Mercado para as fintechs está em alta
Serviços bancários e empréstimos podem ser oferecidos sem estrutura física

Em um mundo cada vez mais digital, a tecnologia tem se tornado aliada do ser humano, facilitando as relações interpessoais e profissionais, até mesmo no aspecto financeiro. É por isso que existem diversas instituições de finanças que atuam por meio das tecnologias, com o objetivo de dar mais vantagens aos seus clientes. Essas empresas são as chamadas "fintechs", empresas com modelo de negócio inovador, com potencial de causar impacto.
Essa modalidade tem ocupado posições de destaque no mercado financeiro – somente em Belém, no ano passado, segundo pesquisa de uma consultoria especializada em meios de pagamento, houve um aumento de 6% na utilização do serviço de cartão pré-pago, um dos muitos serviços oferecidos pelas fintechs. Os dados também mostram que 59% das compras feitas com o cartão ocorrem em sites e serviços online, enquanto 41% são feitas em lojas físicas. Entre as categorias de gastos mais comuns feitas pelo belenense estão supermercado (26%), alimentação (21%), entretenimento (7%) e roupa (7%).
Além disso, o perfil do cliente dos pré-pagos é bastante variado em Belém. Ele tem, em sua maioria, entre 26 e 35 anos, contabilizando 25% do total de usuários. A faixa etária dos 41 a 50 anos também é representativa, correspondendo a 31% da base. A pesquisa ainda apontou que uma pessoa na capital paraense gasta, em média, R$ 89 por mês com o cartão. De acordo com o CEO da empresa que comandou o levantamento, Davi Holanda, Belém tem grande relevância econômica, pois é onde o setor industrial do Estado se concentra. "O crescimento do cartão pré-pago aponta para uma tendência de simplificação na relação do brasileiro com o dinheiro", destaca.
Mesmo com esse crescimento, muitas pessoas não sabem o que esse termo significa e quais suas implicações. Conforme explica o especialista em ciência da computação, com foco em engenharia de software, Adailton Lima, as fintechs mais comuns são os bancos digitais, que não possuem agência física. "Criam-se contas digitais, com um processo parecido com de bancos comuns, mas com uso intensivo de tecnologia, para reduzir os custos, como a infraestrutura física de um prédio, que se reflete nas taxas pagas pelos cientes. Dessa forma, reduzindo custos, é possível oferecer contas sem juros e sem c o b r a n ç a pelas transações. Os preços são bem mais competitivos", disse.
Além de banco, outros serviços financeiros também ganham destaque, como o de empréstimo entre pessoas, e não a bancos. Geralmente, nas transações de empréstimos, as instituições financeiras calculam o risco e a inadimplência dos usuários. Com as fintechs, as ferramentas de análise desses fatores ficam acessíveis às pessoas físicas, que podem usar para empréstimo de valores a outras pessoas físicas.
Há também as fintechs de crédito consignado. Um dos exemplos, segundo Lima, são as empresas que encontram passagens baratas para os consumidores. "Em vez de vender diretamente pela companhia aérea, essa instituição buscam as pessoas que possuem milhas e calculam o melhor período para fazer determinada viagem. É um modelo diferente e mais barato”, comentou. Da mesma forma funciona o crédito consignado, já que as fintechs que atuam na área analisam o mercado e informam o investidor sobre qual banco possui mais benefícios, com análise financeira a um clique.
Uma modalidade que também tem alcançado grande espaço no mercado é das moedas digitais, sendo a mais famosa o bitcoin. Segundo o especialista, já existe um movimento mundial de diminuição da burocracia para a transferência e o reconhecimento de operações financeiras, e a tecnologia por trás do bitcoin já engloba outros serviços financeiros.
O empresário Antônio Correia, de 35 anos, com formação em ciência da computação, teve sucesso em meio às fintechs. A primeira vez que teve contato com a modalidade foi em 2017, em São Paulo. “Eu estava passando por sérios problemas financeiros em uma das minhas empresas, e não me conformava que nenhuma empresa fazia controle de vendas e de recebimento em cartões de crédito e débito. Acabei encontrando uma instituição por lá e conversei com a gerente. Além de contratar o serviço, decidi fechar uma parceria e implementar o trabalho em Belém”, contou o empresário.
Atualmente, Correia atua ao lado de alguns sócios distribuindo as soluções propostas pela instituição paulista. Também em sociedade, o empreendedor criou uma outra empresa, no início desde ano, para desmitificar finanças para pequenos e médios negócios. “Criamos uma inteligência artificial que conecta o consumidor com o seu banco e o sistema consegue dar recomendações com base no extrato bancário. Por exemplo, se ele entende que a sua despesa com alimentação extrapolou, ele vai dar recomendações para que você gaste menos nos outros meses ou no restante do mesmo mês”, disse. Para o empresário, o mercado das fintechs está em expansão, principalmente porque a educação financeira ainda é um problema. Quanto aos riscos, o especialista Adailton Lima disse que o maior obstáculo é saber a seriedade da empresa por trás das ações, se há um Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) e se há regulamentação. “Em qualquer caso há o risco de estelionato”, alertou. Em compensação, ele acredita que é possível encontrar muitas orientações sobre a atuação de cada empresa pela internet.
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