O cenário e o amor por Belém servem de inspiração para escritores

A capital paraense exportou e ainda exporta grandes nomes do cenário literário

Ana Carolina Matos
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Belém é berço da boa poesia, do drama que instiga, da ficção que faz voar a imaginação, do romance que acalenta e da chuva que vira cenário para tantas dessas boas histórias. O amor pela capital paraense serviu de cenário para os livros de Ronald Junqueira, que publicou "Berlinda - asas para o fim do mundo" em 2013 e, neste ano, deve publicar o livro "#SeTokyo", que integra uma trilogia que terá a conclusão com a Itália como pano de fundo. "Nomeei esse projeto como "Trilogia do Eixo", pois cria uma ponte entre histórias que envolvem Belém e os três países protagonistas na Segunda Guerra Mundial - Alemanha, Japão e Itália", explica. "São histórias contemporâneas que mostram que Belém sempre foi um lugar aberto aos estrangeiros", acrescenta.

O escritor e jornalista conta que a escrita o acompanha desde os anos 70, na escolha da carreira, mas que foi despertada após sair das redações. "A vontade de escrever veio depois que saí da redação, do dia-a-dia da notícia, da editoria e de toda essa rotina agitada do jornalismo. Vi que não podia me separar do texto, que era um casamento para toda vida, tipo na riqueza e na pobreza. Um caso de amor", declara.

A capital paraense exportou e ainda exporta grandes nomes do cenário literário. Dentre os nomes de destaque, também está o de Eneida de Moraes, ou apenas Eneida, como gostava de se identificar. Jornalista, escritora, militante política e pesquisadora brasileira, Eneida é descrita como símbolo da liberdade da mulher do seu tempo pelo professor e também escritor João de Jesus Paes Loureiro, que também atribui à ela uma grande contribuição simbólica e conceitual. "Foi, como disse em artigo publicado, uma antropófaga: digeriu a vidada de seu tempo, para se tornar mais forte do que as circunstâncias temporais como mulher", avalia ele.

A Eneida livre e sempre flor de Paes Loureiro, foi conhecida por contestar as imposições sociais às mulheres e ocupou lugares que, para a época, eram pertencentes aos homens. A escritora faleceu aos 67 anos, no Rio de Janeiro, e foi autora de livros como "Aruanda" e "Cão da Madrugada". 

Além dela, o filósofo, professor, crítico literário e também escritor Benedito Nunes tem uma extensa produção literária. Ele está entre os fundadores da Faculdade de Filosofia do Pará, que posteriormente integrou a Universidade Federal do Pará, e da Academia Brasileira de Filosofia. Benedito Nunes faleceu em 2011, aos 82 anos de idade e foi autor de diversos livros, entre eles "O Crivo de Papel", "O tempo na narrativa" e "No tempo do niilismo e outros ensaios". A maior herança que Benedito pode ter deixado foi valorizar os escritores da sua época, avalia Paes Loureiro. "O grande legado de Benedito Nunes, nesse campo, é a valorização dos autores de sua geração, quando a identificação literária como a literatura européia foi muito expressiva, gerou ótimos resultados e significou uma abertura para além do local e o cuidado maior com a linguagem", pontuou Paes Loureiro.

Nascido em Abaetetuba mas morador de Belém durante a maior parte da vida, Paes Loureiro é autor de livros traduzidos em seis línguas. O escritor se considera um autodidata no aprendizado da poesia, o que ele atribui à "permanente leitura e exercícios de criação poética permanentes". Na quinta série, teve um poema publicado em uma revista nacional após vencer um concurso na escola sobre o Dia das Mães. Aos 25 anos, publicou o primeiro livro em Belém, "Tarefa: Pará", em 1964. A última publicação foi em 2017, com "Encantarias da palavra", pela ED.UFPA. Indagado sobre novidades, o escritor é breve: "Estou pensando em publicar um livro de poemas, mas lá pelo segundo semestre".

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