Festival Internacional de Dança da Amazônia é aberto com espetáculo no Theatro da Paz
Programação segue até o domingo, dia 20, com atividades também no Teatro Estação Gasômetro e no Polo São José Liberto

"Todos podem". A frase de Clara Pinto resume um pouco do objetivo do Festival Internacional de Dança da Amazônia (Fida). A iniciativa, que já está na 26ª edição, reúne bailarinos de várias partes do Pará e do Brasil, em uma troca intercultural de conhecimento que oportuniza, também, que pequenos grupos se apresentem no palco mais suntuoso da capital paraense.
A programação tem início hoje, 16, às 19h30 no Theatro da Paz. O Fida segue até o dia 20 de outubro, também no teatro Estação Gasômetro e no Pólo São José Liberto com espetáculos e oficinas.
Após a tradicional cerimônia de entrega do troféu Fida de incentivo à cultura para as personalidades convidadas, a abertura fica por conta de uma apresentação da Companhia Ballet Jovem, do Rio de Janeiro, sob direção de Dalal Achcar e Mariza Estrella. No mesmo dia, haverá ainda o concurso "Valores da Terra" - do qual participam coreografias de grupos paraenses que concorrem a uma quantia em dinheiro - e a apresentação das mostras de dança dos grupos participantes.
Idealizadora e coordenadora do projeto, Clara Pinto explica que o principal objetivo da iniciativa é oportunizar grandes experiências e possibilitar conhecimento e troca entre os bailarinos. "É um evento democrático. Muitos festivais acontecem só como uma forma de descobrir talentos para mandar pra fora... Isso pode ocorrer de forma ocasional, mas o sentido mesmo do Fida é de formar uma plateia e oportunizar às pessoas do estado a dançar no Theatro da Paz, mostrar que a dança é para todos. Não existe diferença. Todos podem dançar. O meu objetivo é dar oportunidade a todos, é popularizar e é algo que eu tenho conseguido muito", defende.
Realizado desde 1994, o festival se tornou um momento de reunião de grupos profissionais e iniciantes, uma maneira de promover o desenvolvimento da dança e contribuir na construção social de jovens e adolescentes. "Apesar de todos os espetáculos e dificuldades para realizar esse evento, eu continuo persistindo, continuo determinada em fazer porque sei o quanto é importante para o crescimento da arte, da dança no Estado do Pará", conclui.
Evento tem a participação de Cícero Gomes e Manuela Roçado
Tradicionalmente, o festival rende homenagens a uma personalidade da dança, escolhida pela relevância e contribuição para o meio artístico. Neste ano, a homenageada é a professora, bailarina e coreógrafa cearense Goretti Quintela, que faleceu em janeiro deste ano.
Amiga pessoal da eleita para as homenagens, Clara Pinto explica que se sentiu sensibilizada pelo falecimento da artista que, durante muito tempo, foi responsável por elevar a dança no estado do Ceará. "É uma querida amiga, minha mestra que tem nome não só em Fortaleza como em todo o Brasil. Infelizmente, ela partiu esse ano aos 61 anos", comenta.
A escolha foi feita como forma de prestar uma última homenagem à Quintela, que deixou o meio das artes precocemente. "Ela ainda não era nossa homenageada, porque estamos dando oportunidade para pessoas mais antigas, mas me senti muito sensibilizada em poder fazer essa homenagem in memorian. Nossa homenagem a ela será com uma valsa linda", detalha. A noite contará ainda com a presença de 18 bailarinos da Escola de Ballet Goretti Quintela e uma apresentação da bailarina Lívia Castro, da companhia, ao lado de Cícero Gomes.
Antes da cearense, foram homenageados nomes como de Zandra Rodrigues, Emílio Martins, Márika Gidali, Dalal Achcar, Ana Botafogo, Mariza Estrella, Márcia Haydeé, Maria Luiza Noronha, Carlinhos de Jesus, Nilson Penna, Marcelo Misailidis, Francisco Timbó, Cristina Sanchez, Fábio de Mello, Gisela Vaz e Toshie Kobayashi (in memorian).
Além dos bailarinos da Escola de Ballet Goretti Quintela, da cia. Ballet Jovem do Rio de Janeiro e de Cícero Gomes, Manuela Roçado é uma das convidadas do festival. A artista, que participou da programação em 2017 como dançarina convidada, fala sobre a apresentação que fará ao lado de Cícero Gomes, o primeiro bailarino do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, que foi o grande homenageado da edição passada.
"Esse ano estarei dançando dois Grand Pas De Deux de repertório: Chamas de Paris e Dom Quixote. Essa será minha segunda vez no Fida e terceira em Belém", conta. "Estou muito ansiosa para ter o contato com essa plateia calorosa que tem em Belém e ter a troca de conhecimento e carinho com os bailarinos que estarão me assistindo. Poder mostrar minha arte em outro estado não tem preço", acrescenta.
Para a bailarina, festivais como o Fida são "um apoio muito grande para a cultura do nosso país", a qual a bailarina classifica como pouco valorizada. "Essa oportunidade que o Fida dá para os bailarinos do estado e do Brasil é algo muito importante para a arte. Me sinto honrada em fazer parte desse festival que respira arte e espalha a cultura paraense", pontua.
"Além de ser um festival com mostra competitiva, o Fida tem essa tradição de levar para os palcos paraenses, bailarinos de outros estados. Isto é um outro ponto muito importante, pois essa troca de conhecimentos e culturas é muito importante para todos nós bailarinos", destaca.
Manuela Roçado começou os estudos de ballet clássico em 2007 e já teve experiências em concursos de dança em Nova Iorque e Orlando, nos Estados Unidos e Berlim, na Alemanha. Ela já dançou na gala do International Ballet Festival em Miami 2019 e foi contratada para a temporada do Ballet Coppelia do Theatro Municipal do Rio de Janeiro em 2018.
Agende-se
26º Festival Internacional de Dança da Amazônia (Fida)
Data: De quarta, 16, a domingo, 20
Locais: Theatro da Paz, Estação Gasômetro e Espaço São José Liberto
Ingressos: R$30, R$40 e R$60
Informações: (91) 3223-1744
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