Leite está 21% mais caro nas padarias e supermercados de Belém, aponta Dieese
Segundo pesquisa, o preço médio do litro de leite saltou de R$ 7,76 para R$ 8,54 entre maio e junho.

Uma pesquisa divulgada nesta terça-feira (23/7) pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese Pará) revela que, no primeiro semestre deste ano, o leite líquido, normalmente vendido em embalagens de 1 litro, está 21,31% mais caro nas prateleiras das padarias e supermercados de Belém.
De acordo com o Dieese Pará, o preço médio do litro de leite, que em dezembro de 2023 era de R$ 7,04, caiu para R$ 6,58 em janeiro de 2024. No entanto, em maio, o valor subiu para R$ 7,76 e, em junho, saltou para R$ 8,54, representando um aumento de 10,05% em relação ao mês anterior. O reajuste supera a inflação registrada pelo INPC/IBGE para os mesmos períodos.
Maricelene Pires, de 70 anos, diz que percebeu o aumento. Ela, que prefere o leite líquido por ser “mais prático”, diz que consome uma caixa a cada dois dias. “Eu senti bastante esse aumento, principalmente em junho. Em casa, normalmente uma caixa dá para duas pessoas, mas a cada dois dias já tem que comprar outra. É só fazer as contas do quanto pesa no bolso”, diz.
Consumidores buscam estratégias para economizar
Para tentar economizar e não abrir mão do item, ela conta que adota a estratégia de sempre procurar promoções e buscar itens mais próximos do prazo de validade. “Quando está próximo de vencer, normalmente fazem promoções, que é pra sair logo, mas presto bastante atenção na validade”, diz, acrescentando que prefere o semi-desnatado por ser mais barato, mas evita marcas que considera muito “aguadas”.
A empregada doméstica Matilde Pinheiro, de 53 anos, também diz que o aumento no preço do leite tem impactado nas despesas, apesar de preferir o leite em pó por achar mais “vantajoso”. “Em casa, apenas minhas filhas consomem leite, e costumava comprar sete pacotes (200g) por mês, agora compro cinco. Aumentou”, diz Matilde. Para ela, “para quem tem um salário fixo, cada centavo faz diferença”.
Belém tem a terceira maior alta no preço
Entre as razões para o aumento, o estudo aponta que a menor oferta de leite no campo está elevando os preços no varejo. Como resultado deste cenário, a Pesquisa Nacional do Dieese, aponta que o preço do leite subiu em 15 das 17 capitais pesquisadas, com variações entre 2,80% em Natal e 12,46% em Goiânia. Belém teve a terceira maior alta entre os meses de maio e junho, com 10,05%.
Diretor da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa) e zootecnista, Guilherme Minssen explica que “a menor produção de leite desde o final de abril é decorrente das fortes chuvas que atingiram a região Sul do país, onde estão localizadas as principais fazendas leiteiras”. No Pará, segundo ele, o leite se destaca pelo que é produzido na bubalinocultura.
No comparativo nacional de janeiro a junho, Belém ocupa a quarta posição no aumento do preço do leite, atrás de Porto Alegre (25,82%), Campo Grande (22,43%) e Curitiba (21,84%). Segundo o Dieese, esse “aumento acentuado” reflete uma tendência nacional de elevação nos preços dos alimentos básicos, superando e muito a inflação medida pelo INPC, que foi de apenas 2,68% no mesmo período.
Preços médios do leite comercializado em padarias e supermercados de Belém:
Jun/24: R$ 8,54
Mai/24: R$ 7,76
Jan/24: R$ 6,58
Dez/23: R$ 7,04
Variação de Preços
Variação no mês (Jun/24 vs. Mai/24): +10,05%
Variação no 1º semestre de 2024: +21%
Inflação Medida pelo INPC/IBGE
No mês (Jun/24): +0,25%
1º semestre de 2024: +2,68%
Variações registradas no preço nas capitais pesquisadas pelo Dieese no 1º semestre de 2024:
Porto Alegre: +25,82%
Campo Grande: +22,43%
Curitiba: +21,84%
Belém: +21,31%
Florianópolis: +20,81%
Belo Horizonte: +17,38%
Goiânia: +16,07%
Brasília: +13,45%
Rio de Janeiro: +12,32%
Vitória: +11,18%
São Paulo: +10,58%
Aracaju: +10,23%
Salvador: +5,52%
Fortaleza: +4,03%
João Pessoa: +1,74%
Natal: -0,17%
Recife: -1,75%
Fonte: Dieese Pará
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