MENU

BUSCA

Diretor da Eurásia não vê solução rápida nem fácil para tarifas de 50% dos EUA a Brasil

Garman destacou que o presidente Lula não pode intervir em questões envolvendo Bolsonaro ou plataformas digitais, pois são atribuições do Judiciário e do Legislativo

Estadão Conteúdo

O diretor para as Américas da consultoria Eurasia Group, Christopher Garman, avalia que não há uma saída fácil ou imediata para a decisão do governo dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Para ele, o cenário mais viável — e mais provável — é que o Brasil consiga ganhar tempo para negociar.

Segundo Garman, a carta enviada pelo presidente Donald Trump ao governo brasileiro teve motivações essencialmente políticas. Em participação em um webinar promovido pela Brazilian-American Chamber of Commerce, ele apontou três fatores principais que teriam impulsionado a medida: a realização da cúpula do Brics no Brasil, o envio de comunicados semelhantes a outros países e as declarações do ex-presidente Jair Bolsonaro e de seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

VEJA MAIS 

Tarifa de Trump ameaça exportações de açaí do Pará para os EUA, segundo setor paraense
Com alíquota de 50% a partir de agosto, produtores temem queda nas vendas, impacto na renda local e encarecimento do fruto no mercado interno; Estados Unidos são os maiores compradores do açaí paraense, com uma participação de 75,4% nas exportações da fruta no estado.

62% veem tarifa de Trump como injustificada, diz AtlasIntel
40,9% dos respondentes atribuem tarifaço ao envolvimento do Brasil com Brics

"Quando a família Bolsonaro vai até o presidente Trump e diz que o Brasil está vivendo um regime de censura — particularmente num contexto em que redes sociais como o X enfrentam ações judiciais no Supremo — isso ressoa no movimento MAGA (Make America Great Again) e no próprio presidente Trump", afirmou. "E o Brasil estava sediando a cúpula do Brics, que tem uma inclinação para a China. A tempestade perfeita estava formada para uma relação bilateral frágil."

Garman destacou ainda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não teria como intervir em questões envolvendo o ex-presidente Bolsonaro ou as plataformas digitais, por se tratar de temas sob responsabilidade do Judiciário e do Legislativo.

Nesse contexto, segundo o analista, o anúncio das tarifas não foi completamente inesperado, embora tenha causado surpresa parcial, já que o Brasil não estava entre os principais focos da política externa norte-americana nos meses anteriores.