Influenciador atribui sucesso do tecnobrega à Banda Uó, de Goiânia, e desperta debate
Samir Duarte, do podcast 'Um Milkshake Chamado Wanda', deu a entender que o trio abriu as portas para o sucesso no Brasil de gêneros populares como o tecnobrega

A popularização de gêneros musicais da cultura popular brasileira, em especial o tecnobrega paraense, foi centro de debate no Twitter na manhã desta segunda-feira (5). Tudo começou depois que o influenciador Samir Duarte, do podcast "Um Milkshake Chamado Wanda", publicou um vídeo da Banda Uó, dizendo que o sucesso do trio foi o responsável por projetar ritmos tipicamente brasileiros para todo o Brasil.
"Banda Uó andou para os seguintes correrem: mostrou que dava para fazer pop no Brasil, misturando a linguagem de fora que a gente gostava com ritmos e estética brasileiros", escreveu Samir no tweet, junto a um vídeo em que a banda canta a música "Fa Uó", no programa "Encontro com Fátima Bernardes".
A canção em questão traz uma série de referências à cultura paraense, além de usar as batidas características do tecnobrega - ambas marcas da sonoridade do grupo no primeiro disco, "Motel" (2012).
Banda Uó andou para os seguintes correrem: Mostrou que dava pra fazer pop no Brasil, misturando a linguagem de fora que a gente gostava com ritmos e estética brasileiros. https://t.co/ddMQIJROTt
— Samir Duarte (@eusousamir) October 5, 2020
Logo em seguida, uma série de seguidores fez questão de explicar a Samir a origem do gênero, levantando debates sobre apropriação cultural e apagamento da história do ritmo, por exemplo. Usuários da rede social também citaram nomes como Gaby Amarantos e a banda Gang do Eletro, importantes figuras na representação do tecnobrega fora do Pará. Veja alguns:
"ah mas Banda Uó foi inovadora"
— Zezé do Sideral #Ed50 (@eguazeze) October 5, 2020
Sabe o que foi inovador? Gang do Eletro, Maderito, Waldo Squash, Joe Benassi, Marlon Branco.
O que os caras tão tentando fazer lá pra sul nos últimos, sei lá, 10 anos, a gente já faz aqui há quase 30, e com muita qualidade.
Banda uo muito bacana, mas só pegou um estilo que existe há décadas no Pará, transformando-o numa forma genérica e o público comprou.
— sapo 𓆏 (@saposmemordam) October 5, 2020
Tecnobrega paraense não só andou, como é as pernas e o corpo disso tudo.
Olha a audácia ridícula desse bicho! O que diria Tony Brasil, heim? O que diria Jr Rego? A patifaria desse eixo do BR, dessa metidez, dessa Pavulagem é de enojar paraense. Se manquem. https://t.co/j17Qvrl0CY
— A menina que dança BREGA (@FSancoelho) October 5, 2020
Quem popularizou o brega nacionalmente foi a gaby Amarantos, o cenário do brega no Pará já é muito diversificado, originando outros ritmos, como o tecnobrega, o melody, tecnomelody e outros. Eu gosto da banda uó but...
— Rock Lee (@kelzzin) October 5, 2020
Carol Matos, uma usária da rede, explicou ainda os contextos históricos da criação e popularização do gênero.
Isso acontece pq, na era Vargas, no Brasil o samba é colocado como a música do Brasil! Mas como Belém é uma cidade portuária recebia muita influência do Caribe e da America Latina, e aí tem esse ritmo mais caliente, pelas distancias, o samba não era muito a nossa+
— acho que vi um gatilho (@carolnmatos) October 5, 2020
Chegou um momento em que a batida tava tão rapida, que as pessoas não acertavam mais a dançar, aí surgiram os ritmos mais lentos dentro do próprio brega, que era o Melody e os bailes da Saudade com a pegada mais antiga dos bregas+
— acho que vi um gatilho (@carolnmatos) October 5, 2020
Gang do Eletro, captaneada pelas batidas do DJ Waldo Squash, que é o grande mestre das batidas de tecnobrega, tendo feito musicas e remixes pra muitos artistas brasileiros afim de se perceber nessa batida NOVA da música que vem do PARÁ.
— acho que vi um gatilho (@carolnmatos) October 5, 2020
Então, só tenha muito cuidado com as generalizações, muita cultura de outro estado foi produzida para que a Banda Uó pudesse acontecer. A música feita em Belém e no Pará é muito forte e inovadora. E uma das grandes responsáveis por isso tudo que vc tá elogiando na banda uó!
— acho que vi um gatilho (@carolnmatos) October 5, 2020
Quando vc ignora o Pará nessa jornada, vc nos apaga quanto sociedade e tira da gente algo que nos é muito caro, a nossa cultura. Acho importante descolonizar nosso olhar para culturas que não conhecemos muito! Obrigada!
— acho que vi um gatilho (@carolnmatos) October 5, 2020
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