Bandeiras vermelha ou amarela até final do ano preocupam setor produtivo, diz economista em Belém
Nélio Bordalo destaca que aumento na conta de luz também pressiona orçamento familiar
Em Belém, o economista Nélio Bordalo, observa que a decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), anunciada nesta quarta-feira (18/9), de manter a cobrança adicional na tarifa de energia elétrica até o final do ano, em decorrência da seca prolongada, levanta preocupações para o setor produtivo e para os consumidores paraenses, em geral.
"A energia elétrica, além de ser um insumo indispensável, é um dos mais onerosos na estrutura de custos das empresas, especialmente em estados como o Pará", destacou Bordalo, que é conselheiro do Conselho Regional de Economia dos Pará e Amapá (Corecon PA/AP).
Ele assinalou que a economia paraense “tem forte dependência de atividades intensivas em energia, como mineração, indústria e agronegócio. A manutenção das bandeiras tarifárias em vermelho ou, no cenário mais otimista, amarelo, significa que o custo da energia continuará elevado. Isso pode gerar uma espiral inflacionária em diversos setores”.
Energia mais cara pode gerar escalada de preços, diz economista
"A energia elétrica está diretamente relacionada à produção, distribuição e comercialização de bens e serviços. Setores que já sofrem com a alta dos insumos e dificuldades logísticas podem repassar esses custos adicionais para o consumidor final, pressionando ainda mais a inflação.
Além disso, há o impacto sobre as pequenas e médias empresas, afirma Bordalo, que muitas vezes têm margens de lucro menores e menos capacidade de absorver aumentos de custos.
“Para os consumidores paraenses, esse cenário representa uma sobrecarga no orçamento familiar. Em um estado que já enfrenta altos índices de desigualdade social e desafios econômicos, o aumento contínuo na conta de luz pode ter efeitos devastadores sobre o poder de compra das famílias, especialmente daquelas de baixa renda", avalia o economista.
Bandeiras devem oscilar entre vermelha e amarela nos próximos três meses, afirma diretor da Aneel
Nesta quarta-feira (18/9), o diretor Sandoval Feitosa, da Aneel, explicou que a bandeira tarifária é ativada para cobrir os custos futuros do sistema no mês seguinte, e considera diversas variáveis complexas. Ele mencionou, por exemplo, que o saldo da Conta Bandeiras, atualmente em torno de R$ 9 bilhões, poderá ajudar a mitigar parte dos custos adicionais decorrentes da geração térmica nos próximos meses, o que pode amenizar o impacto das bandeiras tarifárias sobre os consumidores.
Atualmente, o nível médio dos reservatórios das hidrelétricas está próximo de 50%, o que proporciona certa tranquilidade até o final do período seco. Mas, Feitosa demonstrou preocupação com o eventual atraso da chegada das chuvas ou que elas sejam insuficientes para abastecer os reservatórios.
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