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Cremação de pets, serviço oferecido em Belém, dá dignidade aos animais e conforta tutores

Custo pode variar de R$ 140 a quase R$ 1.000, dependendo do porte e dos serviços incluídos, como urna e velório.

Elisa Vaz

Os animais domésticos conquistaram um espaço de muita importância na vida de seus tutores. Se antes viviam apenas nos quintais e áreas externas, agora ocupam a casa e ganham até as próprias camas e os brinquedos.

Com o tempo, famílias passaram a ter um membro de quatro patas - é assim que eles são vistos: como parte do núcleo familiar, não apenas como seres de estimação. São tratados com a dignidade e o respeito que qualquer outro membro merece e, no momento de sua partida, recebem homenagens e têm sua memória honrada pela “família humana” que deixam para trás.

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Com a mudança de comportamento em relação aos pets, surgem também novas demandas no mercado, e há mais de uma década Belém conta com um serviço especializado na cremação de animais domésticos. Trata-se da empresa AnjoPet, crematório que oferece aos pets o amor e cuidado que eles merecem na hora da despedida.

O administrador e sócio da empresa, Daniel Medeiros, de 30 anos, conta que, ao criar o crematório, a ideia era dar um destino digno aos pets quando morressem. Na época, como a cidade não tinha serviços desse tipo, os tutores enfrentavam dificuldades na hora do falecimento de seus companheiros – agora não precisam lidar com as questões burocráticas, porque a empresa se responsabiliza por todos os trâmites.

“Esse serviço é, sem dúvida, muito importante para as famílias que passam pela dor da perda. Sabemos que, atualmente, os pets são verdadeiros companheiros e membros das famílias, aquela ideia de cachorro que vive somente no quintal já passou, hoje os pets convivem diretamente conosco e fazem parte da rotina e do ambiente familiar, como um parente. Então, a possibilidade de contar com um serviço especializado na hora do luto faz toda a diferença, para que, além da dor da perda, as pessoas não precisem ainda ter outras preocupações relacionadas ao que fazer com o corpinho naquele momento”, explica Daniel.

image Com o objetivo de dar um destino digno aos pets quando morressem, Daniel Medeiros, de 30 anos, fundou há 10 anos primeiro crematório de animais em Belém. (Cristino Martins / O Liberal)

O AnjoPet oferece serviços de cremação individual, coletiva e compartilhada. Há serviços mais básicos, para famílias que não têm interesse na devolução das cinzas e que desejam somente dar um destino adequado e digno ao seu pet, e também serviços mais exclusivos, com opção de devolução das cinzas em uma urna e demais itens do memorial.

São atendidos animais de pequeno porte em geral, como cães, gatos e roedores de qualquer tamanho e raça. Só não estão incluídos animais de grande porte como equinos e bovinos, por exemplo. Quanto aos custos do serviço, variam de acordo com o tipo de procedimento de cremação escolhido e o peso do pet, de R$ 140 a R$ 950.

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Em Belém, a cremação de pets é uma prática relativamente nova, mas o administrador considera essa a destinação mais correta nesse tipo de situação, pois não emite nenhum poluente e as cinzas são um material inerte que não oferece riscos ao meio ambiente.

“Ao decidir enterrar um pet, a família pode estar correndo riscos que nem imagina. Por exemplo, se o pet faleceu com alguma doença infecto-contagiosa, o agente pode adentrar no solo ou na região, contaminando a água local e sendo ainda mais fácil de transmitir doenças: toxoplasmose, raiva e leptospirose são exemplos”, alerta.

Memória

A empresa ainda oferece o serviço de remoção, que, na opinião de Daniel, traz conforto e tranquilidade às famílias no momento da despedida. A empresa se encarrega do transporte do pet, seja da residência ou da clínica veterinária, com todo cuidado e respeito ao corpo do animal falecido, em veículos preparados e exclusivos para essa finalidade.

Além da remoção, também há serviços de urnas, pingentes em resina, moldes e até mesmo velórios presenciais. “Acreditamos que essas opções de serviço ajudam as famílias a superar o luto e encarar o momento de forma mais leve, com a possibilidade de eternizar memórias e lembranças do seu companheiro”.

Honrar a vida de sua parceira de quatro patas foi a escolha feita pela psicóloga Cláudia Bacellar, de 55 anos. A cachorra e também membro da família, Shakira, tinha 16 anos de idade e deixou os tutores em outubro de 2021. “Era uma husky e já estava bem idosinha. Apesar de ainda ter qualidade de vida relativa, estava com muitos problemas de saúde. Procurei a empresa para fazer a cotação de preços antes porque sabia que, em algum momento, ela ia nos deixar”, lembra.

image Como a companheira de quatro patas já estava vivendo "sem dignidade", Cláudia tomou a decisão de sacrificar Shakira - para ela, a mais difícil de sua vida. (Ivan Duarte / O Liberal)

Para Cláudia, a decisão mais difícil de sua vida foi sacrificar Shakira, mas, segundo ela, a “filha pet” já estava vivendo sem dignidade. “Meu marido chegava em casa e ela estava caída na chuva, não tinha forças para se levantar, de madrugada eu levantava para tirá-la do chão porque ela chorava, se defecava e urinava onde estivesse, então tive que tomar essa decisão. Procurei a empresa e eles me indicaram o veterinário para fazer esse serviço, ele veio aqui em casa, e também contratei todo o processo de remoção”.

A facilidade oferecida no momento de luto ajudou muito a tutora. Ela disse que a postura de todos os trabalhadores é de muito respeito. “O senhor que veio buscar o corpo chegou aqui em casa e me viu muito desestabilizada. Optar pelo sacrifício não é nada fácil, ele teve uma atitude de muito respeito”, conta.

Cláudia ainda lembra que o corpo de Shakira foi removido da melhor forma possível, com identificação e dentro de um saco plástico próprio para remoções. Dessa forma, ela pode se preocupar mais com o sofrimento e menos com a parte burocrática.

A escolha de cremar a companheira se deu pelos fatores de risco que enterrar animais pode trazer. Embora seja algo cultural manter os corpos de pets falecidos no quintal de casa, por exemplo, Cláudia teve medo de que isso contaminasse o solo e a saúde de sua família.

Além disso, a psicóloga queria manter por perto as cinzas de Shakira e dar outro fim para sua história. Ela ainda não teve coragem de se desfazer da urna, é uma decisão que está tomando devagar, mas espera um dia espalhar as cinzas em um local onde a cachorra gostava de brincar ou passear.

O valor não pesou na hora da opção por cremar a companheira de 16 anos - Cláudia só queria oferecer o melhor para o animal. Ela optou por um serviço um pouco mais caro que o básico, mas diz que não foi nada surreal e que ficou dentro do seu orçamento.

“Independente do valor, queria dar o melhor para ela, não foi algo irreal para o meu padrão de vida, eu trabalho, então não foi impossível. É acessível porque você encontra valores variados de urnas. Comprei uma mais cara, mas quem não pode encontra vários preços. Não vejo o lado comercial, vejo o lado humano”, afirma.

Hoje a psicóloca também cria joias afetivas para o AnjoPet. “Tenho um carinho imense por eles, que me acolheram, e tenho essa parceria há quase dois anos. Um pouquinho antes de eu tomar decisão de sacrificar a Shakira, tinha começado a fazer essa joias, eu já sabia que em algum momento ela ia nos deixar”.

Perda

Quem também enfrentou uma partida recente foi a publicitária Amanda Leal, de 28 anos. O seu pet, Romeu, que faria 10 anos em maio, faleceu no mês de março deste ano e também foi cremado. “O Romeu chegou na nossa família em 2013 e ia fazer 10 anos agora em maio. Ele sempre teve vários problemas de saúde e precisou fazer um procedimento que levava anestesia geral e, por conta das comorbidades, acabou não resistindo”, lamenta.

Diferente de Cláudia, a tutora do poodle não chegou a pesquisar serviços antes, mas já conhecia o trabalho de cremação, que foi indicado no hospital onde ele faleceu. "Escolhemos essa opção por ser uma forma digna de nos despedirmos dele, e facilita para as famílias de pets que não têm local para enterrar, como sítio ou quintal. Optamos por que eles mesmos jogassem as cinzas no espaço, que parece um sítio”.

A remoção do corpo de Romeu foi feita diretamente na clínica onde ele estava, após a família ter seu momento de despedida, e, para Amanda, esse processo facilitou muito durante o período de dificuldade. Os preços não tiveram tanta importância para a publicitária, afinal, os pacotes têm diferentes valores, a depender da condição financeira de cada família. “Achei uma forma muito carinhosa de eternizar a memória do Romeu, que foi muito importante para a nossa família”, ressalta a tutora.

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