Dona Onete dá palhinha do álbum "Rebujo" em ensaio aberto

Novo disco da Rainha do Carimbó Chamegado será lançado em maio deste ano

Ana Carolina Matos
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Em uma conversa com Dona Onete, é difícil lembrar que se trata de uma mulher de 79 anos. A energia e animação incomum da cantora, com quase oito décadas de primaveras bem vividas, parece ser a marca registrada do disco "Rebujo", que será lançado em maio deste ano. Em um ensaio aberto realizado na última quinta-feira, 21, no Discosaoleo, no bairro da Campina, em Belém, a cantora mostrou não só uma musicalidade envolvente, mas também o poder de unir diferentes tribos em uma reunião de bons amigos.

No dia 14 de fevereiro, a artista lançou o primeiro single e clipe do novo disco: "Festa do Tubarão". A mistura de gêneros musicais dá o tom  novo disco, que faz dançar até os quadris menos ritmados. "Eu canto desde brega, bolero, banguê, carimbó. Eu canto muita coisa que vocês já conhecem. O ritmo frevado continua, aquele ritmo de banzeiro também continua porque o povo adorou. Chegou até pela Bahia", conta. "Esse show é o que o pessoal lá de fora gosta. Eles não querem nem saber. Eles não sabem de nada mas eles querem o ritmo", acrescenta Dona Onete.

A idade da Rainha do Carimbó Chamegado não é empecilho para a carreira. Em 2018, países como Inglaterra, Dinamarca, Hungria, Portugal e Malásia receberam a visita ilustre da paraense. Neste ano, o próximo destino internacional é a Oceania, onde ela, que saiu de Cachoeira do Arari para o mundo, fará uma turnê.

Até agora, limite aparentemente é uma palavra que não existe no dicionário de Dona Onete. "Eu tô com muitas propostas, mas a gente ainda não tem certeza. Tem algo que se der certo, vai ser muito grande", revela. "Vamos ultrapassar e nada mais vai ser barreira pra nós, tanto faz com o carimbó ou com qualquer outro ritmo", destaca.

A artista não esconde o orgulho de levar a cultura do Norte brasileiro para fora dos limites territoriais, mas também por alcançar reconhecimento no Pará. "A música paraense já ganhou espaço", dispara. "Eu tenho um público enorme em São Paulo, no Rio de Janeiro nem se fala, em Recife, Belo Horizonte... Por onde eu ando, meu público é enorme. Sei que o paraense me abraçou. A nossa música era muito difícil ser abraçada por nós. Hoje em dia ganhamos na nossa própria terra, não só eu, mas todos os músicos têm espaço na sua própria terra", ressalta.

A paraense de sucesso exponencial vem inspirando o cenário musical de cantores mais jovens com carreiras iniciadas até antes mesmo de Dona Onete, mas que a consideram um livro inspirador e dona, assim como é chamada, de uma sonoridade que conversa com qualquer estilo musical. "A Dona Onete é nossa maior fazedora de hits. É nossa grande representante. É a pessoa que hoje em dia é a maior bandeira em questão de música e uma pessoa que é muito querida em todos os meios musicais. Ela é uma influência e ela lida e absorve muito bem o que está acontecendo ao redor", elogia a cantora e compositora Sammliz, conhecida por ser uma das vozes que dão vida ao rock paraense.

"A Dona Onete é uma parceira minha. A gente já compôs juntas. Isso pra gente ver o quanto a musicalidade dele é rica e se entremeia com quem faz música", acrescenta. 

Um dos nomes da música paraense contemporânea, o guitarrista Lucas Estrela fala da proximidade com a cantora. "Pelo tanto que convivo com o Pio Lobato, produtor da Onete que me influenciou muito e com o JP (Cavalcante), que é percussionista da Dona Onete, me sinto muito conectado. É muito inspirador ver ela tocar e estar no palco tocando com ela", conta.

"A Onete é uma referência por tudo que ela vem construindo. O tempo de carreira dela é muito curto e pelo trabalho ser tão bem construído, ela conseguiu esse alcance de uma maneira rápida e isso é muito inspirador pra gente", analisa o músico.

A cantora é referência ainda por se reinventar constantemente. "Ver a Onete aos 80 produzindo, reinventando seu som é extremamente estimulante pra mim que sou uma artista jovem contemporânea da cena paraense. A Onete sempre foi uma inspiração e sempre será. Me inspira ver a Onete em plena atividade, em plena inventividade", comenta a cantora e compositora Juliana Sinimbú, que já conta com uma trajetória de dez anos de carreira.

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