Sairé 2022 terá retomada do Festival dos Botos

O festival está confirmado para o período de 15 a 19 de setembro

Ândria Almeida
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O festival do Sairé 2022, um dos maiores eventos culturais do Estado do Pará, promete ser inesquecível. Isso porque, depois de dois anos de forma remota, em virtude da pandemia da covid-19, os ritos religioso e profano estarão de volta de forma presencial no lago dos Botos. A programação será realizada no período de 15 a 19 de setembro, conforme informou o prefeito de Santarém, em coletiva de imprensa na tarde desta terça-feira (3).

O festival é tradicionalmente realizado no mês de setembro e dura cinco dias. A festa envolve uma programação entre o profano e o religioso, mas a pandemia cancelou por dois anos a parte profana da festa.

A apresentação dos Botos é uma disputa entre Tucuxi e Cor de Rosa que fazem um verdadeiro espetáculo ao encerarem a lenda do boto, que conta sobre o animal virar homem em noites de lua cheia. O Çairé acontece desde 1938 somente com o ritual religioso e ganhou o brilho do lado profano em 1997. Desde então, atrai milhares de pessoas para a festa.

De acordo com o prefeito de Santarém, Nélio Aguiar, a decisão da retomada levou em consideração o cenário epidemiológico no município, bem como o avanço na vacinação. Ele enfatizou a importância da realização do evento. “Essa notícia é importante não só para Alter do Chão, mas também para todo o estado do Pará, Brasil e mundo”, enfatizou.

Para o secretário de turismo, Alaércio Cardoso, o evento deve movimentar a economia local. 

"A nossa perspectiva é que o turismo de Santarém possa se recuperar a partir do Sairé. A gente já vem conversando com todos, realizando as pontes para o aumento nos vôos, o novo terminal turístico também vem somar e auxiliar nesse processo, e esse será um novo Çairé, alavancando o turismo na região", destacou.

Sairé ou Çairé?

A escrita com “Ç” vem da origem Tupi, e com o passar dos anos foi usado com 'S' por adaptação da língua portuguesa. Do ponto de vista gramatical, não existe Sairé com “Ç” e não é só a gramática que não se dá bem com a adaptação. A história do Sairé também traz uma explicação para a origem das duas escritas.

Segundo o pesquisador Sidney Canto, o botânico João Barbosa Rodrigues achava que o nheengatu falado no Pará estava errado. Ele considerava como certo o tupi, falado pelos indígenas do sul do país.

"O que fez ele? Tirou o 'S' da grafia nheengatu, falado pelos nossos antepassados e, como diz o caboclo, 'tacou-lhe' o 'Ç'. Sim, não tem nada a ver com os nossos antepassados indígenas, o 'Ç' tem origem no desejo de um botânico em achar que nós, amazônidas, estávamos errados em nossa cultura e ele estava certo”, explicou o pesquisador.

O símbolo do Sairé é um semicírculo de cipó torcido, envolvido por algodão, flores e fitas coloridas. No centro do semicírculo estão três cruzes e no topo dele uma outra, que juntas representam o mistério da Santíssima Trindade e a fé em só Deus. A imagem da pomba, que representa o Espírito Santo, também faz parte do adorno', disse o pesquisador.

No final das contas o Sairé, seja ele escrito com 'S' ou 'Ç', é um dos maiores e mais antigos espetáculos da Amazônia, com toda a sua beleza e encanto, celebrado em um cenário paradisíaco, e que, assim como todo o mundo, precisou se reinventar por conta da pandemia.

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