Comércio de Belém mantém ritmo estável; lojistas projetam alta nas vendas com círio e COP 30
Datas importantes como o Dia das Crianças e o Círio de Nazaré prometem dobrar as vendas dos lojistas no segundo semestre

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o comércio varejista brasileiro apresentou uma leve queda de 0,1% nas vendas no mês de julho. O resultado é considerado estável, sendo junho o terceiro mês seguido sem crescimento, mas o setor ainda acumula alta de quase 2% no primeiro semestre de 2025. Na capital paraense, lojistas relatam cenário semelhante, porém projetam crescimento expressivo para os próximos meses, impulsionado por datas festivas e pela realização da COP 30 em Belém, que deve atrair um grande público para a cidade.
Segundo Muzaffar Said, diretor do Sindicato do Comércio Varejista e dos Lojistas de Belém (Sindlojas), o movimento nas lojas da cidade variou bastante no primeiro semestre. "Alguns setores ficaram estáveis, outros melhoraram, como o ramo de moda praia. Esse movimento foi causado pelas férias escolares que, apesar de curtas, ajudaram nas vendas de praia e volta às aulas".
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Daniel Ribeiro, proprietário de uma loja de roupas localizada no comércio, em Belém, explica que a movimentação presencial teve uma queda discreta, mas ações digitais e vendas no atacado garantiram fôlego ao negócio. “Presencialmente, está um pouco mais devagar, mas compensamos com campanhas de marketing, Instagram e WhatsApp. Além disso, como somos fabricantes e atendemos clientes de todo o Brasil, conseguimos manter o faturamento estável”, afirma.
Com a chegada da COP 30, a projeção do empresário é otimista. “Nossa expectativa é triplicar as vendas em outubro e quadruplicar entre novembro e dezembro. Já estamos treinando nossa equipe para atender clientes estrangeiros, inclusive com vendedoras bilíngues”, completa Daniel.
Setor eletrônico já sente aquecimento
No segmento de eletrônicos, a vendedora Jennifer Silva afirma que julho e agosto apresentaram bons resultados. "As férias movimentaram bastante as nossas vendas, principalmente com vendas de caixas de som e carregadores. Acreditamos que a COP 30 vai ampliar ainda mais esse cenário”, destaca.
Evento deve gerar impacto histórico
Muzaffar destaca que a COP 30 em Belém trará um movimento significativo para a cidade, especialmente em novembro, com a expectativa de ter 50 mil visitantes na capital. "Nós esperamos, como lojistas, um grande movimento no comércio e no shopping, porque o centro comercial, pela sua beleza arquitetônica e histórica, atrai muitos turistas, atrai muitas pessoas que vêm de fora para conhecer. Então tudo isso será um reflexo para um movimento grande causado pelo evento COP30. Então a expectativa é grande, os empresários se preparando para isso, para que esse grande movimento tenha expectativa. Uma expectativa boa, mas também preparados para atendê-la".
Comércio em Belém mantém otimismo, segundo CDL
Lojistas da capital paraense avaliam que o semestre foi positivo, impulsionado principalmente pela geração de empregos em áreas como construção civil e serviços, setores que já vêm sendo movimentados pela preparação para a COP 30, marcada para novembro.
“Mesmo diante da queda apontada pelo IBGE, Belém viveu um cenário positivo frente ao nacional”, afirma Edson Nogueira, gerente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belém (CDL). “A COP 30 impactou diretamente no consumo e já vem se refletindo no comércio local”, pontua.
Para os próximos meses, o otimismo é ainda maior. O calendário tradicionalmente forte para o varejo, com eventos como o Círio de Nazaré, o pagamento do 13º salário e as festas de fim de ano, ganha em 2025 um reforço extra: a chegada de milhares de visitantes para acompanhar a conferência climática. A projeção é de que a circulação de turistas e delegações aqueça não apenas hotéis e restaurantes, mas também lojas de moda, artesanato e produtos regionais.
“A COP 30 é um forte catalisador de pessoas. Quem vem para o evento também busca entretenimento e experiências que representem a nossa identidade, como culinária, passeios e artesanato”, avalia Nogueira.
O dirigente pondera, no entanto, que o comércio ainda não está plenamente preparado para atender à demanda que se aproxima. Entre os desafios citados estão o alto custo do crédito, a necessidade de qualificação em idiomas, o aprimoramento da comunicação digital e a valorização dos produtos regionais.
Segundo ele, ainda faltam investimentos mais consistentes por parte dos empresários, mas há tempo para reverter esse quadro. “O comércio precisa acreditar, investir e se preparar mais”, reforça.
Potencial de crescimento
A expectativa da CDL é de que Belém registre um crescimento expressivo nas vendas até dezembro, sustentado pelo fluxo de turistas e pelo aquecimento natural do segundo semestre. Para os lojistas, a COP 30 representa não apenas uma oportunidade imediata de negócios, mas também a chance de consolidar a imagem da cidade como destino de compras e experiências culturais.
Com esse horizonte, o setor varejista paraense se mobiliza entre otimismo e cautela, na tentativa de transformar o maior evento climático do mundo em um marco para a economia local.
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