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‘Há condição para cortar juro’, diz Paulo Guedes

Para o ministro da Economia, a deflação registrada em setembro mostra que a economia do país está começando a crescer

Por Daniela Amorim - AE

A maior oferta de alimentos e promoções de eletrodomésticos feitas pelo comércio varejista derrubaram os preços na economia em setembro, o que deflagrou revisões para baixo nas projeções para a inflação e aumento nas apostas de cortes mais agressivos na taxa básica de juros, a Selic, hoje em 5,5% ao ano.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou uma deflação de 0,04%, o menor resultado para o mês desde 1998, segundo IBGE. O desempenho surpreendeu analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Projeções Broadcast, que estimavam uma inflação de 0,02% no mês.

Após o resultado, de 37 instituições consultadas, pelo menos 27 reduziram as expectativas para o IPCA este ano. Para 2019, a mediana ficou em 3,30% - abaixo da taxa de 3,42% registrada pelo último Boletim Focus, do Banco Central. "Como o crescimento permanece fraco e a inflação bem abaixo da meta, aumentam os riscos de que o BC corte a Selic além da nossa previsão de 4,75% para o final do ano", alertou o Bank of America Merrill Lynch, em relatório. A equipe do UBS Brasil alterou ontem mesmo a previsão. "O cenário de inflação mais baixa nos levou a revisar para baixo a projeção para a Selic no fim de 2019 de 4,75% para 4,5%."

Em evento em São Paulo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que viu a deflação de forma positiva. "Inflação baixa mostra que o Brasil tem condições de baixar juros", disse. "O que está acontecendo é que a economia está começando a crescer com inflação baixa."

A inflação mais baixa neste ano também deve reter o IPCA de 2020, já que os preços indexados, como os dos remédios, por exemplo, sofrerão reajustes menores. "No ano que vem não vai ter aceleração na inflação. Então existe espaço para redução dos juros e reforça nossa aposta de 4,5% ao fim do ciclo de cortes", afirma Fábio Romão, economista da LCA Consultores.

Para Alex Agostini, economista-chefe da agência de classificação de risco Austin Rating, única casa a acertar a projeção para o IPCA de setembro dos 52 consultadas pelo Projeções Broadcast, a deflação de setembro é sintoma de uma economia fraca e deprimida. "Esse dado confirma que a economia passa por um problema ainda crítico de recuperação econômica, por mais que alguns indicadores em um mês ou outro mostrem uma alta."

A taxa acumulada do IPCA em 12 meses desceu a 2,89%, próximo ao piso (2,75%) da meta de 4,25% perseguida pelo BC.

Na avaliação de Pedro Kislanov, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE, o IPCA está em patamar confortável, sem sinais de pressão de demanda, o que inibe eventuais repasses de aumentos de custos. "O setor de serviços, por exemplo, tem ficado em patamar baixo, porque ele responde muito à questão de demanda. A gente nota a economia ainda em recuperação, de forma lenta e gradual, com retomada do emprego."

Os preços dos alimentos foram os maiores responsáveis pela deflação de setembro. Os adquiridos em supermercados, para consumo no domicílio, sustentam quedas de preços há cinco meses. Em setembro, o IBGE argumentou que havia oferta elevada, sobretudo, de tubérculos e legumes. O tomate ficou 16,17% mais barato, contribuindo para reduzir a inflação em 0,04 ponto porcentual. "Nos alimentos, você tem um cenário climático bem favorável internamente e mesmo lá fora. A safra está ajudando. E a alimentação fora do domicílio tem o componente serviço, que tem tido pouco espaço para reajuste", explicou Fábio Romão, da LCA.

A campanha Semana do Brasil, iniciativa para emplacar no calendário varejista um novo período de liquidações, como a Black Friday, também motivou uma redução de preços de bens duráveis no comércio em setembro, especialmente de eletrodomésticos e equipamentos (-2,26%) e aparelhos de TV, som e informática (-0,90%).

Para outubro, o IPCA deve ser aliviado pela mudança na bandeira tarifária sobre a tarifa de energia elétrica, que passa de vermelha patamar 1 para amarela: a cobrança extra sobre as contas de luz diminuem de R$ 4,00 para R$ 3,50 a cada 100 kW/h consumidos. Por outro lado, deve haver pressão do reajuste na gasolina nas refinarias anunciado pela Petrobrás ao fim de setembro.

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Economia
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