Censo Imobiliário aponta aumento tímido nas vendas de imóveis no primeiro trimestre de 2023

Comparado com o último trimestre de 2022, o aumento foi de apenas 2% em Belém e Ananindeua

Daleth Oliveira
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O 20° Censo Imobiliário de Belém e Ananindeua, divulgado pelo Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Pará (Sinduscon-PA), aponta que de janeiro a março deste ano, 566 unidades de imóveis foram vendidas, demonstrando uma queda de 8,7% em relação ao mesmo período do ano passado, que foi de 872 unidades. No entanto, se compararmos o último trimestre de 2022 ao último período analisado, as vendas subiram 2%.

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De acordo com o Sinduscon-PA, atualmente um projeto do segmento econômico em Belém leva de um a dois anos para ser aprovado, enquanto que em Ananideua a aprovação ocorre em seis meses.

Apesar do tímido aumento do final do ano passado para este ano, o presidente da entidade, Alex Carvalho, afirma que ainda não é possível falar em retomada da economia.

“Se formos comparar os números atuais do primeiro trimestre de 2022 com o quarto trimestre, já tivemos surpreendentemente uma elevação no volume de vendas. Mesmo considerando uma melhoria como motivo de celebração, nós sabemos que esse número precisa ser validado para que possamos de fato termos mais segurança quando nós aferirmos os dados do segundo trimestre de 2023. Aí sim poderemos entender se é de fato uma retomada do crescimento ou se foi um número momentâneo em função de alguma disponibilidade de oferta, algumas condições especiais ou até mesmo um lançamento de novos empreendimentos que foram atrativos, dessa forma veremos esse impacto positivo no resultado”, analisa Carvalho.

Em relação à queda comparada com o mesmo período de 2022, o presidente defende que os dados são “sensíveis em função de um mercado imobiliário limitado por uma série de circunstâncias que impedem com que Belém e Ananindeua tenham um desempenho muito mais robusto”.

“A queda no número de vendas pode ser explicada de fato pela conjuntura econômica, na qual ainda se mantém uma instabilidade e a insegurança do comprador. Isso afetou o nosso resultado neste primeiro trimestre. Paralelamente podemos considerar que a manutenção alta da taxa de juros, a dificuldade de acesso, os seus agentes financeiros, por conta dessa instabilidade, restringiram muito a oferta de crédito, o financiamento imobiliário que é um dos grandes modelos de compra da casa própria. A junção desses fatores acabou trazendo o resultado obtido no primeiro trimestre deste ano”, argumenta.

O corretor de imóveis de Belém, Carlos Netto, relembra que há um ano o cenário para compra e venda de moradias era diferente, o que explica a mudança no comportamento dos compradores.

“Ano passado, a taxa de juros para financiar um imóvel era menor do que a atual e por isso existia uma facilidade maior de compra, haja vista que a maioria das aquisições de imóveis são através de financiamento. Outro fator determinante é a incerteza por conta da mudança de governo e historicamente falando, sempre quando há mudança a sociedade observa mais antes de fazer um investimento tão grande e longo”, afirma Netto.

No período analisado, o lançamento de imóveis seguiu o ritmo de aumento. No início deste ano, foram 168 unidades lançadas. Segundo o Sinduscon, a maior demanda hoje é para construção de moradias voltadas ao interesse social, o que corresponde a um mercado de 50% imobiliário.

Expectativa

Para o presidente do sindicato, ainda não há uma expectativa positiva de retomada do mercado, porém, ainda não se pode ter uma visão pessimista do que pode acontecer nos próximos meses.

“Claramente, o nosso mercado vive um momento de estabilidade, mas vive em momentos de apreensão ao mesmo tempo. Não há ainda uma movimentação de novos lançamentos, isso é um pouco preocupante, porque pode sim gerar um descompasso entre disponibilidade de novos lançamentos, e a falta de produtos implica em aumento de preços”, justifica Carvalho.

Ele defende que é necessário focar na cidade de Belém, pois a capital paraense tem “um potencial de crescimento e tem um mercado reprimido por conta de seus regramentos urbanos”.

“Com as recentes notícias de Belém sediar a COP em 2025, vem aí um impacto positivo, pois isso certamente contribuirá para o impulsionamento do mercado, um desenvolvimento bastante. Lembrando também que há uma expectativa em relação à algumas medidas de âmbito nacional que tange a economia, o arcabouço fiscal, o andamento do projeto de reforma tributária, há de se ter um cenário mais favorável. O que se espera é que essa tendência de crescimento se concretize no ano de 2023”, finaliza.

Apesar do cenário descrito pelo sindicato, o corretor de imóveis Carlos Netto está mais otimista. “A expectativa é que as vendas aumentem, pois ainda existe um grande déficit habitacional não só em Belém mas no Brasil todo e nesse ano não teremos eleições para desviar as atenções”.

“Outro ponto que é importante destacar é uma consequência da pandemia. Anteriormente, o imóvel residencial era sinônimo apenas de moradia e hoje ele também é útil para diversão e trabalho. Não é à toa que os novos condomínios vem trazendo áreas de lazer cada vez mais completas e um dos itens indispensáveis é o coworking. Acredito que a procura será maior para os imóveis em construção e na planta, pois o índice de reajuste dos imóveis nessa categoria, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), está em queda”, finaliza.

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