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Prestes a completar um ano, 'Pix' cai no gosto dos paraenses

Mais de um bilhão de transações já foram feitas desde o lançamento da plataforma do Banco Central

Eduardo Laviano

O Pix completa um ano de operação no próximo dia 16, com um crescimento 639% em quantidade de usuários neste primeiro ano desde que foi lançado: eram 13,7 milhões de pessoas físicas em novembro de 2020 utilizando a ferramenta.

Em setembro deste ano, já era 101,3 milhões. A região Norte do Brasil é a que tem menos usuários na plataforma, respondendo por 8,8% do total em setembro de 2021.

O número, porém, representa um aumento em relação ao mês de novembro de 2020, que era de 6,9%.

Criado pelo Banco Central, o Pix surgiu para preencher uma lacuna antiga da vida financeira nacional: a de transferência bancária instantânea e disponível 24 horas por dia, sete dias por semana e sem custos para pessoas físicas.

A demanda reprimida está expressa nos números da ferramenta: em 350 dias de operação, 330,8 milhões de chaves foram cadastradas, 1,04 bilhão de transações, 559 milhões de reais transferidos e 7,6 milhões de empresas que aderiram o Pix nos pagamentos. 

"Utilizo o Pix numa frequência bem diária mesmo porque facilita muito a nossa vida, principalmente com aquelas pessoas que a gente já tem um convívio maior, já tem a chave e a gente só vai fazendo o pagamento. E também a questão do troco, né? Facilitou muito a nossa vida em relação a moeda, fração. Meu maior uso disparado é nos aplicativos de transporte privado e entrega de comida", conta a fisioterapeuta Fabiane Laís.

Por outro lado, ela sente que gasta muito mais dinheiro depois que a ferramenta foi lançada, especialmente por conta das compras online, que viveram um ápice ao longo da pandemia.

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O estudante André Otero concorda. Ele conta que no começo gastou muito porque a praticidade incentiva o consumo imediato, mas agora se policia mais por que tem analisado com mais calma a fatura do banco sempre que pode. 

Ele também usa muito o Pix e explica o motivo: o celular está sempre no bolso. "É perfeito. Tem a segurança também. Evita de andar com uma determinada quantia [em papel] no bolso, na mochila. Evita de, devido a insegurança da cidade, tu seres assaltado. E se por ventura alguém pegar teu celular, vai precisar da tua senha. Onde aceita Pix eu estou comprando. Tu falas que vai pagar com o Pix e abrem até um sorriso", diz. 

André e Fabiane nunca foram vítimas de nenhum golpe via Pix, Por conta de diversos golpes e crimes de falsidade ideológica registrados no último ano envolvendo o Pix, o Banco Central optou por limitar as transações a R$ 1.000 no período da noite.

O objetivo é reduzir situações de risco, e a medida vale para Pix, TED, DOC, transferências entre bancos, boleto e cartão de débito. Mediante pedido e autorização prévia, algumas contas podem receber Pix com valores superiores aos R$ 1.000 determinados como limite para o horário das 20h às 6h.

Além disso, transações suspeitas podem ser retidas por 30 minutos durante o dia e por 1 hora no período da noite. Contas que recebem muitas transferências suspeitas podem ser, inclusive, excluídas da plataforma. 

O sucesso é tanto que o Banco Central já anunciou dois novos produtos dentro do portfólio do Pix: o Pix Saque e o Pix Troco. Ambos serão implementados em 29 de novembro e, tal como as mudanças anteriores, terão limitação de valor: R$ 500 durante o dia e R$ 100 entre 20h e 6h.

O Pix Saque funcionará de forma semelhante a um saque bancário tradicional. O cliente precisará fazer um Pix para o agente de saque (qualquer loja ou caixa eletrônico que ofereça o serviço), a partir da leitura de um QR Code.

Dessa forma, a pessoa terá acesso ao dinheiro em notas, em caso de necessidade de dinheiro de papel. Estabelecimentos comerciais e caixas eletrônicos poderão oferecer o saque. Já o Pix Troco oferecerá dinheiro em espécie que pode ser sacado durante o pagamento de uma compra no estabelecimento. 

Bancos não tiveram prejuízo

É de se imaginar que o Pix tenha eliminado a existência do TED e do DOC, mas de acordo com a Federação Brasileira dos Bancos, não é bem assim. O diretor executivo de Inovação, Produtos e Serviços Bancário da entidade, Leonardo Villain, refletiu sobre o tema em recente entrevista para o UOL. 

"Para surpresa, caiu algo em torno de 40 ou 50 milhões de TEDs por mês. A queda em TED foi muito pouca, enquanto o Pix explodiu. Isso me leva a crer, pessoalmente, que o Pix acabou consumindo as transações que eram feitas em espécie, o que é ótimo. Você reduz os custos de logística de dinheiro. É muito dinheiro. O Brasil é muito grande. Há lugares na região Norte em que se leva dinheiro de avião, de canoa. Há lugares em que o carro-forte roda 300 km. O custo de trazer e levar dinheiro é significativo", disse Vilain.

Ele conta que o Pix não está prejudicando a vida de banco nenhum e que à medida que há menos transações em espécie, não há necessidade de um sujeito ir em um caixa e sacar um valor fracionado.

"O caixa eletrônico não tem condição de ter sempre notas de R$ 10. Então o sujeito tem de entrar na fila, ocupa o caixa, é preciso ter mais caixas por causa da lei...", diz.

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