CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

Estado perde quase R$ 41 milhões pagando benefícios a falecidos

No total, mais de 1.008 pessoas recebiam pensões e aposentadorias de forma indevida

Elisa Vaz
fonte

O governo do Estado perdeu quase R$ 41 milhões com o pagamento de benefícios a segurados do Instituto de Gestão Previdenciária do Estado do Pará (Igeprev) que já haviam falecido, entre civis e militares. Em auditoria realizada pelo órgão desde maio, foram identificados e cancelados, até o momento, 1.008 benefícios que estavam sendo pagos de forma indevida e geraram prejuízos aos cofres estaduais.

Desses mais de mil pagamentos cancelados pelo Igeprev, 588 eram referentes a aposentadorias e 420 a pensões. Na primeira etapa da auditoria, concluída em junho, foram identificados 877 beneficiários indevidos. A primeira lista foi publicada no Diário Oficial do Estado, na edição do dia 28 de julho, e continha 340 segurados, que, juntos, receberam R$ 18,3 milhões do governo do Pará. Já a segunda tabela, disponível na edição do dia seguinte, 29 de julho, do Diário Oficial, mostrava mais 537 beneficiários, que geraram prejuízo de R$ 19,8 milhões à administração estadual.

Fora esses R$ 38,2 milhões gastos com os pagamentos identificados na primeira etapa da investigação, uma nova lista foi divulgada no dia 1º de outubro. Foram mais 131 segurados que tiveram seus benefícios cancelados – juntos, eles receberam o montante de R$ 2,6 milhões ao longo dos últimos anos. Esta informação consta no Diário Oficial e, segundo o Igeprev, é referente à segunda etapa da auditoria realizada pelo órgão. A investigação seguirá até maio de 2022.

O presidente do Igeprev, Giussepp Mendes, afirma que os benefícios investigados são referentes ao intervalo entre 2010 e 2020. “A auditoria está sendo feita agora porque observamos uma divergência de recebimentos na folha de pagamento. Fizemos o comparativo no Sistema Informatizado de Óbitos (Sisobi) para verificar as situações, primeiro com 10 a 15 pessoas, e vimos que nossas dúvidas se confirmavam. Então começamos o levantamento em 2019, analisando processo a processo, e já chegamos a um número muito alto. Além desses benefícios, também suspendemos pagamento de abono de 2.013 militares, que vinham recebendo de maneira indevida”, diz.

O órgão já está na terceira fase da investigação, mas, como faltam poucos nomes, o presidente não espera que o número total até aqui cresça muito. Os que já foram identificados já estão sendo cobrados judicialmente. “Vamos identificar quem recebeu agora, de forma indevida, e será feita uma correção dos valores, para corrigir e buscar ressarcimento. Temos expectativas positivas, mas não depende mais da gente, agora é com a Justiça”.

Os nomes dos beneficiários não foram divulgados pelo Igeprev, e nas listas só constam os números das matrículas desses segurados. No caso de um deles, que era um militar reformado, foram liberados mais de meio milhão de reais após a sua morte, que ocorreu na data de 11 de novembro do ano passado. O valor do benefício era de R$ 64.182,60. Outro recebia há mais tempo: ele faleceu no dia 10 de abril de 2015 e, mesmo após a morte, ainda recebeu R$ 1,6 milhão do governo do Pará. O benefício era de pensão de segurado ativo da Polícia Militar (PM).

Advogado especialista em direito previdenciário, Fábio Rocha afirma que, se houver configuração de má fé, deve-se distribuir ação indenizatória e criminal. Caberia neste caso, um processo criminal de estelionato, previsto no artigo 171 do Código Penal, que é um crime patrimonial que inclui fraude. Neste tipo penal, o meio usado pelo autor é o engano. Também há o estelionato previdenciário, que é um crime contra a Previdência Social e prevê o aumento da pena, de um a cinco anos, em um terço, se for cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência.

Caso não se configure a má fé e a pessoa recebeu os valores por erro do Igeprev, Fábio diz que a natureza do custo a título de benefícios previdenciários é alimentar, portanto, o Estado teria dificuldade em ser ressarcido. “Em muitos casos e a depender do valor, o Estado pode ganhar a ação, mas a parte ré não ter condições de ressarcir a fazenda pública”, argumenta.

Para Giussepp Mendes, a importância de realizar essa fiscalização é ter de volta os valores perdidos, além de fazer com que o Estado tenha mais organização, já que o modelo de pagamento será mudado. O Igeprev vem treinando e certificando os servidores da área de folha acerca do compliance público, para evitar esse tipo de atividade de manutenção.

 

Veja os números levantados pela auditoria do Igeprev

Total de recursos perdidos: 40.910.654,38

Segurados: 1.008, sendo 420 pensões e 588 aposentadorias

Primeira etapa:

Fase 1: 340 segurados, somando montante de R$ 18.322.219,31

Fase 2: 537 segurados, somando montante de R$ 19.891.102,13

Segunda etapa:

131 segurados, somando montante de R$ 2.697.332,94

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Economia
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM ECONOMIA

MAIS LIDAS EM ECONOMIA