Confeitaria e Padaria alia riqueza dos produtos da Amazônia à técnica da cozinha francesa
A capital paraense tem assistido à ascensão de confeitarias e padarias premium
Belém vive um momento de transformação no setor de confeitaria e panificação. O consumidor, cada vez mais exigente, busca experiências que unem sabor, estética e qualidade. Nesse cenário, novos negócios se destacam com um modelo de negócio diferenciado e uma proposta que alia técnica, criatividade e proximidade com o público.
Nos últimos anos, a capital paraense tem assistido à ascensão de confeitarias e padarias premium. Esse movimento acompanha uma tendência nacional de valorização da gastronomia autoral, com ingredientes selecionados e processos artesanais. Bárbara Carmona morou anos na Europa, mas sentia a necessidade de explorar a força dos ingredientes da Amazônia aliada aos itens franceses.
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“Eu tive o desejo de voltar para casa quando vi que os nossos produtos estavam sendo usados por chefes renomados e comecei a sentir um certo saudosismo. Foi até curioso, usar os produtos daqui, mas com as técnicas de fora na Amazônia urbana. Trabalhar com produtos regionais e com uma linguagem internacional, unindo esses dois mundo.”
Um exemplo dessa combinação Paris-Belém foi uma receita de croissant folhada com tinta de açaí, que busca unir a sofisticação parisiense com a força regional do norte do Brasil. Bárbara ao lado da sócia Dannifer Milan buscam fortalecer a economia local, mantendo fornecedores da região, além de manter na cozinha apenas mulheres que antes não tinham experiência no ramo de confeitaria e padaria. A ideia é ser uma espécie de escola onde são partilhados os saberes e técnicas para quem está começando.
Um exemplo dessa combinação Paris-Belém foi uma receita de croissant folhada com tinta de açaí (Cristino Martins / O Liberal)
“Estamos no mercado há 1 ano e evoluímos muito, tenho muito orgulho de termos formado uma equipe na cozinha composto somente por mulheres, sem experiência em que eu ajudei profissionalizar, me sinto muito feliz porque o conhecimento é algo que podemos deixar de legado”, conta Bárbara.
Em Belém, essa busca por sofisticação ganha um tempero a mais: a riqueza dos insumos regionais, que ampliam as possibilidades criativas. Quando as empresárias Bárbara Carmona e Dannifer Milan criaram a Bee Pâtisserie Boulangerie foi com a proposta de ir além do produto. O objetivo não era apenas de vender doces e pães, mas de entregar uma experiência completa. O negócio aposta em curadoria de sabores, combinando técnicas clássicas da confeitaria francesa com insumos amazônicos.
Inovação constante, com lançamentos sazonais e edições limitadas, sempre acompanhando o movimento do mercado.
“Temos como público alvo aquele cliente que não quer consumir produtos ultraprocessados, que quer saber a qualidade dos ingredientes, um público cosmopolita, diurno, que quer comer uma comida mais rápida, tomar um drink de manhã, pois os hábitos estão mudando. Para gente alto nível tá na nossa transparência, servir bem e celebrar os feitos do dia a dia. Trabalhamos com a sazonalidade, para não cair no tédio, sempre tem uma novidade, saindo do óbvio usando elementos do Pará”, explica Bárbara.
Brasil é o segundo maior consumidor mundial da bebida, logo atrás dos Estados Unidos, que possui 14% da demanda mundial (Cristino Martins / O Liberal)
De acordo com a Organização Internacional do Café (OIC), o Brasil é o segundo maior consumidor mundial da bebida, logo atrás dos Estados Unidos, que possui 14% da demanda mundial. Nosso país representa 13% dessa demanda, com 21 milhões de sacas ao ano.
Apesar do crescimento, o mercado de alto nível enfrenta desafios: custos elevados, necessidade de mão de obra qualificada e um consumidor cada vez mais atento à autenticidade das marcas. Mais do que doces ou pães, representa um movimento maior: a consolidação de Belém como um polo de confeitaria e panificação de alto nível. Um setor que cresce, se profissionaliza e, ao mesmo tempo, mantém viva a conexão com as tradições e sabores da Amazônia.
“No início foi difícil se colocar no mercado como uma padaria francesa que usa ingredientes da Amazônia. É um mercado extremamente fechado para inovações, para gente foi importante conscientizar esse cliente que trabalhamos de forma artesanal. Trabalhamos com qualidade, essa é a nossa meta, é uma cozinha consciente, não usamos plástico e tentamos trazer isso para a nossa realidade”, diz Bárbara.