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Movimento nos supermercados cresce até 25% na semana do Círio de Nazaré

Aumento é impulsionado também pelo aquecimento do turismo na capital

Madson Sousa / Especial para O Liberal

A semana que antecede o Círio de Nazaré provoca uma verdadeira corrida aos supermercados e feiras de Belém, assim como acontece no Natal. Com a chegada de devotos de várias cidades e estados, e o tradicional almoço de domingo no horizonte, os consumidores já começam a garantir os ingredientes típicos da festa. O comércio local comemora o aquecimento das vendas.

Nos corredores dos supermercados, o movimento tem crescido dia após dia. Entre as principais procuras estão o tucupi, a maniva, além do jambu e do pato, indispensáveis nas mesas paraenses durante o Círio. De acordo com Jorge Portugal, presidente da Associação Paraense de Supermercados (ASPAS), a expectativa é de um crescimento médio de 25% nas vendas durante essa semana em comparação às semanas anteriores. O aumento é impulsionado não apenas pelos moradores locais, mas também pelos visitantes que vêm participar da festa religiosa, considerada uma das maiores manifestações católicas do mundo.

“Durante essa semana a movimentação é grande porque chegam devotos de outras cidades, principalmente do interior do estado, e o que mais se vê é o almoço nas residências. Então, sempre nessa semana há um crescimento na movimentação nos supermercados, principalmente na sexta e sábado que antecedem o Círio”, disse Jorge Portugal.

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Estratégias para Alta Demanda

Para atender a essa alta demanda, alguns supermercados devem adotar estratégias como ampliação do horário de funcionamento e abertura em horários especiais no domingo do Círio. “Tem supermercados que vão ampliar em até 1 hora o funcionamento, outros que vão até meia-noite, e alguns devem abrir no domingo. Não serão todos, mas alguns devem seguir essa estratégia”, conta Portugal.

Os preços, por enquanto, permanecem estáveis. No supermercado, o litro do tucupi está custando em média R$ 13,98, dependendo da concentração, enquanto a maniva cozida custa entre R$ 5,30 e R$ 6,49, e o jambu a R$ 3,40. Já o peru está custando o quilo entre R$ 31,48 e R$ 33,48. Quem busca uma alternativa ao peru, encontra o frango a R$ 18,19 e a ave temperada em média a R$ 12,15.

Preços e Tradição Familiar

Para os consumidores, o desafio é equilibrar o orçamento e garantir tudo antes da véspera. As irmãs Ana Maria Falcão e Vilma Pinto contam que os preços estão um pouco acima do encontrado no ano passado, mas não abrem mão desse momento em família. “Esse ano achei o tucupi e o jambu mais caros, mas levamos sempre o que é necessário, de qualidade, e acabamos pagando um pouco mais. Sempre recebemos em casa amigos e parentes no Círio. Sempre foi assim, é uma tradição, e gostamos de fazer uma mesa farta”, conta Vilma.

Joyce Santos é dona de um restaurante e aproveita para comprar alguns itens do seu empreendimento. “Sempre compro os ingredientes para fazer o almoço. É uma tradição e sempre tem boa saída, é um item indispensável. Teve um pouco de reajuste, mas não sinto que pesou tanto no bolso, e o paraense não deixa de comprar para não faltar no Círio. O restaurante vai funcionar até sábado. No domingo, eu tenho a tradição de ficar com a família.”

De acordo com Everson Costa, supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese/PA), há uma estimativa de um aumento de vendas entre 8% a 10% nesse período, e é possível fazer essa análise à medida que cresce o interesse do mercado com aumento de exposição de produtos e marcas atrelando a imagem à festa religiosa.

“Isso também abre, por exemplo, a possibilidade para contratações temporárias, aumenta a expectativa de faturamento, de portfólio, pois todo mundo volta as suas atenções para o estado. No Pará, o comércio já cola esse momento também nas festas de final de ano. É uma demonstração de uma estratégia de vendas, e isso se espelha na economia”, avalia.

A assistente social Adlane Trindade Nogueira conta que aguarda ansiosa esse momento para juntar a família e que, por morar próximo à Basílica de Nossa Senhora de Nazaré, sempre acompanha a chegada da imagem peregrina para ceiar com amigos e familiares, algo que cultiva como tradição. “Temos a tradição de compartilhar esse momento, então lá de casa, consigo ouvir os sinos, sentir essa emoção. O Círio é um momento de renovação, busca da fé, da família reunida e compartilhando esse momento todos juntos.”