Líbero Luxardo faz programação especial para o Dia Internacional da Animação

Artistas de animação da Amazônia avaliam o cenário local e internacional

Bruna Lima
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Hoje é o Dia Internacional da Animação, 28 de outubro, e o público vai poder conferir o encerramento da 19ª Mostra realizada pela Associação Brasileira de Cinema de Animação, no Cine Líbero Luxardo. A programação é gratuita e inclui exibição de curtas nacionais e estrangeiros, além de mostras voltadas para o público infantil, a partir das 16h.

A equipe da Redação Integrada de O Liberal conversou com produtores de cinema de animação como forma de entender um pouco a respeito do cenário na Amazônia, no Brasil e em demais países a fora. Na visão do paraense Eliezer França, diretor de algumas obras exibidas em festivais nacionais e internacionais, internacionalmente os produtores de cinema têm muito o que comemorar. Pois, mesmo em meio a instabilidade econômica e social as pessoas continuam dando valor e importância ao cinema de animação.

Um boa notícia ao mercado local, segundo Eliezer, é que com o “boom” dos streamings e a recente confiança das empresas multinacionais no modelo home office, há uma grande tendência à internacionalização dos serviços de animação. “Muitos países da Europa e Estados Unidos estão procurando mão de obra qualificada em outros países de moeda mais fraca. O que tem sido ótimo para os profissionais daqui e ruim para as empresas nacionais que pagam em real e precisam competir pela mão de obra local”, avalia França. 

Ou seja, o cinema de animação avaliado em um cenário global é bom. Eliezer diz que com a pandemia as pessoas passaram a consumir mais conteúdo de streamings, canais de YouTube e games. Isso trouxe uma certa estabilidade para muitos profissionais.

“Muitas empresas surgiram e muitas cresceram. Porém, o cenário nacional acho que regrediu. Em anos anteriores o mercado expandia rapidamente, tivemos séries sendo produzidas na Amazônia como “Os Dinâmicos” e “As Icamiabas”, produções nacionais sendo indicadas ao Oscar como “O menino e o Mundo”. E isso se devia aos editais de fomento da Ancine (Agência Nacional de Cinema), que infelizmente passou por um desmonte”, acrescenta o produtor de cinema de animação.

Eliezer diz que cresceu nesse meio como fruto de políticas públicas de arte educação. Ele teve oportunidade de conhecer importantes artistas em instituições como Curro Velho, Casa da linguagem e antigo IAP, com quem aprendeu e pôde dar início ao seu processo de profissionalização.

Ele já passou por grandes produtoras de audiovisual e animação no Pará e no Brasil, foi premiado em editais regionais e nacionais como Conexão Vivo Animações e Cultura Animação. Também teve obras exibidas em festivais nacionais e internacionais como o festival do Dia Internacional da Animação e Bang Awards. “Me sinto realizado profissionalmente, pois graças a animação posso criar meu filho Kalel, viver bem e ajudar minha família. Lembrando que tudo isso começou no Curro Velho, onde tem cursos de animação gratuitos para estudantes”, reforça o cineasta.

O jovem diretor Rod Rodrigues sempre foi fã de animação e de histórias e está no time de produtores do cinema de animação, na Amazônia. No ano passado, ele resolveu juntar as paixões e produziu o primeiro trabalho na área, um curta-metragem de horror no estilo motion comics chamado “Caçador de Cabeças, que recentemente foi premiado na categoria nacional da V Mostra Sesc de Cinema.

A história é inspirada em relatos de caçadores e moradores do vilarejo Bomfim, no município de São João da Ponta (PA). “Sou neto de moradora da região, passei grande parte da minha infância e adolescência lá, e a obra foi feita em conexão com este espaço, sendo inclusive exibida pela primeira vez lá. O lugar, as pessoas e os costumes me ensinaram muita coisa. As histórias de visagens e as cosmoviões da região, por exemplo, me inspiram até hoje no meu trabalho como roteirista e escritor”, disse Rod Rodrigues.

Sobre trabalhar com animação, Rod diz que é sempre difícil, pois se trata de um processo demorado, árduo, mas prazeroso e de possibilidades infinitas.

“Para trabalhar com narrativas fantásticas, como é o caso do Caçador de Cabeças, a animação é perfeita porque se pode dar vida ao que quiser, como quiser. Não foi a primeira vez que trabalhei com roteiro de animação, mas foi a primeira como diretor. Foi muito desafiador e posso afirmar que a obra só ficou com ótima qualidade devido toda experiência e profissionalismo do resto da equipe. Todos eram experientes em animação. O curta não seria o mesmo se não tivessem as incríveis ilustrações da artista Tai Silva, a voz perfeita do Roberto Ribeiro, as trilhas originais do Thiago Albuquerque e o ágil processo de animação do Eliezer França. Sou muito grato por trabalhar com esse time, e muito sortudo por terem aceitado encarar esse projeto. Foi trabalhoso, mas agora estamos colhendo frutos bem legais” avalia.

E para quem quer curtir uma programação dedicada à animações. É só conferir o que está disponível do Cine Líbero Luxardo nesse Dia Internacional da Animação.

Programação

CINE LÍBERO LUXARDO

DIA 28/10

16h | Mostra Infantil

Classificação: LIVRE

17h | Mostra Paralela: 50 Anos de Animação Pernambucana

Classificação: acima de 12 anos

18h | Mostra Paralela de Curtas de Animação

Classificação: acima de 16 anos

19h30 | Mostra Oficial do DIA

Mostras Internacional e Nacional

Classificação: acima de 14 anos

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Cultura
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