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Músico paraense Ronaldo Silva recebe título de 'Mestre de Cultura do Pará' e celebra trajetória

Reconhecimento integra edital da Secult que valoriza saberes tradicionais e manifestações populares do Estado

Amanda Martins
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O músico e co-fundador do Arraial do Pavulagem, Ronaldo Silva, de 67 anos, recebeu o título de Mestre de Cultura do Pará, concedido pela Secretaria de Estado de Cultura do Estado (Secult). O reconhecimento integra o Edital nº 008/2025, que visa valorizar os saberes tradicionais e as manifestações culturais populares do Estado, reconhecendo-os como patrimônio imaterial vivo.

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Ronaldo Silva tem uma trajetória consolidada na difusão da cultura popular amazônica, sobretudo por meio do Arraial do Pavulagem, grupo que desde os anos 80 destaca a diversidade sonora do Norte do país. Sua obra musical reúne um vasto repertório que transita entre o real e o imaginário, misturando ritmos latino-americanos e caribenhos, como folia, batuque, guarânia, marabaixo, cúmbia, salsa, merengue, toada, mambo, carimbó, samba de cacete, mazurca e outros estilos regionais.

Em entrevista ao Grupo Liberal, o músico paraense expressou felicidade pelo reconhecimento. Ele destacou a importância do apoio recebido ao longo de sua trajetória. “Recebi a notícia com alegria e gratidão pelo auxílio e dedicação dos parceiros e amigos que me acompanham nessa caminhada”, afirmou. 

A inscrição de Ronaldo no processo de premiação foi realizada por uma equipe de amigos que reuniu documentos e um memorial descritivo para fundamentar a candidatura, conforme as exigências do edital da Secult. O processo de seleção ocorreu integralmente de forma digital, com acompanhamento das etapas, avaliações e notas publicadas no Mapa Cultural do Pará. O nome do músico figurou entre os habilitados no resultado final, que teve o período de assinatura dos termos entre 23 de julho e 1º de agosto deste ano.

Ainda segundo Ronaldo, o título tem um significado especial para sua vida e obra, reforçando seu compromisso com a cultura brasileira praticada na Amazônia. Ele também compartilhou sua satisfação por ter acreditado na possibilidade de fortalecer a cultura brasileira no Pará. “Vejo que valeu a pena ter acreditado que é possível fortalecer a cultura brasileira aqui. Viver isso é um sonho bom”, declarou.

O título estadual soma-se ao reconhecimento nacional que Ronaldo já recebeu do Ministério da Cultura, reforçando sua importância como referência da cultura popular brasileira. Para ele, essa validação abre portas para muitas oportunidades. “O reconhecimento nacional abre possibilidades de intercâmbio cultural com outras regiões do Brasil”, disse ele.

Ronaldo reflete sobre o valor do legado cultural, que considera um ‘tesouro precioso’ capaz de contar a história do passado, do presente e do futuro de um povo. Para o artista, fortalecer as práticas culturais é essencial para construir um caminho de escolhas mais justas e humanas. “O fortalecimento das práticas culturais são o caminho para escolhas mais justas e humanas”, pontuou.

O artista também fez um apelo para que o poder público amplie o olhar sobre os mestres e mestras da cultura brasileira, garantindo-lhes políticas públicas que assegurem direitos básicos e dignidade. “Espero que o reconhecimento dos mestres da Cultura Brasileira inspire do poder público um olhar mais profundo e políticas que atendam e possibilitem uma vida digna, com moradia e saúde, para todas as mestras e mestres da cultura brasileira”, afirmou.

Carreira

Ronaldo dos Santos Silva, nasceu em Belém (PA) em 58 e cresceu em um ambiente urbano popular marcado pela herança cultural marajoara de sua família. Desde cedo, teve contato com a música por meio de cantorias familiares, instrumentos de percussão e festivais escolares. Seu primeiro violão foi conquistado como prêmio em um festival, incentivando-o a compor e explorar ritmos diversos. Formou-se em Ciências Sociais, mas seguiu carreira na música, inicialmente de forma autodidata, aproximando-se de artistas renomados e mergulhando no estudo da percussão e da composição.

Ao longo de mais de três décadas, Ronaldo consolidou-se como músico, compositor, intérprete e pesquisador, com um trabalho voltado à valorização da música popular tradicional e da identidade cultural amazônica. É um dos fundadores do Arraial do Pavulagem, grupo que realiza cortejos e apresentações pelo Brasil, reunindo grande público e difundindo ritmos como carimbó, toada, cúmbia, marabaixo, guarânia e salsa. Suas composições, que transitam entre o real e o imaginário amazônico, já foram interpretadas por diversos artistas nacionais e internacionais, ampliando o alcance de sua obra.

Sua discografia inclui trabalhos solo, álbuns com o Arraial do Pavulagem e parcerias, além de trilhas sonoras para produções audiovisuais. Entre os reconhecimentos recebidos estão o título de Mestre em Cultura Popular e a Medalha do Mérito Cultural de Belém. O Arraial do Pavulagem foi declarado Patrimônio Cultural Nacional. Recentemente, músicas de sua autoria ganharam projeção internacional, como “Rodopiado”, regravada pela dupla Sofi Tukker, e “Cachoeira Prateada”, incluída em trilha de filme estrangeiro. Sua trajetória também foi registrada no documentário “O Tambor Ilumina”, lançado em 2024.

 

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