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Forrozeiros mantêm o ritmo da quadra junina em alta o ano inteiro

Grupos que defendem os variados estilos de forró são o tema do #LibCult desta semana

Lucas Costa
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Mais da metade do mês de junho já passou, mas o período segue botando mais lenha na fogueira de uma cultura que se mantém acesa ao longo ano inteiro: o forró. Nesta semana, os artistas que mantêm o ritmo vivo, assim como as variações do gênero que foi se adaptando ao longo do tempo, são o tema do #LibCult (que une a plataforma do jornal impresso ao vídeo no portal O Liberal.com.

A banda Flor de Jambú, que começou a mostrar o seu gingado nos palcos há pouco tempo, defende o clássico forró pé de serra, aquele popularizado por nomes como Luiz Gonzaga e Dominguinhos. Isa Rebecca, vocalista da banda, conta que a ideia surgiu quando ela percebeu que havia uma falta de representação do forró pé de serra em Belém, que casou com sua paixão pelo ritmo que traz na bagagem desde a infância. “A ideia da banda surgiu no final do ano passado, comigo contando para o Geraldo, outro integrante da banda, sobre a minha paixão pelo forró pé de serra”, conta Isa.

"Depois do carnaval desse ano a ideia se concretizou e materializamos o Flor de Jambú”, completa a vocalista. Isa também se mostra como uma grande conhecedora não apenas do gênero e grupos que traz como referência para o seu som, mas de toda a cultura que envolve o forró e sua constante evolução ao longo do tempo.

“O forró pé de serra mesmo tem como base três instrumentos: a sanfona, o triângulo e a zabumba. Tem uma pegada diferente”, explica Isa. “O forró acabou se tornando nome de ritmo, mas a história mesmo é que o forró era o nome da festa. Antigamente era até samba, e as pessoas falavam ‘vou pra um samba’, mas na verdade se tocava forró. Tem o xote, o xaxado, o arrasta pé, o baião... e é uma coisa muito nordestina mesmo. Então o forró, que era o nome da festa, acabou assim, se popularizando como nome do ritmo”.

A vocalista do Flor de Jambú também explica que na por volta da década de 90, o forró passou a ter uma maior instrumentalização, onde entraram outros instrumentos mais complexos como bateria e equipamentos eletrônicos. Esse movimento iniciou com bandas que marcaram épocas no gênero: como Calcinha Preta, Limão com Mel e Mastruz com Leite.

Atualmente, esse movimento levou o forró a diversos patamares, resultando também em algumas subdivisões mais específicas do gênero, que arrastam multidões em grandes espetáculos pelo país todo com artistas como Wesley Safadão, Solange Almeida, Márcia Fellipe e Xand Avião.

Forró Moderno

image A banda Cabra no Forró segue a linha mais moderna do ritmo (Ivan Duarte/ O Liberal)

O forró estilizado ou forró eletrônico é uma dessas divisões em que o gênero ganhou novas roupagens, com novos instrumentos e batidas mais aceleradas. Esse é o estilo defendido por Xand Avião, que também foi a pessoa que inspirou a criação da banda Cabra no Forró, em 2007, em Belém.

A banda encabeçada por Riva Santana foi antes um grupo de axé, que  viveu o auge do gênero e chegou a fazer turnê internacional. Riva relembra que por volta de 2006 o axé já não tinha mais tanto público, e os empresários da banda, que se chamava Cabra Laranja na época, optaram por encerrar o projeto.

Riva conta que se viu sem saber o que fazer, e foi quando conheceu o Aviões do Forró, que se inspirou a criar o Cabra no Forró, que completa 12 anos de estrada este ano. “O cabra foi criado em 2007 por causa do Xand. Foi quando eu comecei a ver o Aviões, porque eu vinha do axé. Na época eu tinha o cabelo grande e todo mundo usava essa referência. Falavam ‘olha o Xandinho’, então o Cabra no Forró, queira ou não, cresceu junto com o Aviões. Tanto que quando ele [Xand] cortou o cabelo, eu resolvi cortar também, depois eu resolvi entrar na dieta com ele, e nós fomos ficando mais magros, só que ele ficou magro demais e não consegui acompanhar”, relembra Riva entre risos.

Nos palcos, Big Loira é quem divide os microfones com Riva. Eles relembram que no início a banda chegou a ter outras vocalistas, mas Big foi a voz com quem o “casamento musical deu certo”. A vocalista está na banda há 11 anos. “A gente já passou por altos e baixos, e também vivemos em uma cultura em que a aparelhagem, o brega e o tecnomelody são muito fortes. E levantar o forró e carregar nas costas por todo o Pará é muito gratificante para nós”, destaca Big Loira.

Os vocalistas, que chegam a fazer sete shows por semana a frente do Cabra no Forró, revelam que o segredo é manter o repertório atualizado com sucessos que estão no topo das paradas, sem deixar de lado a essência do forró. “O repertório é baseado no que está na boca dos forrozeiros. O Cabra no Forró tem uma parceria com uns amigos de Fortaleza, então antes de a música estourar no Brasil, elas chegam para nós, e a gente gosta de lançar no nosso repertório”, explica Riva.

Se por um lado o repertório do Cabra no Forró se concentra em manter o público em movimento exaltando os hits da atualidade, mesclando com sucessos do forró das décadas de 90 e início dos anos 2000; o Flor de Jambú já se preocupa em trazer a tona o charme do arrasta pé, com referências como Luiz Gonzaga, Santana e Dominguinhos. Em Belém, os dois estilos convivem em harmonia, se mantendo vivos com seus públicos na noite da cidade.

O Cabra no Forró é uma das bandas que integra uma cultura de casas de show em Belém e todo o estado. Algumas delas são ecléticas, e outras tem sua programação formada 100% pelo forró. De qualquer forma, a cultura se mantém viva, tão representada nas noites quanto outros gêneros populares como os regionais tecnomelody e brega, e o crescente funk carioca.

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