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Novo salário mínimo não mudará padrões de consumo no Pará, diz Fecomércio

Pesquisa do Dieese diz que valor adicionado irá para a compra de alimentos

Abílio Dantas

O novo salário mínimo, de R$ 1.045, com aumento de R$ 47 em comparação com o de 2019, não representa ganho real significativo do poder de compra dos trabalhadores brasileiros, de acordo com boletim do Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese-PA). O reajuste de 4,48% em relação ao salário constitucional de R$ 998, em vigor até dezembro do ano passado, apenas corrige a inflação verificada em 2019. Em 1º de janeiro deste ano, Bolsonaro passou o mínimo para R$ 1.039, mas estabeleceu novo valor nesta terça-feira (14), após constatar que a estimativa da inflação, que seria de 4,1%, estava incorreta. A decisão entra em vigor no dia 1º de fevereiro, via medida provisória do governo federal.

O Dieese afirma que o aumento de R$ 47 na renda mensal, para o trabalhador paraense, ainda não é suficiente para cumprir as obrigações do salário mínimo, segundo o estabelecido pela Constituição Federal, que diz que o dinheiro deveria garantir os direitos a vestuário, alimentação, transporte, educação e lazer, por exemplo. “Este salário constitucional deveria ser hoje, segundo estimativa também do Dieese, em torno de R$ 4.342,57. Bem longe, portanto, do valor do novo salário mínimo”, demarca o relatório do órgão de pesquisa.

No cotidiano do trabalhador assalariado que mora na Grande Belém, o reajuste representará, provavelmente, um incremento de algum item alimentício, afirma o supervisor técnico Everson Costa, do Dieese. “Não teremos mudanças significativas. Como exemplo, fizemos algumas estimativas. Com o acréscimo de R$ 47, no mês, a pessoa poderá comprar sete dúzias de banana, a preço médio de R$ 6,19; cerca de 11 pacotes de macarrão, ao custo médio de R$ 4,14 por pacote, e três quilos do peixe dourada, se o preço continuar em torno de R$ 14,2, por quilo, nos mercados e feiras livres. É claro que para a pessoa que vive com um salário mínimo, que é cerca de 40% dos trabalhadores do Pará, qualquer R$ 1 de aumento faz uma grande diferença”, analisa.

A assessora econômica da Federação do Comércio do Estado do Pará (Fecomércio-PA), Lúcia Cristina Andrade, também diz que não haverá mudança de padrão de consumo com o novo salário mínimo, pois o que se busca é apenas a manutenção da capacidade atual de compra. “Não é possível afirmar que haverá melhora para o comércio, pois não sabemos o quanto será revestido para as compras. Não podemos esquecer que o endividamento das famílias no Pará, segundo a última Pesquisa de Endividamento e Inadimplência (Peic), apontou que 62% dos consumidores estavam endividados e, destes, 23% inadimplentes. Logo, não é possível esperar que o aumento fará com que haja incremento no consumo”, analisa.

Aposentada pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Maria de Fátima Guilherme, moradora da Terra Firme, recebe um salário mínimo por mês, mas trabalha também como cabelereira para complementar a renda familiar. Ela acredita que os dois aumentos em tão pouco tempo representam “o caráter sensacionalista” do governo federal. “Só em remédio, atualmente, chego a gastar R$ 600, já que tenho diabetes. O governo deu esse outro aumento agora para que as pessoas pensem que eles se importam com a gente. Mas é óbvio que o governo sabe que com um salário mínimo assim é muito difícil que uma pessoa viva com dignidade”, reclama.

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