Pará avança rumo à economia circular com apoio do Instituto Rever e da Fiepa
Reunião entre as duas instituições marca ponto de partida nessa construção. Empresas com cases de sucesso também estiveram presentes
Com o objetivo de impulsionar uma agenda sustentável e construir, de forma colaborativa, uma política estadual de economia circular no Pará, o Instituto Rever, juntamente com a Jornada COP+ e a Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa) realizaram uma reunião estratégica nesta segunda-feira, 21. O encontro deu início à programação do Road Show COP30, evento que segue até o dia 24 de julho e busca fortalecer a logística reversa na indústria local.
A reunião contou com a participação dos representantes das empresas com destaque nacional em práticas de reaproveitamento de resíduos, além de membros do setor público e lideranças empresariais paraenses. O presidente da Fiepa, Alex Carvalho, destacou que a entidade vem atuando como indutora da pauta na sociedade, identificando potenciais e gargalos da cadeia produtiva no Estado. “No momento em que a indústria paraense se coloca como protagonista em defesa da agenda socioambiental, sentimos a necessidade de uma atuação mais encadeada com vistas à economia circular. Precisamos entender essa cadeia produtiva como um desafio, mas também como uma enorme oportunidade para o desenvolvimento sustentável da nossa região”, afirmou.
Segundo ele, a proposta é que o Pará possa atrair indústrias para a economia circular, como cooperativas de reciclagem, fomentando a geração de emprego, renda e qualificação. “Ainda temos 70% da população vivendo abaixo da linha da pobreza. São mecanismos para alcançar a dignidade por meio do trabalho e inovação”, completou.
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Casos de sucesso
Durante a reunião, empresas convidadas apresentaram soluções já em prática em outros Estados, com potencial de serem replicadas no Pará. Um dos destaques foi a Yattó, empresa com sede em Jaguariúna (SP), que atua em todo o Brasil desenvolvendo soluções estratégicas para resíduos de difícil reciclagem, como plásticos multicamadas e BOPP, aquele usado em pacotes de salgadinhos e outros produtos alimentícios.
“Trabalhamos com resíduos que normalmente ninguém recicla. Organizamos as cooperativas dentro da legalidade da Política Nacional de Resíduos Sólidos, capacitamos esses grupos e garantimos a comercialização do material reciclado”, explicou Helena Gonçalves, responsável pelas Relações Institucionais e Governamentais da empresa.
Um dos produtos desenvolvidos pela Yattó chamou a atenção dos participantes: blocos feitos inteiramente de plástico reciclado, que podem ser transformados em bancos escolares, lixeiras, paradas de ônibus e outros mobiliários urbanos.
Educação como foco
Outra iniciativa que ganhou destaque durante a reunião foi a da Niltex, uma startup socioambiental que, a partir da educação, promove a conscientização ambiental nas escolas. De acordo com Camila Storni, representante da Niltex no Norte e Nordeste, a empresa acredita no potencial transformador escolar e atua com kits pedagógicos feitos de papel reciclável que são distribuídos às crianças, professores e agentes da comunidade escolar.
“A partir do momento em que a criança entende a diferença entre lixo e resíduo, ela mobiliza toda a família. Isso transforma o descarte e ativa a economia circular na prática. Os resíduos retornam limpos à escola, passam para as cooperativas, que comercializam o material reciclável. Com esse dinheiro, a escola pode premiar os alunos ou ajudar as famílias com cestas básicas e material escolar”, explicou.
Camila revelou que a Niltex começará a operar nas escolas do Serviço Social da Indústria (SESI) no Pará, em parceria com a Fiepa e o instituto Rever, envolvendo a comunidade escolar e cooperativas locais em uma cadeia que une educação, inclusão e sustentabilidade.
Para o Instituto Rever, responsável pela organização do Road Show COP30, a união entre o setor produtivo, o poder público e a sociedade civil é essencial para que o Pará avance rumo a um modelo de desenvolvimento mais sustentável. O diretor do Instituto, Ricardo Pazzianotto, ressaltou que a logística reversa de embalagens, prevista na Política Nacional de Resíduos Sólidos e no Decreto Federal 11.413, exige que empresas recuperem pelo menos 30% das embalagens colocadas no mercado, no mesmo Estado onde o produto foi vendido.
“Uma empresa que fabrica um produto em São Paulo e vende no Pará, precisa recuperar aqui 30% das embalagens em peso. Muitos Estados já têm regulamentações específicas, e queremos que o Pará avance nessa direção. Com a COP 30 se aproximando, Belém assume um papel de protagonismo mundial na pauta ambiental”, afirmou Ricardo.
Ele destacou ainda que o objetivo da parceria com a Fiepa e do evento é construir um fórum de diálogo com o governo estadual, prefeituras, cooperativas e o setor privado, de modo a criar uma legislação que atenda às necessidades locais sem onerar as empresas. “Esperamos fortalecer parcerias com as cooperativas, sensibilizar a indústria e aproximar o Executivo e o Judiciário, para que todos compreendam seu papel na logística reversa. Queremos uma solução adequada, sem transformar a sustentabilidade em um peso para as empresas, mas em uma oportunidade de desenvolvimento”, completou.
Além da Yattó e da Niltex, outras empresas participaram da reunião e apresentarão suas práticas ao longo da semana durante o Road Show COP30. Entre elas:
Havaianas – Reaproveitamento de chinelos usados
TR2 – Usinas de tratamento de resíduos sólidos
INDUTEC – Especializada em usinas de compostagem
EcoProducts – Equipamentos para desagregação e desidratação de resíduos orgânicos
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