Experiência faz nova temporada de 'Ver de Ver-o-Peso' em Belém e mostra o jeito de ser amazônico

Público poderá conferir trabalho de sucesso há 40 anos em três apresentações no Gasômetro, nesta sexta (25), no sábado (26) e no domingo (27), às 20h, com ingressos populares

Eduardo Rocha
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Não é a toa que o Complexo do Ver-o-Peso, com 397 anos de história e sendo a maior feira a céu aberto da América Latina, é um símbolo cultural e histórico de Belém do Pará. Por esse espaço, circulam todos os dias histórias ou "causos" os mais diversos revelando o jeito de ser de quem vive no Pará e na Amazônia como um todo, ou seja, na luta pela sobrevivência e preocupado com o que pode acontecer de ruim com o meio ambiente, matriz da feira e da região. Por isso, o grupo de teatro Experiência lançou nos anos 80 o espetáculo "Ver de Ver-o-Peso" alcançando um sucesso não somente entre paraenses, mas entre pessoas que visitam a capital do Pará durante o Círio de Nazaré e o público em geral. Assim, o Grupo Experiência fará, a partir desta sexta-feira, dia 25, seguindo pelo sábado, dia 26, e no domingo, dia 27, às 20h, no Teatro Estação Gasômetro, uma nova temporada com três apresentações do espetáculo, que tem ingressos populares a R$ 60,00 e R$ 30,00.

Essas apresentações são justificadas pela demanda de quem mora em Belém e quer que seus visitantes por ocasião da Quadra Nazarena conferiram a peça que tem a cara de Belém, como diz o diretor de "Ver de Ver-o-Peso", Geraldo Salles. Ele conta que o espetáculo surgiu na metade dos anos 80 e acredita que o sucesso qur perdura até hoje provém da identificação das pessoas que moram em Belém com personagens e situações do cotidiano mostradas na peça. Outra atração do espetáculo é a trilha sonora composta por Armando Hesketh.

Grito

Para confeccionar o espetáculo, os integrantes do Grupo Experiência fizeram todo um trabalho de pesquisa no Ver-o-Peso, ouvindo relatos dos feirantes que atuam na área com a venda de ervas, artesanato, pescado, carnes, hortifrutigranjeiros, frutas, lanches e refeições regionais e outros artigos. "Observamos que em feiras do Nordeste sempre havia a figura do cantador, mas não no Ver-o-Peso. E, então, um dia em que eu estava na feira vi dois urubus e assim eles acabaram virando personagens, os cantadores que puxam os quadros do espetáculo, são uma parte crítica na história", destaca Geraldo Salles. 

Ele ressalta uma das cenas da peça, a da personagem Maria Igarapé (baseada em fatos reais), uma mulher que enlouqueceu, passou a mendigar nas ruas e atuava como prostituta). Essa personagem é uma das interpretadas pela atriz atriz Natal Silva no espetáculo. Ao todo, são 21 pessoas envolvidas na montagem de "Ver de Ver-o-Peso" que se configura como "um grito para que a Amazônia sobreviva, não morra", como diz Geraldo Salles. 

Nesse sentido, a atriz Natal Silva ressalta a atualidade da peça. "A gente já fala de queimadas e outros crimes contra o meio ambiente há muito tempo, com o espetáculo, e tem gente que pensa que é novidade", destaca a atriz. Ela atua em "Ver de Ver-o-Peso" desde o começo e imortalizou, a partir da peça, a fala dos caboclos do Pará e da Amazônia, com a expressão "tu pensa que eu sou lesa, é?".  

Na peça, o público vai conferir um dia na vida de quem vive o Ver-o-Peso, ou seja, a abertura com o nascer do Sol e o começo das atividades dos feirantes; o movimento dos fregueses; a presença de turistas no entreposto comercial; a soltura de um uirapuru por um menino ao considerar que as aves devem viver livres; a cena de Maria Igarapé; uma cena do Círio de Nazaré e outra dos mitos amazônicos; uma cena da noite no Ver-o-Peso e o final com a leitura de um texto de autoria da jornalista e gestora pública Ursula Vidal e o canto final crítico sobre o risco de extinção dos ecossistemas e de quem vive na Amazônia, com as cantoras Lucinnha Bastos e Cris Lobo.  

Serviço:
'Ver de Ver-o-Peso'

Grupo Experiência
Teatro Estação Gasômetro 
Av. Gov Magalhães Barata, 830 - São Brás, Belém - PA
Dias 25, 26 e 27/10, às 20h
Ingressos na bilheteria a R$ 60,00 e R$ 30,00

 

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