600 unidades por dia a 20 reais cada: morango do amor lota docerias em Belém e anima empreendedores

Viralizar no TikTok é um caminho curto para a fama. Muitos influenciadores sonham com o momento exato em que um vídeo transforma uma simples postagem em uma carreira de sucesso na internet. A plataforma é campeã em lançar tendências — ou trends, no vocabulário em inglês — que transformam internautas em figuras populares, com danças, desafios, receitas e, agora, uma fruta dominando a web: o morango. 

O “morango do amor” é uma receita considerada complicada, que poucos conseguem reproduzir com perfeição. Ela é composta por uma camada delicada de brigadeiro branco, coberta por uma fina calda caramelizada vermelha, brilhante como um “coração apaixonado”. Atualmente, é vendido por valores entre R$ 10 e R$ 20 por unidade, com previsão de aumento no preço da fruta a partir da próxima semana, segundo empreendedora ouvida pelo Grupo Liberal. 

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Jacqueline Barros Xavier, sócia de uma doceria em Belém, explica que o sucesso do doce vai muito além do sabor: “Ele conversa diretamente com a nossa memória afetiva. Quem nunca se encantou com uma maçã do amor nas festas juninas ou nos parques da infância? O morango traz essa lembrança de forma mais delicada e atual, despertando sentimentos doces antes mesmo da primeira mordida". 

Ela destaca que a apresentação também faz diferença: “É impossível passar por uma bandeja de morangos do amor sem parar para admirar o brilho, a cor intensa e o capricho na finalização. O sucesso está justamente na união de sabor artesanal, beleza e capacidade de despertar lembranças felizes". 

Produção e consumo antes da viralização

Jacqueline conta que o morango do amor não fazia parte do cardápio da doceria e foi incluído após a repercussão nas redes sociais. Somente na quinta-feira (24/7), o estabelecimento vendeu 600 unidades. No dia seguinte, se preparou para vender quase 800. O doce é comercializado no local pelo valor de R$ 20. 

No entanto, o morango já era ingrediente de destaque em outras receitas — entre elas, um dos clássicos da casa: camadas de bolo artesanal, creme de chantilly caseiro, morangos frescos e ganache de chocolate ao leite.

“Doces com morango sempre estiveram presentes na doceria, mas o morango do amor, especificamente, chegou como um verdadeiro fenômeno. Antes da viralização nas redes, não oferecíamos esse produto. A demanda era concentrada em outras receitas com morango". 

Já a empresária Andrezza Guerra teve uma experiência diferente: “Eu já produzia o morango do amor. Inclusive, é uma das primeiras postagens no nosso Instagram. A gente já produzia há bastante tempo, temos até alguns clientes fiéis. Ele só viralizou agora nas redes sociais". 

Com o movimento na internet, a empreendedora observou crescimento nas vendas, tanto do morango do amor quanto de outros produtos: “Os clientes que vêm por causa do morango acabam conhecendo o nosso cardápio e comprando outras coisas também. Acredito que tivemos um crescimento de 50% a 70% nas vendas, só nesta semana", relata. Na doceria de Andrezza, o morango do amor é vendido por R$ 14. 

O comportamento do consumidor paraense

A busca pelo doce cresceu de forma “impressionante”, segundo Jacqueline Xavier, que percebeu a movimentação online e decidiu aderir à trend para atender à nova demanda: “Começamos a receber mensagens, perguntas no balcão, comentários nas postagens... Era claro que algo estava acontecendo. As pessoas estavam encantadas com a estética, a ideia e, principalmente, com a lembrança afetiva que esse doce desperta". 

“Foi então que decidimos criar a nossa versão, e a resposta do público de Belém foi imediata: os pedidos começaram a chegar em volume, os registros nas redes só aumentaram e, em poucos dias, o morango do amor já estava entre os queridinhos da vitrine”, relata.

Impacto nas vendas

Jacqueline comenta que, embora o novo doce ainda não represente uma grande fatia das vendas, o impacto na visibilidade da doceria foi imediato. Desde o lançamento, houve um aumento de cerca de 10% nas buscas pelo perfil da loja nas redes sociais, além de crescimento nas visitas ao estabelecimento, especialmente nos primeiros dias da novidade.

*Thaline Silva, estagiária de jornalismo, sob supervisão de Keila Ferreira, coordenadora do núcleo de Política e Economia