I Feira Literária Infanto Juvenil começa hoje na Livraria Fox para aguçar leitura dos pequenos
Autores de livros infantis e juvenis estarão na Fox do dia 29 a 31 de março para encontros com o público
A curiosidade do universo infanto-juvenil precisa ser aguçada. Descobertas e novos hábitos norteiam essa fase da vida, repleta de aprendizados e conhecimentos adquiridos. Para aproximar crianças e adolescentes do cultura literária, a capital paraense recebe a 1ª Feira Literária Infanto Juvenil de Belém - FLIB, sob o tema "Encantamentos, assombrações e visagens que contam histórias". A programação também busca apresentar o trabalho de escritores, ilustradores e artistas em uma troca de conhecimentos com os jovens leitores. A feira tem início hoje, 29, e segue até o dia 31 de março, na Fox Belém. A iniciativa é uma produção da Feira Literária do Pará - FliPA, que há cinco anos incentiva a produção literária de escritores locais.
A programação terá como homenageados e participantes do evento os escritores Daniel Munduruku, Walcyr Monteiro, Lenice Gomes e o quadrinista e ilustrador Gidalti Júnior. Além de grande acervo voltadas a crianças e adolescentes, o público também contará com uma extensa programação de oficinas, rodas de conversa e espetáculos, sob a curadoria de Elizabeth Orofino, Andréa Cozzi e Deborah Miranda.
Autor da novela gráfica "Castanha do Pará", que lhe rendeu um Prêmio Jabuti na categoria Histórias em Quadrinhos em 2017 e uma polêmica censura em uma exposição em um shopping center da capital paraense em 2018 por conta da capa do livro, Gidalti Júnior fala sobre a riqueza da produção amazônica. "A produção em Belém e em todo o norte - e por que não a produção amazônica? - é muito rica. Temos um potencial gigante em termo de conceitos e ideias, como o próprio tema da feira sugere, temos todo esse referencial teórico ou conceitual de lendas, assombrações e contos presente na Amazônia, seja na cidade ou na floresta, em qualquer contexto é muito rico. Os autores da nossa região produzem muito a partir desses referenciais e isso é que tem de muito especial na nossa literatura e que a feira celebra", destaca o quadrinista, pintor e professor.
O mineiro radicado em Belém tem na capital paraense além do lar desde a infância, uma inspiração de cores, texturas e mudanças climáticas. "A estética belenense, assim como a amazônica, está bem presente no meu trabalho, na minha pesquisa. Tanto na pintura, quanto nas histórias em quadrinhos procuro incorporar elementos relacionados à nossa cidade, à nossa região, seja elementos estéticos como forma, cor, calor, chuva e cores mais saturadas, de diversas matizes, tudo isso procuro trazer e é o que me estimula no aspecto formal. Porém no aspecto conceitual também me atrai muito as questões particulares da Amazônia, bem como das cidades brasileiras, seja no que se refere à pintura ou narrativa", comenta.
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As referências da cidade das mangueiras são refletidas com o primeiro livro do ilustrador, que traz, com o personagem Castanha, a discussão sobre as vivências de um menino da periferia apaixonado por futebol pelas ruas do Mercado do Ver-o-Peso. "A narrativa tenta explorar um pouquinho de como esse menino foi parar nas ruas e começou a achar as ruas mais interessantes que sua própria casa. Além de apresentar um contexto de um menino da periferia, também apresenta um pouco do imaginário local (...). Faz um passeio com o que permeia o jovem, a criança que tá na rua, vivendo, brincando, sobrevivendo de pequenos furtos...".
Para ele, que mora em São Paulo há cinco anos e ministra periodicamente oficinas de aquarela e pintura nas capitais paulista e paraense, o mercado literário paraense sofre os mesmos desafios que o cenário do resto do país, mas a diferença fica por conta da diferença estrutural. "Acho que a literatura local sofre das mesmas dificuldades da literatura nacional e talvez a internacional. É óbvio que os produtos locais, regionais, não têm a mesma estrutura mercadológica, uma estrutura de concepção de um produto, de um livro como a produção estrangeira", pontua ele, que ressalta a "competição" com filmes e livros estrangeiros e a falta de incentivo à cultura.
"Gradativamente a produção local vai ganhando mais espaço, mais notoriedade nos cenários públicos. As pessoas vão conhecendo mais nosso autores, mas não é uma luta fácil. Depende de toda a sociedade e não só do poder público. É preciso incentivar seus filhos, crianças, jovens e adultos a ter contato com a literatura", acrescenta.
SERVIÇO - 1ª Feira Literária Infanto Juvenil de Belém - FLIB
De hoje, 29, até domingo, 31, a partir das 9h
Fox Belém (Tv. Dr. Moraes, 584 - Nazaré)
Informações: (91) 4008-0007
Entrada franca
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