergencial, durante a pandemia de covid, houve uma redução do pagamento em dinheiro em espécie. Foram feitos muito mais pagamentos via PIX e hoje, em algumas unidades, é a forma de pagamento mais utilizada. Pessoas que sempre pagavam em espécie, passaram a utilizar o aplicativo. Então fizemos mudanças para nos adaptar. Tivemos problemas no troco principalmente, passamos a trabalhar mais o fundo de caixa, guardando para não faltar troco para o cliente. Mas a realidade é a falta de dinheiro em espécie e nós já sabíamos disso, nosso sistema foi atualizado desde o início do PIX, quando investimos em uma rede wifi pensando nos clientes que estejam sem internet no momento. Funciona muito”, diz Andreia Monteiro, gerente administrativa de uma rede de supermercados de Belém.

Enquanto Andreia fala com a equipe de O Liberal, o fluxo de clientes segue ininterrupto. As máquinas estão preparadas. Boa parte dos clientes já chegam ao caixa com o celular nas mãos, pronto para passá-lo no leitor de QR-code e realizar o pagamento. “Vou pagar no PIX por favor”, Edivânia Araújo se antecipa à pergunta do caixa. Quando perguntada sobre o dinheiro físico, fala como se fosse algo distante, que de vez em quando aparece. “Eu só preciso de dinheiro em espécie quando vou pegar ônibus, o que muitas vezes me dá problema. Tenho que pedir para alguém trocar dinheiro por PIX. É só assim quando lembro de dinheiro em cédula, porque até o vendedor de pupunha da rua hoje aceita PIX”, diz.

Número do PIX

Desde 16 de novembro de 2020, data em que a ferramenta começou a funcionar no país, até o último dia 30 de setembro do ano passado, foram 26 bilhões de transações feitas no sistema financeiro nacional e a movimentação chegou a R$ 12,9 trilhões. Do total, mais de 9% das transações aconteceram na região Norte. São quase 150 milhões de usuários em todo país e 613 mil chaves criadas até o mês passado, números do Banco Central.

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