Novo salário mínimo tem impacto no consumo dos paraenses

Valor desde o dia 1º de janeiro passou de R$ 1.045 para R$ 1.100

Abílio Dantas
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O novo salário mínimo que entrou em vigor dia 1º de janeiro, de R$ 1.100, representando aumento de 5,26% em relação ao antigo valor (R$ 1.045), não trouxe crescimento significativo de poder de compra para os trabalhadores paraenses, de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PA). “Isto acontece devido ao percentual pequeno do seu reajuste e também porque, mesmo com a inflação dentro da meta, o preço de bens e serviços, inclusive a cesta básica, ainda continuam altos”, declara o órgão em boletim enviado à imprensa. Com o novo salário, o valor diário de trabalho do mínimo passou a ser de R$ 36,67 e o valor horário, R$ 5.

Para o reajuste determinado pelo governo federal, a equipe econômica utilizou uma previsão de alta de 5,22% para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que serve de base para a correção anual do salário. Na Medida Provisória 1.021/2020, que estabeleceu a mudança e foi publicada no Diário Oficial da União em 30 de dezembro, o governo argumentou que foi buscada uma solução para não prejudicar os trabalhadores. “Para que não houvesse perdas para os trabalhadores, utilizou-se o dado posteriormente divulgado do INPC para novembro, o qual não era disponível quando da produção da grade de parâmetros, referência para a PLOA-2021 [Projeto de Lei Orçamentário Anual]”, afirma o Executivo federal na exposição de motivos na medida provisória.

Dieese

Por outro lado, o Dieese demarca que, em consonância com a Constituição Federal, o salário mínimo deveria suprir as principais necessidades das famílias brasileiras, como os gastos com vestuário, habitação, transporte, educação, alimentação e lazer. Segundo o órgão de pesquisa, portanto, o salário constitucional deveria ser hoje em torno de R$ 5.289,53, bem distante do valor atual.

“A cada novo valor do salário mínimo, surgem algumas perguntas dentro deste processo. O que o novo salário mínimo vai mudar na vida dos paraenses? O que é possível adquirir com os R$ 55,00 a mais no novo salário? Matematicamente, a resposta mais precisa, é de que pouca coisa muda”, completa o Dieese.

Como exemplo, o órgão diz que o trabalhador assalariado poderá comprar, com o acréscimo: cerca de 15 passagens de ônibus urbanos em Belém, a R$ 3,60 cada; 6 quilos de frango resfriado ao custo médio de R$ 8,96 em supermercados na Grande Belém; cerca de 16 pacotes de macarrão ao custo médio de R$ 3,47 por pacote; cerca de 3 quilos do peixe Dourada ao custo médio de R$ 17,65 por quilo nos mercados e feiras livres; nove xícaras de cafezinhos expressos ao custo médio de R$ 6,00 e cerca de 8,5 dúzias de banana ao custo médio de R$ 6,62 por dúzia nas feiras ou supermercados.

Consumo

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista e dos Lojistas de Belém (Sindilojas Belém), Joy Colares, informa que o novo salário não influi diretamente no salário dos trabalhadores do comércio, já que a maioria dos funcionários já ganham acima de R$ 1.045. “Ele (o salário mínimo) serve apenas como referencial para nós para os trabalhadores que ganham o salário misto, que é o mínimo mais comissões. Somente se o trabalhador comissionado não tiver mais de R$ 55 de comissão, é que ele vai receber o salário mínimo no comércio”, diferencia.

Do ponto de vista do consumo, no entanto, o dirigente sindical afirma que a mudança deve significar um grande volume de vendas. “As prefeituras são quem mais paga salário mínimo hoje para o pessoal não qualificado. Então, embora seja pouco, parte desses R$ 55 irão para o consumo de bens, que é o que merece para o comércio nosso, que é o de varejo não alimentar”, afirma.

Gastos

Passageiros que chegavam e partiam do Terminal Rodoviário de Belém, na tarde desta segunda-feira, 4, também comentaram a medida governamental. O motorista Bruno Araújo Matias, morador de Tucuruí, pai de Bruno Kelvin, uma criança de seis anos com deficiência, reclamou do anúncio do governo.

Com o aumento do salário mínimo, todos os benefícios pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) nessa faixa, que é o caso de Bruno Kelvin, também foram automaticamente aumentados. “Mas esse salário atual também não é suficiente nem para os gastos que eu e minha esposa, Arliany Pereira, temos com transporte, já que às vezes temos que vir para Belém mais de uma vez no mês para o tratamento dele. Não é digno”, critica.

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