Novo reajuste dos combustíveis: gasolina em Belém aumenta cerca de R$ 0,20

Custo do litro do diesel ultrapassa valor cobrado pelo litro da gasolina, e deve passar a custar mais de R$ 8

Natália Mello

Com o novo aumento no preço dos combustíveis, anunciado pela Petrobrás na última sexta-feira (17), a gasolina comercializada nos postos na região metropolitana de Belém chega a ter um aumento de cerca de R$ 0,20 centavos – maior que a estimativa repassada pela estatal, de variação de até R$ 0,15. O custo do litro do diesel, por exemplo, deve passar dos R$ 8 em alguns postos, ultrapassando consideravelmente o valor cobrado pelo litro da gasolina, que deve ficar em torno de R$ 7,19 – neste caso, a variação esperada seria de R$ 0,63. O percentual de correção dos valores autorizado pela Petrobrás é de 14,26% para o diesel, e 5,18% para a gasolina.

Consumidores em Belém relataram, nesta segunda-feira (20), dificuldades para continuar se locomovendo utilizando o carro e mudanças na rotina para economizar. “Resta trabalhar mais para pagar gasolina para ir trabalhar mais de novo”, afirmou o professor primário, Leonardo Dias, de 25 anos.

“O aumento tem sido pesadíssimo. A cada dia que passa, a gente precisa trabalhar mais um pouco para ter renda e poder se manter. Tenho gasto R$ 50 diariamente. Imagina, cheguei a pagar R$ 6,80 na gasolina, agora está R$ 7,19. É um aumento gigantesco, e hoje em dia, inclusive, deixo de sair à noite de carro para lazer por não tem condições. Também passei a pagar gasolina no cartão, para poder trabalhar. Difícil”, reclamou Leonardo, que afirmava pagar R$ 6,95 pelo litro da gasolina há algumas semanas.

Rub Maia Rodrigues, de 56 anos, é motorista de aplicativo e gasta, por semana, uma média de R$ 400 de gasolina. O lucro, segundo ele, diminui a cada nova alta, e passa a ser de R$ 300 a cada sete dias. “Pagava R$ 7,09, agora está R$ 7,19. Tem sido difícil. Para pegar um passageiro, você pega trânsito, gasta combustível, mas tem que seguir a vida, né, tem que continuar trabalhando. Mas é difícil”, diz.

A servidora pública aposentada Maria José Sampaio conta que começou a se locomover mais a pé desde que iniciaram os aumentos constantes. “Esses aumentos impactam demais, porque muda a nossa rotina de gastos. Com a gasolina muito cara como está, eu comecei a andar mais a pé do que de carro, faço as coisas mais próximo de casa”, explica.

Osvaldo Miranda é dono de um posto localizado no bairro da Cidade Velha, em Belém. Há 29 anos no segmento, o empresário afirma estar vivendo um momento de dificuldade, como todos os brasileiros. No local onde vende combustível, a alta será de R$ 0,20. Ele relata, ainda, a dificuldade de manter um padrão de qualidade, quando se refere à competição com a concorrência.

“Você tem os postos que trabalham com seriedade e outros que trabalham sem padrão de qualidade, sem critério, sem banheiros, sem qualidade. A gente concorre com esses parasitas de mercado, são os postos de bandeira branca”, explica. “Isso é terrível para o cliente, que colocava 20 litros e agora coloca 15 litros, e assim sucessivamente. Vai chegar ao ponto que vai ter um preço que vai impedir que esse cliente tire o carro de casa. Aí imagina, uma cidade como Belém, que não tem transporte público de qualidade, com os ônibus sucateados, qual vai ser o meio alternativo utilizado?”, questiona.

Miranda diz reclama também do que considera um absurdo: o diesel hoje custar mais do que a gasolina. “Quando você viu diesel ser mais caro que a gasolina? Sendo que o diesel é um subproduto da gasolina? O que explica isso é a política. Temos uma capacidade de sermos autossuficientes em petróleo bruto e não temos capacidade de refino. As duas últimas décadas incentivamos a produzir novas refinarias, e hoje poderíamos ter essa autossuficiência em óleo bruto”, declarou.

Outro proprietário de posto de gasolina na capital paraense, Mário Chermont afirma que observou uma queda no movimento de clientes, o que ele considera natural logo após os aumentos. “Aumentamos a mesma proporção que foi autorizado. O diesel passou dos R$ 8, aumentou muito. Quando anuncia o aumento, muita gente abastece o carro e fica com gasolina no carro para rodar uma semana. Aí depois que começamos a recuperar”, pontua.

Mas Mário lamenta as dificuldades para obter mais folga na margem de lucro do negócio. “Nossa margem está muito pequena por conta da concorrência, quem menos ganha é a gente, e quem mais trabalha é a gente. O governo leva quase 30% de ICMS sem fazer nada, e a gente não ganha nem 10% na nossa margem de lucro”, finaliza.

 

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