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No dia do desenhista, cartunistas celebram a experiência de traduzir o mundo na arte

J. Bosco e Biratan falam sobre a responsabilidade em levar humor aos paraenses por meio dos traços

Lucas Costa
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Seja em grandes painéis de paredes de prédios, em ilustrações que acompanham os mais diversos produtos, ou nas charges publicadas diariamente nos jornais impressos; o trabalho dos desenhistas atravessa o cotidiano das pessoas a todo momento, por toda parte. Neste dia 15 de abril, celebramos os profissionais que se desdobram em traços para manter a humanidade sã.

O cartunista J. Bosco, 60, é um dos responsáveis por levar traços instigantes às casas dos paraenses diariamente. Chargista do jornal O Liberal há 33 anos, Bosco tem uma trajetória repleta de prêmios e publicações internacionais, além de seis livros publicados. Atualmente com 38 anos de carreira, ele não esconde o orgulho em olhar para trás, e também não se isenta de compartilhar sua experiência com os mais novos.

“Comecei como todo desenhista faz, olhando, pesquisando e estudando seus mestres do santo dia. Motivo de orgulho chegar onde cheguei com muito trabalho incansável, controle emocional e focando no que mais me interessa na profissão. Sei que foi preciso madrugar na prancheta e depois no computador pra me firmar como um grande cartunista, participando e ganhando prêmios nacionais e internacionais. Hoje vivo ainda com o mesmo pique e consigo compartilhar com futuros desenhistas, tem muita gente que me procura pra saber de algo, e eu atendo todas, mostro sempre que é preciso ousadia e disciplina para se tornar um profissional respeitado”, conta J, Bosco.

Tendo o humor como uma forte característica de seu trabalho, Bosco fala sobre como as mudanças no mundo à volta se traduzem em suas charges. “Um dia sem humor, é um dia sem graça, dizia Charles Chaplim. Meu processo de criação é a notícia, charge é factual, não se inventa charge, hoje o politicamente correto está fuzilando a arte, a criação, a cultura, o cinema, somos o que eu chamo de resistência sobre todo essa hipocrisia, falsos donos da verdade, que na verdade são apenas o lixo que as redes sociais criaram, o pensamento raso e superficial de cada coisa”, diz.  

Biratan Porto, 70, é outro paraense que dedicou sua vida aos traços. Recentemente, ele decidiu celebrar os mais de 40 anos de carreira com o lançamento de um livro, “Biratan, um traço crítico no tempo - 40 anos de humor e artes visuais”. A publicação foi lançada de forma independente, em uma edição com capa dura, e atualmente está esgotada.

image Trabalho de Biratan sobre a pandemia (Biratan)

Atualmente, ele se prepara para lançar um novo livro, escrito durante a pandemia de coronavírus, assumindo o risco em fazer humor com um período tão obscuro. “Foi como tirar leite de pedra, fazer humor com um tempo tão difícil. A gente propõe fazer um registro do que aconteceu esse ano, através de crônicas de texto, assim como desenho de humor e cartoons sobre a pandemia. É uma matéria bem leve de ver essa praga, mas botando humor vencendo o corona”, conta Biratan.

O novo livro, intitulado “Quarentena - Meu Humor”, deve ser lançado entre maio e abril, e já está em pré-venda. A publicação traz ainda uma homenagem ao jornalista Raymundo Mário Sobral, um dos grandes responsáveis por levar trabalhos de desenhistas para dentro dos jornais, segundo Biratan.

Aos 70 anos, sendo mais de 40 dedicados à arte, Biratan diz se sentir muito vivo: “espírito juvenil, nunca me chegou essa idade”, conta. Ele foi chargista do jornal A Província do Pará por 23 anos, e mesmo com uma série de prêmios ao longo da trajetória artística, revela que parou de competir pois acha que é a hora dos mais novos.

J. Bosco também dá seu conselho aos desenhistas recém chegados. “Essa nova geração precisa de coragem, ousadia, e lembrar que o desenho veio muito antes da escrita como meio de comunicação entre os homens das cavernas”, diz.

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Cultura
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