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Basa é convidado pelo Banco Central para integrar o Real Digital

Presidente do Banco da Amazônia fala sobre como manter a instituição competitiva e cumprindo papel de fomentador regional

O Liberal
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O Banco da Amazônia (Basa) foi convidado pelo Banco Central (BC) para ser um dos bancos a participar do Real Digital, moeda que está sendo desenvolvida pelo BC para entrar em vigor a partir de 2024. A revelação é do presidente do Basa, Valdecir José de Souza Tose. Em entrevista ao Grupo Liberal, Tose falou do presente e do futuro de instituições fomentadoras de desenvolvimento regional e destacou a importância da sustentabilidade para o banco: "Todo projeto que entra no Banco da Amazônia passa por uma análise socioambiental, com mais de 15 indicadores verificados. Além disso, o Basa, segundo o gestor, tem uma política de responsabilidade socioambiental e climática que impede financiamentos a empreendimentos poluentes, como empresas que geram energia a partir de óleo diesel ou desmatamentos.

Valdecir Tose nasceu em Nova Venécia, Espírito Santo, tem 47 anos e é formado em ciências contábeis pela Universidade Federal de Rondônia. Ele tem pós-graduação em direito tributário, administração estratégica e MBA em negócios financeiros. Tose trabalha no Basa há 26 anos e mora em Belém desde 2008.

O gestor destaca os resultados financeiros da instituição, que foram recordes no último ano. "Atingimos 13,8 bilhões em liberação de crédito para a região Norte, Mato Grosso e Maranhão, toda a região amazônica. Tivemos 1,1 bilhão de resultado líquido", afirmou.

De acordo com ele, além dos números expressivos, é importante destacar o impacto das ações do banco. "No ano passado, a gente bateu recorde de aplicação em Pronaf [Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar], foram mais de R$ 700 milhões de financiamento em agricultura familiar, foram mais de R$ 700 milhões de financiamentos para micro e pequenas empresas, foram R$ 260 milhões de financiamentos para MPO (Microcrédito Produtivo Orientado)", explicou.

Segundo o presidente do Basa, todos os números do banco foram extremamente positivos em relação à missão na região. "Então, os resultados financeiros do banco revelam que o banco está com uma estrutura sólida, com muito bons resultados e com um futuro propício para o crescimento da instituição e, consequentemente, da sua missão na região", enumerou Tose.

União é acionista majoritária do banco da Amazônia

Questionado sobre a relação do Banco da Amazônia com o governo federal atual, Tose afirmou que a instituição sempre se adaptou às prioridades e tendências dos governos de cada época em seus 80 anos. "Até porque o banco, apesar de ter free float no mercado, é uma empresa de mercado aberto, mas, majoritariamente, a acionista é a União", explicou ele. 

Segundo o presidente do Basa, a instituição tem conversado com o governo para saber as prioridades do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO) e tende a continuar o modelo atual de pulverização do crédito e repasse do crédito para algumas entidades. "Isso é importante para atingir o maior volume e número dos pequenos produtores, dos pequenos empreendedores. Então, esse é o foco do banco, que deve continuar para os próximos anos", concluiu Tose.

O presidente do Banco da Amazônia também falou sobre meio ambiente e destacou que a sustentabilidade é um dos valores fundamentais para o banco. Segundo ele, antes de aprovar qualquer projeto, é realizada uma análise socioambiental rigorosa. "Todos os projetos, independentemente do tamanho, são verificados em mais de 15 indicadores, desde trabalho escravo até desmatamento irregular. Se alguma questão relacionada a isso for identificada, o crédito é negado até que a situação seja regularizada", afirmou Tose.

O presidente do Basa explicou ainda que o banco possui um FNO Verde, que é destinado a empreendimentos que possuem fatores socioambientais diferenciados, como uso de energia solar, reaproveitamento da água, cuidado com os recipientes de agrotóxicos e utilização reduzida de agrotóxicos. "Isso é um incentivo que o banco dá também", disse Tose.

Além disso, o banco criou uma linha de pecuária verde para trabalhar na transição econômica da pecuária, uma atividade tradicional, para uma atividade mais sustentável. Tose ressaltou que a mudança climática é uma realidade e que o banco tem uma política de responsabilidade socioambiental e climática, o que significa que não financia empreendimentos que são poluentes, com  geração de energia com utilização de óleo diesel ou o desmatamento, por exemplo.

"O banco tem políticas voltadas para essa questão climática, olhando para a parte da água e do cuidado com o meio ambiente. Já adotamos essa política e a tendência é de que isso se fortaleça", afirmou Tose. O gestor acrescentou ainda que o Basa deve criar uma nova linha de crédito para atender povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos, em parceria com o Ministério dos Povos Originários, para proporcionar inclusão e condições para enfrentar esse período de transição e evitar que a mudança climática seja ainda mais agressiva.

Infraestrutura influencia na qualidade do financiamento 

O Basa trabalha principalmente com o setor privado, segundo o gestor, priorizando as pequenas empresas, a agricultura familiar, as micro e pequenas empresas, projetos de infraestrutura, geração de energia, internet, ferrovias e rodovias, que são importantes para a competitividade da região. 

“Não adianta financiar o catador de castanha, se essa castanha, para sair de sua região, não tem transporte adequado, não tem internet para oferecer esse produto. Portanto, temos que conciliar esses projetos do agro com a infraestrutura”, explica. 

Sobre a concorrência com outros bancos, o presidente do Basa destacou que o banco é líder de mercado no desenvolvimento e fomento na região da Amazônia. “Portanto, há realmente a entrada de alguns outros bancos, mas muitos bancos privados vêm para a região para captar recursos, para obter os recursos daqui. Mas quando vemos a aplicação de bancos privados na agricultura, na bioeconomia da região, ela é muito baixa.” Segundo Tose, esses bancos vem em um “processo de discurso de investimento, mas a efetividade, no final, infelizmente, não é significativa”. De qualquer forma, Tose explica que o Basa leva em conta a concorrência e “tem linhas de crédito, tem competitividade, tem procurado remover a burocracia que normalmente estava alinhada para trazer resultados para o banco e para a região”.

image Basa passa por processo de inovação (Igor Mota/ Arquivo O Liberal)

Nesse processo de se adaptar às demandas do tempo, Valdecir Tose explica que o banco tem um processo de inovação forte. “O banco tem todas as atividades de um banco comercial, tem o mobile bank, tem todas as modalidades que um banco comercial tem. Além disso, o banco tem um simulador do FNO. É um aplicativo para que as pessoas possam simular FNO, verificar como estão as parcelas, os juros, as condições. E temos também o Basa Digital, que é um novo projeto do banco que visa levar à população o Basa e as linhas de crédito do FNO, que são linhas de incentivo normalmente consideradas burocráticas, de uma maneira fácil, dentro de um smartphone”, explicou.

“Assim, dentro do smartphone, hoje já temos as linhas de custeio para a agricultura familiar e também de investimento para o microcrédito rural. E agora também inserimos o MPO digital, que é o MPO voltado para os empreendedores informais da cidade. A intenção agora, até o final do ano, é colocar o investimento do Pronaf para todo o público. E também um projeto de energia verde, que é a energia solar para pessoas físicas dentro do smartphone”, adiantou.

Quanto a criptomoedas, Valdecir Tose explica que o Basa tem conversado com o Banco Central. “O BC tem o projeto do Real Digital. Eles contataram o Banco da Amazônia para ser um dos bancos a participar do projeto. E o Basa tem uma grande intenção de participar desse projeto, de transformar o processo de crédito dentro do Real Digital, não atuar diretamente com criptomoedas, mas, sim, criptomoedas do Banco Central, que seria o Real Digital.”

Transformações estão em andamento

Para o presidente do Basa, nos bancos, talvez o setor das finanças tenha sido o que mais evoluiu e o que mais transformou a sociedade. “Vemos os bancos se tornando cada vez mais digitais. O próprio Banco Amazonas está mudando, transformando suas agências mais em escritórios de negócios. Tirando a parte do numerário, do dinheiro físico das agências. Porque é um risco para os clientes, é um risco para os colaboradores do banco, e transformando em agências de escritório, modelos nos quais você vai lá para ser assessorado, para fazer negócios, para fazer seu negócio ser bem-sucedido por meio dos recursos e linhas do FNO e do Banco da Amazônia”, explicou.

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Resultados serão apresentados em teleconferência nesta segunda-feira, às 11h

Tose explica ainda que essas transformações ainda estão em curso. “Estamos falando de open banking, open finance, o que vai dar muito mais poder ao consumidor. O consumidor vai ter a varinha mágica para decidir para quem vai dar informações e se essas informações vão reduzir taxas, tarifas e criar melhores condições competitivas para o consumidor. Portanto, é uma mudança que está acontecendo, que está se propagando, mas que vai ser muito intensa no mercado financeiro daqui para a frente”, disse o presidente do Basa.

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