Possível reajuste na mensalidade escolar já preocupa pais em Belém
A tendência observada pelo Dieese/PA é de um reajuste acima da inflação
O mês de outubro ainda está no início, mas muitas famílias já começam a se planejar para o início das atividades escolares dos filhos no próximo ano. Algumas instituições de ensino já estão avisando os pais e responsáveis para um reajuste na mensalidade escolar, o que pode exigir um planejamento maior para equilibrar as finanças da casa.
O supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese/PA), Everson Costa, conta que o órgão deve iniciar uma nova pesquisa nos próximos dias para aferir como será o reajuste no próximo ano. Mas adianta que a tendência observada pelo Dieese/PA é de um reajuste acima da inflação, como ocorreu em 2025 quando o aumento foi em média 10%.
VEJA MAIS
“A história mostra, com base em nossos dados, que as escolas têm reajustado as mensalidades muito acima da inflação. Entendemos que esse ano isso deve se repetir, a inflação segue acima da meta e isso significa que os custos ainda pressionam como energia elétrica, então há uma expectativa de novos aumentos.”
No último levantamento do Dieese/PA, a oferta da Educação Infantil no 1º semestre deste ano, os novos valores variaram entre R$ 420,00 a cerca de R$ 2.160,00 mensais; no caso do Ensino Fundamental (I e II) os valores oscilaram entre R$ 450,00 a cerca de R$ 2.260,00 e para o Ensino Médio os valores mensais oscilaram entre R$ 494,00 a cerca de R$ 2.340,00. Os dados mostraram em vários casos reajustes que chegaram a mais de 15,00%.
Everson conta que as escolas são amparadas por lei para reajustar os valores das mensalidades, se apoiando em custo de pessoal, custo operacional e implemento de didáticas-pedagógicas, normalmente para justificar os aumentos. “Ano passado o Dieese/PA identificou gastos acima de R$2 mil reais com livros didáticos e isso pressiona o orçamento das famílias. Então em resumo é uma expectativa de carestia. O pai de aluno não arca só com mensalidade, tem transporte escolar, livros, sistema, então tem muita coisa que envolve esse custo e acaba virando impeditivo até para muitos pais manterem os filhos em escolas particulares, muita das vezes optando por colocar os filhos em escola pública.”
Kamila Canhedo é mãe de um adolescente e conta que a escola ainda não enviou um comunicado sobre a rematrícula e novos preços das mensalidades para 2026, mas ela já está se preparando para um aumento no valor como ocorreu no ano passado quando teve que pagar até 10% a mais para manter o filho na instituição de ensino.
“Teve um aumento de 10% a 15% ano passado, o que a escola sempre justifica é que o aumento é devido uma elevação dos custos de manutenção e mais investimentos para garantir a qualidade do ensino e da infraestrutura oferecida aos alunos. Eu até entendo que a escola precisa reajustar por causa dos custos, mas não nessa porcentagem tão alta. A mensalidade já é cara e quando todo ano vem um aumento desse tamanho, acaba pesando muito no bolso.”
A Secretaria de Estado de Justiça (Seju), por meio da Diretoria de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon Pará), explica que um reajuste é considerado abusivo quando não tem previsão contratual clara, quando são feitos em prazos inferiores a 12 meses desde o último reajuste e quando o fornecedor não comprova os custos que justificam o novo valor. Ainda segundo o órgão, ainda não foram registradas denúncias sobre prática abusiva nos preços das mensalidades.
Planejamento familiar
O economista Nélio Bordalo Filho orienta para que as famílias adotem atitudes práticas para se prepararem para os aumentos, como já incluir no orçamento doméstico uma margem de ajuste, ou seja, ao montar ou revisar o orçamento anual ou mensal, reservar antecipadamente uma porcentagem extra.
“Transformar a mensalidade em despesa prioritária fixa, tratando o valor da escola como compromisso essencial, do mesmo modo que aluguel, luz ou água, para garantir que ele seja contemplado. Criar reserva específica de educação, como por exemplo, mantendo uma poupança ou fundo emergencial dedicado à escola.”
Ele também explica que os pais podem se programar para possíveis negociações que botem abater o valor da mensalidade escolar. “Antecipar pagamentos onde houver descontos, pois muitas escolas oferecem desconto para pagamento antecipado da matrícula, da anuidade ou das mensalidades por semestre. Aproveitar essas oportunidades pode suavizar o impacto financeiro.”