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Artistas celebram a diversidade na música

As temáticas regional, negra, feminista, LGBTQI+ e outras, encontram espaço para reafirmar a representatividade, esclarecer e valorizar segmentos sociais.

Enize Vidigal
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A música paraense celebra a diversidade. Vários artistas vem se destacando com canções recheadas de mensagens de representatividade e de valorização da cultura regional, da mulher, da negritude, do LGBTQI+ e da afro-religiosidade, entre outros.

O resgate e a valorização da música ancestral é a missão do Arraial do Pavulagem. “A nossa ideia é fortalecer a cultura brasileira praticada no Norte do Brasil. Lá no início, focamos na difusão da Toada do Boi-bumbá. A pesquisa de folguedos populares mostrou que precisávamos ampliar, conhecer os mestres e a música de raiz, descobrindo a sonoridade da floresta e a dimensão da percussão que não se restringe aos tambores, identificamos mais de 100 ritmos catalogados”, conta Ronaldo Silva.

O trabalho envolve a concepção musical e vai além, trabalhando a dança, os adornos e outros elementos de identidade da cultura popular, que movimentam uma cadeia produtiva de instrumentos, confecção, artesanato, alimentação e bebidas.

“Podemos revigorar o patrimônio que são as cidades da floresta. A luta do Arraial é a luta de outros coletivos de Belém, do interior do estado e fora dele. Quando a gente coloca o cortejo na rua, a gente está revelando toda essa riqueza de forma coletiva e espontânea”, completa. “A música pode contar a histórias, confortar, estimular e trazer sabedoria às pessoas. A música de raiz ainda é uma bandeira a ser compreendida dentro das lutas populares. Acho que a gente tá fazendo a música do futuro, que vai nos unir”.

Autor de canções como “Yabas” (com Proefx), que saúda as orixás femininas, chamadas yabas, que são as forças vitais que regem a Amazônia, e “Menino Preto” (com Roberta Brandão e Pelé do Manifesto), que denuncia o extermínio da juventude negra na periferia, o cantor Jeff Moraes afirma que se comunica com o mundo através da música.

“Infelizmente, a cor da pele é o principal motivo pelo qual morremos. ‘Menino Preto’ vem como um grito. Uso as minhas composições para me posicionar e fazer com que as pessoas consigam entender aquilo que eu acho que é certo”.

“Quero ser escada pra muita gente preta, assim como foram um dia pra mim”, afirma. “É extremamente importante que a gente tenha representatividade em diversos lugares. Temos que dizer que somos capazes, a nossa autoestima tem que ser inabalável”, completa. “A música e arte como um todo tem um poder transformador absurdo”.

“Várias músicas do meu repertório tem essa pegada feminista. São canções que dão um ‘sacode’ em mentes aprisionadas pelo machismo”, destaca a cantora Joelma Klaudia, que compôs o hit do carnaval 2020 “Pretinha”. Essa música alegre que aponta para a autoestima e empoderamento femininos, foi inspirada na realidade superada por ela de um relacionamento abusivo. “Sou uma mulher mais feliz por ter tido força de me reinventar sozinha e de ter me livrado de um homem que quase tirou a minha vida. Hoje a vida tem mais cores e eu uso esta alegria para provar pra outras manas que elas não precisam entrar nas estatísticas. A felicidade contagia!”

“A música pode servir como instrumento de conscientização, de socialização e de cura”, avalia. “’Pretinha’ manda um recado de esperança para mulheres que se encontram em situação de violência doméstica. E o recado para homens está intrínseco: estamos de olhos, estamos unidas, estamos atentas! Várias mulheres já me falaram sobre a importância da minha mensagem e o quanto a minha história de vida as inspirou”.

A cantora e compositora Aíla concorda que é possível formar opiniões através da música. “Gosto de instigar diálogos libertários que falem de amor, questões de gênero, pautas feministas. Acredito na arte como plataforma de transformação. A arte tem o papel de levantar temas contemporâneos e de fazer micro revoluções”, afirma.

Na música "#NãoVouCalar", Aíla busca estimular as mulheres a não aceitar abuso e violência e, em “Lesbigay”, fruto da parceria com Dona Onete, defende a livre orientação sexual. “Sempre recebo mensagens sobre como tal música toca e chega nas pessoas de maneira arrebatadora. Através da música, ainda mais a música pop, dançante, suingada, periférica, podemos nos conectar com um público ainda maior, ser inspiração, influenciar, trazer à tona temas essenciais pra nossa existência”.

 

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