Entressafra do açaí: reajuste do litro chega a 12,5% em Belém

De acordo com batedores do fruto, o paneiro adquirido na Feira do Ver-o-Peso tem encarecido nos últimos dias. A queda na qualidade do produto também contribui para a subida no preço repassado ao consumidor.

Gabriel da Mota
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A entressafra do açaí, período de menor oferta do produto, está impactando o comércio do fruto na capital paraense. Nesta segunda-feira (15), a reportagem de O Liberal foi até a Feira da 25, no bairro do Marco, para verificar o preço médio do açaí. De acordo com os vendedores, o valor do litro precisou ser reajustado a partir de hoje por conta da escassez do fruto na Feira do Ver-o-Peso. O açaí do tipo “popular” subiu de R$ 16 para R$ 18; o “médio” também foi reajustado em dois reais, passando de R$ 20 para R$ 22. O litro do “grosso” já chegou aos R$ 30.

O proprietário de um dos pontos de venda na Feira da 25, Leoclides Andrade, informou que desde sábado (13), está enfrentando dificuldades para encontrar açaí de qualidade no Ver-o-Peso. “Deu aquela chuva o dia inteiro, e quando chove muito, há muito vento também nos açaizais, e os caroços de açaí que já estão muito maduros, passam a cair. Então o dono de açaizal passa a ter prejuízo, os caroços começam a se perder, e por isso, a quantidade de caroço que vem para Belém é insuficiente para atender toda a clientela”, explica o comerciante.

“O açaí é uma coisa que não pode faltar em Belém do Pará” - Leoclides Andrade, proprietário de ponto de açaí 

Leoclides afirma que, até semana passada, estava comprando o paneiro de açaí a R$ 50. Hoje, ele encontrou o cesto pelo dobro do preço. “Os clientes sempre reclamam e com razão, porque o custo de vida hoje está muito caro. O poder aquisitivo das pessoas vai só diminuindo. Mas o açaí, você sabe, é um dos alimentos principais no Pará. O pessoal precisa se alimentar de açaí, como também ele sustenta milhares de famílias, porque gera emprego”, avalia Leoclides Andrade.

image Fila de consumidores era para comprar o açaí "popular", na manhã desta segunda-feira (15), na Feira da 25 (Foto: Thiago Gomes | O Liberal)

Na Feira da 25, por volta do meio-dia, o movimento de clientes se concentrava no ponto de Lays Sampaio. A maioria das pessoas procurava pelo açaí do tipo “popular”, vendido a R$ 18, o litro. A nova placa foi colocada hoje, por cima da antiga, que anunciava o mesmo produto a R$ 16. “As principais dificuldades desse período são a falta do produto e a pouca qualidade dos que a gente encontra”, comenta Lays sobre a entressafra. Até semana passada, a empreendedora encontrava o paneiro a R$ 75; hoje, precisou desembolsar R$ 110 pela mesma quantidade de açaí, cuja qualidade está caindo, segundo ela. 

“Tenho colegas de profissão que não têm o dinheiro pra chegar na feira [do Ver-o-Peso] e comprar, porque dobrou o valor investido” - Lays Sampaio, 35 anos, proprietária de ponto de açaí 

Natural de Igarapé-Miri, município referência na produção de açaí no estado do Pará, o aposentado Raimundo Souza, 72 anos, compra açaí todos os dias para a família. “Eu não tomo açaí, quem toma é a minha esposa e o pessoal de casa, de manhã, de tarde e de noite”, informou. Com um litro do “popular” em mãos, seu Raimundo já está acostumado com a alta de preços que marca o início do ano. “ De janeiro em diante, começa o inverno, a diminuir a quantidade de açaí e aumentar o preço. Mas é isso mesmo. Eu continuo comprando pra eles [família], independentemente do preço, todo dia. O açaí é um alimento especial”, conclui o aposentado.

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