No mês que completaria 110 anos, Jorge Amado ainda se faz presente com seu legado sempre atual

O professor Helder Bentes fala sobre a importância do escritor para a cultura contemporânea brasileira

Thainá Dias

Da Bahia para o mundo, um dos maiores escritores brasileiros completaria neste mês de agosto 110 anos, Jorge Amado deixou um legado marcante aos brasileiros e admiradores das suas obras. Considerado de extrema importância para a cultura brasileira contemporânea, seus livros foram traduzidos para mais de 80 países. Entre as obras aclamadas estão Gabriela Cravo e Canela, Dona Flor e Seus Dois Maridos e Tieta do Agreste, passando pelas Terras do Sem-Fim, O País do Carnaval e Capitães da Areia.

 

Para o professor, crítico de literatura e pesquisador em Ciências da Linguagem, Helder Bentes, o escritor baiano tinha uma visão realista de aspectos importantes da vida social, como, por exemplo, a política. “Um escritor literário, por mais que não tenha a intenção de se comprometer ideologicamente, acaba deixando transparecer em suas obras seu viés ideológico. Jorge Amado, embora oriundo de uma família abastada, filho de fazendeiro, tinha um senso de justiça social apuradíssimo e se serve da arte literária, para denunciar as contradições sistêmicas do Brasil, em todo o período histórico em que ele viveu (1912 a 2001). Ele foi do Partido Comunista Brasileiro e opôs forte resistência à ditadura de Getúlio Vargas. A obra Capitães de Areia é um exemplo de seu comprometimento político-partidário, e o atual contexto da política brasileira, em que nós precisamos nos manifestar através de uma carta pública em defesa do Estado Democrático de Direito, às vésperas do pleito eleitoral de 2022, atualiza ainda mais as contribuições do escritor para a nossa cultura”, destacou o professor.

 

Helder reforça ainda que os romances de Jorge Amado são marcados por uma vivência ‘antirromântica’. “Seus enredos induzem ao despertar da consciência crítica sobre problemas sociais que recorrem ainda hoje na sociedade brasileira, como o abuso da autoridade política, as disputas pelo poder, a omissão dos governantes, o tratamento dado às mulheres no contexto da secular opressão sexista, a vida de pessoas, crianças inclusive, em situação de rua. Tudo isso através de uma linguagem simples que não cai no simplório, sem abdicar dos elementos de composição narrativa, da poesia que garante a estética da obra, o originalidade de estilo, o regionalismo de que é prenhe sua literatura”, ressaltou. Que completou destacando, “a obra de Jorge Amado reflete valores sócio humanos que permanecem e se atualizam até hoje no patrimônio literário brasileiro. E quanto mais a sociedade brasileira se distanciar da leitura da literatura e da educação, mais necessário e atual ele será”, concluiu Helder.

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