CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

Quem veio primeiro? Semelhanças entre músicas paraenses e hits nacionais chamam atenção

Linha entre inspiração, referência e plágio é tênue, afirma pesquisador

Vito Gemaque
fonte

Uma discussão sobre a similaridade de músicas nacionais muito conhecidas como Mulatê do Bundê, da banda Timbalada, e Alagados, do Paralamas do Sucesso, com guitarradas ganhou as redes sociais nesta semana. A música do Timbalada tem trechos muito parecidos com duas músicas paraenses: "Lambada complicada” de Aldo Sena, do ano de 1983, e “Lambada dos brasileiros” do álbum Guitarradas Volume 6, de 1986. Produtores e pesquisadores musicais revelam que a música paraense serviu de inspiração e referência para vários artistas nacionais.

Confira a canção Mulatê do Bundê:

Confira a canção Lambada Complicada:

Para o guitarrista do Clube da Guitarrada e da banda Cais Virado e pesquisador musical, Bruno Rabelo, não é possível assegurar que a música lançada pelo Timbalada em 1993 referenciou as guitarradas, porém Carlinhos Brown nunca escondeu que era fã do estilo paraense.

“Nos anos 80, entrou em cena a Gravassom, a gravadora do Carlos Santos que vai fazer sucesso naquela década gravando lambada. O ritmo foi muito popular no nordeste, e aí vamos lincar com a Timbalada. O Carlinhos Brown conhece a lambada nos anos 80. O nome Timbalada seria uma referência a guitarrada, dizem alguns. Quando ele vai fundar a banda com o primeiro LP em 93 tem uma música que explicitamente vão ter duas músicas, no Mulate do Bunde que tinha ‘Lambada Complicada’ de 1983, do Aldo sena, e ‘Lambada dos brasileiros’ do Guitarradas volume 6, de 86”, explica.

O músico independente Reiner colocou as músicas lado a lado no Twitter para que todos tirem as suas conclusões. A comparação gerou uma grande discussão. “Não consigo afirmar com precisão o que é e o que não é [plágio], mas está aí pra gente ouvir e refletir. A nossa música é inspiração pra grandes nomes da música nacional e ela merece também um espaço nas mídias e em certos panteões que foram determinados pela crítica musical brasileira”, acredita.

Bruno Rabelo diz existir uma linha tênue entre a inspiração, a referência e o plágio. Com a digitalização da música com as plataformas de streaming plagiar uma obra e divulgá-la se tornou mais difícil, porque os sistemas reconhecem a cópia e impedem a divulgação. O problema seria com as músicas feitas antes da digitalização que não possuem referências e informações precisas.

“Se você for no Spotify não vai ver nenhuma referência, há literalmente um desleixo das plataformas, as informações são imprecisas. Você teria que ver se no LP dos anos 90 da Timbalada há alguma referência às guitarradas. Partindo do pressuposto que não colocou como referência, teria que colocar como plágio, mas isso não é confiável. Não podemos saber direito nem ano de disco, as composições e as autorias pelas plataformas porque são muito imprecisas”, reforçou Bruno.

Exemplos de inspiração são Eliana Pitman e a banda Candango do Ype, que nos anos 70, referenciaram vários carimbós do Pinduca. Há músicas com o nome de Pinduca, numa evidente homenagem. Já outros casos ficaram conhecidos por plágio como a banda Ravelly. “Nos anos 2000, uma banda de tecnobrega paraense chamada Ravellvy lançou uma série de músicas no meio do ano e um grupo baiano Djavu lançou essas mesmas músicas num produto próprio deles. Quando a Ravelly foi para a Bahia viu que as músicas deles haviam sido copiadas e estavam fazendo sucesso”, conta.

Reiner acredita que a música regional autoral paraense tem potencial para fazer sucesso em todo o Brasil. “É interessante ver que a nossa música tem sim um potencial de estar em todos os lugares do Brasil. A gente precisa de um apoio maior à cultura por parte do Estado para conseguirmos fomentar as nossas cenas musicais que são tão diversas que vão do rock ao carimbó num estalar de dedos”, afirma.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Cultura
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM CULTURA

MAIS LIDAS EM CULTURA