'Madame Dagadá' mostra toda sua força em videoclipe do duo paraense CTRL+N
Dupla conta que quer usar sua música como janela para outros artistas LGBTQIA+
O tecnobrega mostra toda sua versatilidade ao ser incorporado com outros ritmos e gêneros no trabalho do duo CTRL+N, que recentemente, lançou o videoclipe Madame Dagadá, música que integra o EP “Vrá”, apresentado ao público no começo de 2020. Para representar visualmente uma canção tão frenética, os dois músicos paraenses radicados em São Paulo convidaram Gabriel Bacury, artista belenense que faz uma performance arrasadora no clipe.
Mas quem é essa Madama Dagadá que tanto falam? Para Nigel Anderson, um dos integrantes do duo, essa figura incorpora várias referências que constroem o imaginário artístico dos gays, exaltando o poder feminino com referências a divas pop internacionais e também as nacionais, como Pabllo Vittar e Linn da Quebrada, mas com a irreverência e leveza do paraense.
“Acredito que toda gay paraense lembra do famoso vídeo viral de Leona Vingativa que se apresenta com uma grande frase, falando que é ‘conhecidíssima como a noite de Paris, poderosíssima como a espada de um samurai e pertence à família imperial Orleans Bragança’. A proposta de Madame Dagadá foi fazer uma espécie de remix deste tipo de fala de introdução, e nada melhor do que um tecnobrega para embalar esse discurso”, conta o músico.
Haroldo França, que faz par com Nigel, explica que a Madame teve várias versões antes de ser lançada, pois eles queriam que a canção exemplificasse bem esse universo que são os vídeos virais com pessoas LGBTQIA+ que, assim como Leona, fazem sucesso na internet com seus nomes fantasia extravagantes. Na música, Dagadá faz jus a essa tradição e se apresenta como “Madame Dagadá de la Parri de Marimar de Aguilera Minaj Spears Knowles Carter Vittar”.
“A gente pensou, ‘cara, isso é uma linguagem, a gente podia fazer algo por esse caminho’. A gente tentou primeiro uma coisa mais baiana, depois algo mais rave, mas aí, a gente resolveu pelo tecnonbrega porque ele grita, é uma explosão de laser, espaçonaves, e tudo que é poderoso. Aí a gente pensou, já que essa bicha é tão poderosa, por que ela não ser como uma aparelhagem?”, diz Haroldo.
Sobre o convite de Gabriel Bacury para “performar” no clipe, Haroldo França diz que a escolha foi pelo talento dele e por ser um artista paraense que, assim como eles, mora no sudeste, e que precisa de mais visibilidade para seu trabalho. Nigel Anderson completa ao dizer que pensa nos clipes do CTRL+N como “janelas” para as performances dentro do universo LGBTQIA+.
“Conversando com nosso amigo e parceiro Rafael Reis, que somou no clipe pensando a visualidade e estilo, chegamos a ideia de uma Madame Dagadá que tivesse uma identidade queer, com a elegância das divas pop e elementos do tecnobrega paraense. Conheço o Gabriel Bacury desde Belém e quando comecei a acompanhar os trabalhos dele com Pole Dance e Performance aqui em São Paulo, achei que ali tinha uma performatividade que era interessante pro que estávamos pensando. Então fizemos o convite”, explica Nigel, deixando o convite para o público conhecer “a mais gostosa do Pará”.
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