Comer fora de casa ficou mais caro em Belém; alta foi de 2,77%

Valor do prato executivo foi o que mais puxou o aumento. Prato popular também subiu

Elisa Vaz

O custo da alimentação fora do domicílio teve alta de 2,77% em 2020 na capital paraense, em comparação com o preço encontrado no ano anterior. Segundo pesquisa da Associação Brasileira de Benefícios ao Trabalhador (ABBT), o preço médio passou de R$ 32,44 para R$ 33,34 no período.

Entre os tipos de alimentação analisadas pela pesquisa, o que mais puxou a alta foi o prato executivo, que teve alta de 17,69% entre 2019 e 2020, passando de R$ 47,71 para R$ 56,15. Além dele, o autosserviço (self service) ou quilo também ficaram mais caros. No ano passado, os consumidores pagaram uma média de R$ 35,52 por este tipo de prato, contra os R$ 34,40 pagos um ano antes, o que representa um reajuste de 3,25%.

Muito popular nos restaurantes, o prato feito (PF) também ficou mais caro, com alta de 9,73%, de acordo com o estudo. Em 2019, a média de preço era R$ 24,45, e passou para R$ 26,83 no ano passado. A única forma de alimentação que ficou mais barata, pelo levantamento, foi à la carte, que passou de uma média de R$ 54,77 em 2019 para R$ 44,03 em 2020.

Como explica o assessor jurídico do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado do Pará (SHRB-PA), Fernando Soares, o reajuste de preços está pautado, principalmente, no aumento dos insumos que compõem os pratos que são vendidos.

“Quando você tem um cenário normal, a rotatividade faz com que você consiga manter o preço relativamente estável. O problema é que o momento é atípico. Você não tem o público que normalmente teria se estivesse funcionando como sempre. Você está trabalhando de uma maneira atípica, porque é basicamente delivery, isso faz com que você seja forçado a repassar esse aumento de imediato para o consumidor para manter seu negócio”, diz.

Para ele, a pandemia contribuiu para que a alta ocorresse de forma mais rápida, já que a atipicidade do momento faz com que os restaurantes percam público, volume de vendas, capacidade de administrar valores e comprar em quantidade, o que encarece a elaboração do prato.

Segundo Fernando, o aumento de preços de cardápio, geralmente, é feito anualmente para igualar com a alta dos insumos e da inflação. Mas, mesmo com os preços de supermercado tendo crescido nos últimos meses, as empresas vinham tentando manter um preço de cardápio estável. Isso porque, se o empresário aumenta seus valores, perde clientes. E, em época de pandemia, é preciso concorrer no mercado com preço competitivo.

“Chegou um ponto em que realmente não tem como segurar, porque estamos vivendo um momento de restrições. Você não tem público, mas tem a luz, o gás, os salários, impostos, contribuições sociais, aluguel. O custo fixo, em regra, não mudou. Então, ou você aumenta alguma coisa para fazer frente às despesas e recuperar alguma coisa, ou não vai sobreviver, porque com os insumos caros você nem consegue manter o seu negócio”, afirma o especialista.

Quanto à queda da alimentação à la carte, Fernando acredita que tenha ocorrido por conta da concorrência do mercado, que está maior, principalmente no delivery. De acordo com ele, algumas empresas, tradicionalmente, operam por meio das entregas há muitos anos. De repente, com a pandemia, o nicho de mercado foi invadido, e empresas que nunca fizeram delivery passaram a fazer. Com isso, é preciso que as empresas ofereçam valores atrativos para fazer vendas e manter os clientes.

Empresários fizeram reajustes

Nonato Meireles, de 58 anos, é dono de um restaurante de prestação de serviço de buffet. Na área há 20 anos, o empresário tem o novo negócio há um ano e meio, mas houve uma pausa e o empreendimento voltou a funcionar em outubro de 2020, já em pandemia e com medidas de segurança.

"O buffet parou integralmente, todos os eventos cancelados. Comecei então a vender refeições diárias e depois recebi o convite para entrar como sócio na reabertura do Paraensíssimo Restô. A adaptação é constante, as plataformas de delivery têm uma alta taxa de retenção para o serviço de entrega, que para negócios como o nosso é um problema, porque trabalhamos com as margens de valores repassados ao cliente o mais justo possível, para não encarecer muito o cardápio. Mas, é inivitavel não estar nas plataformas de delivery", comenta.

Logo no terceiro mês de reabertura, houve reajuste de preços no local. Segundo Nonato, isso ocorreu porque os valores dos produtos aumentaram muito, como carne, frango e camarão. O cardápio à la carte sofreu reajuste de, aproximadamente, 8%.

Diretor do hotel e restaurante, em Belém, Daniel Fiorentini está entre as pessoas que precisaram reajustar os preços da alimentação. Segundo ele, o último aumento ocorreu no final do ano passado e foi em torno de 10%, em função da alta no preço dos insumos. O tipo de alimentação oferecida no local é à la carte.

"Isso é algo cíclico. Todo fim de ano, geralmente, reajustamos os valores, até para acompanhar a inflação. Também neste período observamos muitas altas na carne, peixe, tem o bacalhau, que é muito consumido no fim do ano. Mas os valores no hotel tendem a ser de 10 a 15% superiores à média de restaurantes, porque temos uma estrutura maior, com mais funcionários, mais carga tributária", explica.

Alimentação fora do lar em Belém

2019

Preço médio: R$ 32,44

Comercial/prato feito: R$ 24,45

Autosserviço/quilo: R$ 34,40

Prato executivo: R$ 47,71

À la carte: R$ 54,77

2020

Preço médio: R$ 33,34

Comercial/prato feito: R$ 26,83

Autosserviço/quilo: R$ 35,52

Prato executivo: R$ 56,15

À la carte: R$ 44,03

Variação:

Preço médio: 2,77%

Comercial/prato feito: 9,73%

Autosserviço/quilo: 3,25%

Prato executivo: 17,69%

À la carte: -19,60%.

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