Internet facilita casos de golpes financeiros; saiba como se proteger

Usuários devem ter cuidados com redes sociais, links suspeitos e não devem compartilhar dados pessoais

Elisa Vaz

O uso constante da internet para ​acessar o sistema financeiro pode facilitar a execução de golpes e, embora seja uma facilitadora, a ferramenta também pode expor os usuários a mais crimes. O Tribunal de Justiça do Pará (TJPA) informou à redação do Grupo Liberal que 2.174 processos envolvendo estelionato no Pará ingressaram no sistema entre janeiro e setembro deste ano. O número já ultrapassa o que foi registrado em todo o ano de 2021, quando os casos somaram 1.880. A reportagem também solicitou informações à Secretaria de Estado de Segurança Pública (Segup) desde a semana passada, mas não obteve retorno.

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Apesar de o número ser referente a casos de estelionato em geral, não apenas na internet, o economista Valfredo de Farias acredita que o ambiente online ajude os golpistas. "Existem pessoas que não são muito informadas, como idosos, e têm facilidade de ser ludibriadas pelos golpistas, por meio de link que chega por mensagem e a pessoa acaba clicando. Os golpistas chegam dizendo que o usuário tem dinheiro disponível na conta ou que a conta foi fraudada e vai perder o recurso se não clicar no link, eles se aproveitam da internet para dar golpes. A maioria dos golpes que temos no sistema financeiro vem da internet", afirma.

Na opinião do profissional, o aumento no número de golpes no Pará também pode ter relação com a situação financeira da população. A crise vivenciada no Brasil nos últimos anos, segundo Valfredo, fez com que muitas pessoas enfrentem dificuldades, o que gera vontade de "ganhar dinheiro fácil". "Há uma tendência a cair em golpes. Tem um do bitcoin, em que o criminoso prometia que, se você aportasse um valor, ele pagaria 10% de rentabilidade. Ele foi preso, mas outros aplicam o mesmo golpe. Tem gente oferecendo 15% de rentabilidade, e as pessoas gananciosas e pouco informadas tendem a embarcar nesse tipo de golpe porque querem facilidade e dinheiro fácil. Hoje não existe nada de forma legal que renda 5% ao mês, a não ser uma aplicação muito ousada e arriscada na Bolsa de Valores. Se alguém chegar prometendo 10% de rentabilidade como se fosse poupança pode saber que é golpe".

As redes sociais também podem ser facilitadores de estelionatos - ultimamente, golpistas passaram a hackear contas pessoais e executaram esquemas para extrair dinheiro dos usuários. A maquiadora Elizandra Raiol, de 27 anos, caiu em um golpe desse tipo em dezembro do ano passado, quando a modalidade ainda não era tão conhecida em Belém. Em uma rede social, ela viu uma pessoa fazer publicações mostrando alguns móveis que estava, supostamente, vendendo. O preço era acessível porque ela iria mudar de apartamento.

image Elizandra continua usando o PIX após cair em golpe, mas agora tem mais cuidado. (Filipe Bispo / O Liberal)

"Foi uma história muito boa e eu acreditei. Aí mandei mensagem dizendo que queria e perguntei como seria a entrega. Ela falou que poderia usar o caminhão da mudança e que iria deixar comigo. Eu confiei porque realmente parecia uma história verdadeira e eu conhecia ela. Quis pagar logo para reservar e ela combinou comigo de entregar. Uma ou duas horas depois comecei a ver as pessoas postando que a conta dela havia sido hackeada e fui na delegacia, mas como a de crimes virtuais tinha trocado de lugar, fiz um Boletim de Ocorrência (BO) virtual. Não consegui recuperar nada. Mandei mensagem para o banco, mas o pagamento foi por PIX, instantâneo, se eles sacarem na hora não tem jeito", lembra. A maquiadora perdeu R$ 700.

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Antes disso, Elizandra nunca havia caído em um golpe. "Meu erro foi porque estava muito barato e eram coisas que queria comprar para a minha casa, então agi por impulso e transferi logo para ela não vender", relata. Mesmo percebendo que o PIX do destinatário estava no nome de um homem e a vendedora era uma mulher, a vítima não desconfiou do golpe: pensou que fosse o nome do marido ou sogro da conhecida. Esta foi a última vez que Elizandra passou por algo desse tipo. Desde então, ela conta que tem ficado mais esperta e sempre desconfia quando vê alguma atividade desse tipo. Continua usando o PIX, agora tem mais cuidado na hora de fazer uma transferência.

Orientações

A primeira dica do economista Valfredo de Farias para que os usuários da internet não caiam em golpes financeiros é que eles não cliquem em nenhum link sem procedência. Ele diz que, dificilmente, uma instituição financeira séria vai enviar alguma informação ao cliente por meio de link sem antes comunicar via e-mail ou telefone, e mesmo que comunique sempre é bom ligar para a empresa e procurar saber da veracidade. Em segundo lugar, ele recomenda não passar dados como Cadastro de Pessoa Física (CPF) ou nome completo para ninguém e sempre desconfiar quando isso for solicitado.

"Além disso, sempre que o usuário buscar alguma forma de crédito, como empréstimo ou consórcio, deve verificar o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) da empresa em questão. Isso é muito fácil, basta ir no Google e digitar, depois apertar em reclamações. Você vai ter uma infinidade de postagens e mensagens se a empresa não for idônea. Então uma dica fundamental antes de fechar qualquer negócio é isso. Especificamente nas redes sociais, onde tem muito golpe, sonde, veja quem está vendendo e desconfie. Tem que ver se o produto não está muito barato porque isso é indicativo de golpe. Tem muita gente querendo comprar coisa barata e cai em golpe", orienta.

Elizandra também segue algumas regras agora. Antes de transferir alguma quantia, por exemplo, ela verifica a chave PIX, o nome da pessoa que vai receber e qual a instituição, para não cair em novo golpe. "Uma coisa que aprendi é que ninguém dá as coisas a preço de banana. Acontece, mas é muito raro e em casos em que a pessoa precisa pagar algo. No geral, dinheiro fácil não existe", ensina. A maquiadora também afirma que o golpe dos móveis já está ultrapassado e que, a cada dia, os criminosos criam novas modalidades com o intuito de fazer vítimas. "Tenha sempre cuidado, pergunte, quando vir algo estranho fale com alguém próximo para saber se é a pessoa mesmo que está vendendo, e quando for transferir peça uma chave PIX com o nome da pessoa", finaliza Elizandra.

Confira dicas de prevenção contra golpes digitais:

Golpe da falsa Central de Atendimento: O fraudador entra em contato com a vítima se passando por um falso funcionário do banco ou empresa com a qual ela tem um relacionamento ativa, informa que sua conta foi invadida, clonada ou outro problema e solicita dados pessoais e financeiros da vítima.
Como evitar: Se receber esse tipo de contato, desconfie na hora. Desligue e entre em contato com a instituição por meio dos canais oficiais para saber se algo aconteceu mesmo com sua conta. O banco nunca liga para o cliente pedindo senha ou número do cartão.

Golpe no WhatsApp: Os golpistas descobrem o número do celular e o nome da vítima de quem pretendem clonar a conta de WhatsApp, tentam cadastrar os dados nos aparelhos deles e enviam uma mensagem pelo WhatsApp fingindo ser do Serviço de Atendimento ao Cliente do site de vendas ou da empresa em que a vítima tem cadastro solicitando código de segurança. Eles conseguem replicar a conta em outro celular, têm acesso a todo o histórico de conversas e contatos e enviam mensagens passando-se pela pessoa e pedindo dinheiro emprestado.
Como evitar: Proteja o seu WhatsApp de invasões e clonagens ativando a “Confirmação em Duas Etapas”. Dessa forma, você diminui a chance de golpistas roubarem seu número. Nunca compartilhe o código de segurança. E caso receba mensagens de parentes ou conhecidos pedindo dinheiro emprestado, confirme a identidade.

Golpe do link falso/phishing: Ofertas muito atrativas chegam por e-mail ou redes sociais como iscas para que os usuários informem seus dados, como número de CPF, conta, cartões e senhas. Essas mensagens também podem instalar vírus e aplicativos que roubam seus dados por meio de links maliciosos, permitindo os golpistas acessarem todas as suas contas.
Como evitar: Desconfie de mensagens que você não pediu ou aprovou, e de ofertas em que o desconto é tentador demais. Fique atento ao e-mail do remetente, empresas de grande porte não utilizam contas privadas como @gmail, @hotmail ou @terra e entidades públicas sempre usam @gov.br ou @org.br. Em caso de links, se tiver dúvida, não clique.

Golpe com boletos: Os fraudadores apostam na desatenção dos pagadores para aplicar golpes. Golpistas estão sempre em busca de novas formas de se aproveitar dos consumidores e causar prejuízos, substituindo ou alterando boletos recebidos através de e-mail ou por correio, contendo dados de compras efetuadas ou mensalidades.

Como evitar: Quando for pagar o boleto, confira os dados do beneficiário, tais como CPF ou CNPJ do emissor, data de vencimento, valor, além do nome e número do CPF ou CNPJ do pagador. É muito importante checar se o nome que aparece como emissor do boleto confere com a empresa que você deseja realizar o pagamento.

Roubos de dados armazenados no celular: O fraudador entra em contato com a vítima se passando por um falso funcionário do banco e usa várias abordagens para enganar o cliente, dizendo que vai enviar um link para a instalação de um aplicativo que irá solucionar o problema. Se o cliente instalar o aplicativo, o criminoso terá acesso a todos os dados que estão no celular.
Como evitar: Não salve senhas em bloco de notas, elimine o histórico de mensagens no celular que contém senhas, não armazene fotos do cartão no celular, não compartilhe sua senha com terceiros, crie senhas fortes e não repita em outros apps. Também use o bloqueio de tela inicial, biometria facial/digital para acessar o celular e os apps e ative o bloqueio de tela.

Fonte: Febraban

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