Dólar, Euro e mais: Empreendedores se preparam receber em moeda estrangeira durante a COP 30
Aumento do fluxo de turistas deve gerar efeitos diretos sobre o consumo e a renda no estado
Com a expectativa de receber mais de 50 mil turistas de diferentes países durante a 30° Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que será realizada em Belém, de 10 a 21 de novembro, empreendedores locais já se preparam para atender o público internacional e ampliar as formas de pagamento, incluindo operações em moeda estrangeira.
O evento deve movimentar intensamente os setores de hotelaria, alimentação, transporte, turismo e comércio, criando novas oportunidades para pequenos e médios negócios. A circulação de visitantes estrangeiros também deve impulsionar o uso de casas de câmbio e serviços bancários especializados, como os oferecidos pelo Banco do Estado do Pará (Banpará).
“O Banpará terá papel fundamental durante a COP 30 no acolhimento a visitantes de diversos países, oferecendo um serviço seguro e acessível para a troca de moedas. O câmbio é mais uma forma de o banco contribuir com o fortalecimento da economia local e com a imagem do Pará como destino global”, destaca Ruth Pimentel Mello, diretora-presidente da instituição.
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Segundo Everson Costa, supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese/PA), o aumento do fluxo de turistas deve gerar efeitos diretos sobre o consumo e a renda no estado.
“Haverá uma movimentação intensa e isso vai beneficiar desde os pequenos empreendedores até as grandes redes. A tendência é que os visitantes busquem as casas de câmbio antes de circular pela cidade, mas também há um novo cenário com o avanço dos meios digitais, como o Pix, que permite pagamentos instantâneos”, explica.
O Pix, criado pelo Banco Central, vem sendo adaptado por empresas para atender estrangeiros, permitindo que visitantes da Argentina, México, Colômbia, Uruguai, Chile e Peru, por exemplo, possam pagar no Brasil de forma instantânea, convertendo o valor automaticamente para o real. A novidade representa uma oportunidade para empreendedores locais ampliarem seus meios de recebimento e oferecer mais praticidade ao público internacional.
Atento a esse movimento, o Banpará vai reforçar o atendimento em câmbio turismo, serviço disponível em pelo menos seis agências na capital, para facilitar a compra e venda de moedas estrangeiras. A medida busca garantir segurança e comodidade para turistas e empresários durante o período da conferência. Com a aproximação da COP 30, o cenário é de expectativa positiva entre os empreendedores paraenses, que enxergam no evento uma chance de fortalecer seus negócios e projetar o Pará no cenário econômico global.
O empreendedor Paulo Gama explica que o dólar e Euro são as moedas mais valorizadas no momento e tem feito treinamento com seus funcionários para evitar notas falsas e o funcionamento da taxa de conversão para a moeda brasileira.
“Sabemos que pode ter fraude, por isso a capacitação do time, apresentando a moeda, quanto custa um dólar, baixamos alguns aplicativos para auxiliar e também realizamos a contratação de uma profissional bilíngue para ajudar nesse processo. A nossa expectativa é de aumento de até 40% nos lucros durante a COP 30.”
Paulo também explica que recebeu ajuda do Sebrae na formação de um cardápio internacional para atender os turistas estrangeiros, além da qualificação de inglês básica aos funcionários. “Estamos criando também um mapa com alguns pontos turísticos do estado para que eles possam explorar. O Sebrae desde sempre abre as portas para nos ajudar, foi assim que adaptamos o cardápio, mandamos para eles e nos devolvem já tudo em inglês.”
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Pará (Sebrae-PA) criou eixos de atuação voltados à capacitação para a COP 30, dentre eles, mobilidade urbana, hospitalidade, economia criativa e alimentos e bebidas, com mais de 65 mil empreendedores capacitados. Em parceria com Governo do Estado, o número de beneficiados chega a 72.509 pessoas.
O economista Nélio Bordalo Filho explica que o evento representa uma janela de oportunidades. Para ele, a moeda mais forte e “refúgio” global permanece sendo o dólar americano. “Receber em dólar pode oferecer proteção cambial se os custos ou insumos forem cotados em dólar, ou se o empreendedor exporta produtos/serviços para fora do Brasil. Em um evento como a COP 30, há maior presença de estrangeiros/organizações internacionais que podem operar em dólar.”
O economista alerta, no entanto, para alguns cuidados na hora de receber em moeda estrangeira. “Questão de logística de câmbio, pois haverá a necessidade do empreendedor ter que efetuar conversão, pagar taxas de câmbio, regime cambial, prejuízo com variação de câmbio ou timing de conversão para real. Para o mercado local, muitos clientes e fornecedores atuarão em reais, e certamente haverá a utilização forte de cartões de crédito, até por questões de segurança e praticidade.”