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Profissionais da música pedem mais apoio para continuar com renda em tempos de pandemia

Músicos e demais trabalhadores reclamam da falta de incentivo para conseguir suporte financeiro com locais de shows fechados

Caio Oliveira
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Com o aumento das restrições para conter o avanço do novo coronavírus no Pará, a classe artística foi novamente afetada seriamente pelas medidas necessárias para ajudar a diminuir os casos da doença em um Estado que vem enfrentando as consequências de uma nova onda da Covid-19. Na Região Metropolitana de Belém, foram proibidas aglomerações e manifestações em locais públicos para fins recreativos e foi determinado o fechamento de bares, boates, casas noturnas, casas de show e estabelecimentos, além da proibição da realização de shows e festas abertas ao público.

Para a cantora Francy Lima, além dos músicos que tocam em casas de show e eventos públicos, outra vertente dentro da classe artística segue passando por um momento muito difícil: músicos eruditos, que geralmente, se apresentam em eventos particulares. “Nós trabalhamos especificamente em eventos como casamentos, missas, cultos, formaturas, e são músicos que não tocam em bar, pois é difícil ver um violoncelo, um violino, um saxofone nesses lugares, a não ser em locais específicos em Belém. Então, eles precisam desses eventos”, conta a cantora de 29 anos que, desde os 17, canta em eventos particulares, fundando o grupo Queen's Musical Belém.

Francy explica que não é contra as restrições, mas pede mais incentivos para a classe artística dentro da música clássica, como patrocínios públicos e privados para a realização de lives. “Há algumas seleções, mas a maioria dos selecionados são músicos populares. Tu não vê uma equipe musical só de cordas, uma banda instrumental que tenha ganhado uma seleção dessa, para subsidiar as apresentações musicais em forma de live. Nós que trabalhamos em eventos dificilmente somos aprovados, porque o estilo musical não favorece. Então a gente fica à mercê: sem auxílio emergencial e sem os eventos”, explica Francy, que completa dizendo que também trabalha com música popular, mas percebe essa diferença de tratamento e quer maior apoio para seus colegas.

“Esses músicos que trabalham comigo, a maioria são professores de instrumentos. Eles têm formação pela Emufpa [Escola de Música da UFPA] ou pelo Carlos Gomes, que são as escolas que mais formam os músicos instrumentais, e eles  não podem exercer nem a licenciatura, porque não está tendo aula. É muito complicado. Eu não estou pedindo a liberação dos eventos, de forma alguma, mas que eles olhassem também para essa vertente”, pede a cantora.

Ajuda entre artistas tem sido essencial

Ao longo de 2020, o músico Marco André apresentou às sextas-feiras o projeto “Live as Mãos com Música”, show on-line onde ele e um convidado especial contavam histórias de suas carreiras e tocavam canções dos seus repertórios, tudo transmitido em formato de live em seu perfil de Instagram (@marcoandre_musicine). Agora em 2021, Marco continuará com as lives e já convocou uma série de amigos para essa nova fase, com uma novidade: ele resolveu iniciar uma nova campanha de financiamento coletivo para ajudar outros profissionais das artes que passam dificuldades nesse momento, e além de apoiar músicos e instrumentistas que tocam na noite de Belém, o incentivo em dinheiro também será repassado para outros trabalhadores, como técnicos de som e roadies.

image Marco André quer conquistar novos públicos no mundo virtual (Divulgação)

“Como eu recebi um patrocínio para fazer essa live, recebendo essa sorte no meio do caos, eu me senti na obrigação de ajudar mais gente. Então, eu sei que esse trabalho cultural em Belém envolve a parte técnica também. Eu me senti na obrigação de ajudar essa galera também e, por isso, eu abri a vaquinha, para conseguir alguma coisa para eles”, comemora Marco André, que começa essa nova série de lives com a presença ilustre de Flávio Venturini, se apresentando às 21h30 desta sexta-feira, 05. Leila Pinheiro, Paulinho Moska, Chico César, Zeca Baleiro, Jane Duboc e Toninho Horta são alguns dos outros nomes de peso que irão dividir a tela com Marco nessas lives. O projeto tem patrocínio da Alubar e apoio da Rede Cultura de Comunicação. 

Esta não é a primeira vez que o músico paraense radicado no Rio de Janeiro usa seu perfil e sua arte para ajudar os outros. Em dezembro passado, Marco André homenageou o grande amigo Nilson Chaves, utilizando seu projeto para divulgar uma campanha financeira solidária ao cantor, que ainda está se recuperando de um grave quadro de Covid-19. Foi um momento de pura emoção, onde uma turma de grandes artistas cantou cada um uma canção do próprio Nilson, para ele que estava assistindo.

“A vaquinha do Nilson deu certo e eu pensei: ‘tá na hora de ajudar mais gente’. A gente tem que olhar para essas pessoas que estão desamparadas por tudo, estão sem trabalho no meio desse caos. Eu sou completamente favorável a não haver aglomeração. Eu acho que em bares e casas noturnas têm aglomeração de qualquer forma, mesmo mantendo os cuidados. O problema é que se fecha os bares, mas não tem subsídio [para os artistas]. E aí, como viver?”, encerra com este questionamento. A campanha de apoio aos profissionais  pode ser acessada em vakinha.com.br/ajude-os-trabalhadores-da-cultura-de-belem-do-para .

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