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Gaby Amarantos, Félix Robatto e Ailson Braga contam como a 'Chuva' atravessa seus trabalhos

Os artistas da Amazônia tem uma relação cultural com a chuva e, em entrevista exclusiva ao Grupo Liberal, contam como expressam em seus trabalhos esta ligação

Emanuele Corrêa
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A chuva é um tema recorrente na arte e há exemplos clássicos nas diversas linguagens. Na pintura, por exemplo, há o quadro "Campo Cercado de Trigo na Chuva" de Vincent Van Gogh; no cinema o clássico de 1952 "Cantando na Chuva" e na música uma infinidade de singles, que vão desde "Águas de Março" escrita por Tom Jobim e eternizada na voz de Elis Regina, até o contemporâneo "Noite de Toró", de Félix Robatto. Os artistas da Amazônia tem uma relação cultural com a chuva e, em entrevista exclusiva ao Grupo Liberal, contam como expressam em seus trabalhos esta ligação.

O produtor musical Félix Robatto lançou em 2021 o música "Noite de Toró", com ritmos e referências paraenses no videoclipe, a história é ambientada em um dia chuvoso em Belém. "Sumiste naquela chuva / No céu não tinha Lua / Percebi que a ausência tua / Iria sempre me deixar só. / Saí na água turva / Te procurando em toda curva / Mas te perdi na rua / Naquela noite de toró. / Agora quando chove / Eu lembro de ti, meu bem / O problema é que eu moro em Belém / Toda tarde chove e a lembrança vem.", diz a letra.

"A minha canção 'Noite de Toró' fala da chuva de um outro ponto de vista, uma pessoa que perde um amor num temporal e lembra desse amor toda vez que chove, o problema está aí, pois aqui chove todo dia. Fiz a música para ser lembrada pelas pessoas nesses momentos de tempo fechado também. Foi gravada em gênero de Carimbó Elétrico misturado com Guitarrada e gravamos um videoclipe com base na historinha da letra", explicou a composição e referências.

Felix relembra que a chuva faz parte da rotina de quem vive na capital paraense e que a população cria mecanismos para lidar com o ela. Na arte e no cotidiano, a chuva é assunto, pois está neste cotidiano desde sempre. "É um momento quase que diário. Falar de chuva é certeza de ter assunto com o belenense, é algo do que todo mundo vive em Belém, ninguém escapa. A gente se atrasa por causa da chuva, ela atrapalha nossos planos, mas mesmo assim temos um sentimento de respeito por ela, sabemos que é uma condição do local que vivemos e isso que é o diferencial", disse.

image A chuva é um tema recorrente na arte e há exemplos clássicos nas diversas linguagens. Gaby Amarantos fala da sua relação com a chuva (Reprodução / Rodolfo Magalhães (@rodolfomagalhaes))

Chuva na música e literatura

A cantora e atriz Gaby Amarantos declara que a chuva não só marca a sua música, mas também atravessa a sua vida, pois já sofreu com os efeitos das águas pluviais, mas entende seus ciclos e a responsabilidade do ser humano. "A chuva é a natureza se manifestando através da água, e que a poluição, problemas que vem com a chuva, eles fazem parte da gente não tomar cuidado com a natureza como ela deveria. Então, acho que a chuva é um sinalizador de que a gente tem que cuidar mais da natureza, do nosso lixo, do nosso bairro, da nossa casa que é esse planeta Terra. E eu tem uma música que chama se Chuva", arguiu.

Sobre a música, Gaby credita as duas amigas compositora Ela é composição de duas grandes amigas, compositoras Iara Rennó e Thalma de Freitas e revela que fizeram a música inspirada nas chuvas de Belém. "Essa semana eu recebi mensagem de um grande amigo, Felix Robatto, me dizendo que aula de ciências da filha dele foi a letra de 'Chuva', falando de chuva. Acho que é pra gente entender como é que a chuva se forma. E assim como no Treme, que é o álbum que foi indicado ao Grammy, a gente também está por aqui falando de rio, falando de água. O elemento água pra mim o maior elemento da Amazônia, e eu gosto muito de trabalhar com ela", concluiu.

image O atore, escritor e jornalista Ailson Braga conta de que forma a chuva atravessa a sua história de vida, no jornalismo e na literatura. (Igor Mota / O Liberal)

O ator, escritor e jornalista Ailson Braga é editor assistente do jornal Amazônia e conta que no jornalismo a chuva está ligada, geralmente, a transtornos causados pelos alagamentos e problemas de mobilidade urbana e desastres naturais. "Noticiamos todos os dias, principalmente de dezembro a março de cada ano, aqui no Pará, os problemas causados pelas chuvas. É perceptível como as mudanças climáticas têm alterado o ciclo da chuva em todo o mundo. Aqui não é diferente", declarou.

No entanto, a sua visão enquanto escritor é poética. Ailson escreveu o livro de contos "Enquanto Chove", também adaptado para o audiovisual, em 2003. "Já para o escritor, a chuva é poesia e deslumbramento. Uma das memórias mais antigas e perenes que tenho é minha mãe nos mandando tomar banho de chuva - somos nordestinos, de uma região muito seca e nos mudamos para Belém ainda muito pequenos, eu e meus irmãos. Morávamos na periferia e era uma alegria nos molharmos nos temporais", recordou.

"A chuva é uma imagem disparadora de minhas memórias. Ela influencia fortemente o meu trabalho como escritor, notadamente o meu primeiro livro o 'Enquanto Chove' (2002). A chuva é personagem de alguns dos 51 contos e minicontos do livro e cenário principal das narrativas. Trata-se de um livro de estrutura circular, no qual as histórias se ligam e se intercruzam por acontecimentos fortuitos; principalmente pela chuva. É a chuva que dá o clima, faz a narrativa avançar, determina humores, sentimentos, revela tragédias, amores, memórias, vida e morte em um universo urbano - Belém no caso - e notadamente cotidiano", finalizou Ailson.

 

Obras e artistas com a temática da Chuva para Conhecer

1. “Chuva” – música de Gaby Amarantos

 

2. "Noite de Toró” – música de Felix Robatto

 

3. "Chove Chuva” – música de Jorge Ben Jor

 

4. “Riders On The Storm” – música de The Doors

 

5. “Enquanto Chove” – livro de contos de Ailson Braga

 

6. “Lá vem ela!” – Game inspirado na chuva de Belém @lavemelaojogo

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