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Dia Mundial do Hip Hop: artistas paraenses ressaltam papel da música como ferramenta de resistência

Nascido nas periferias, o hip hop é a mistura de grafite, break dance e rap, e consegue abrir portas e ajudar na construção de identidade dos indivíduos

Amanda Martins

O Dia Mundial do Hip Hop, celebrado neste domingo, 12, é uma data emblemática para a cultura que se originou nos bairros marginalizados de Nova Iorque nos anos 70. Mais do que um simples movimento cultural, é uma expressão artística que transcende fronteiras e conecta pessoas por meio da música, dança, arte visual e poesia. No Pará, o Hip Hop tem se descentralizado das periferias e conquistado espaço nos grandes centros urbanos das cidades, segundo afirmou a produtora e integrante da Frente Nacional de Mulheres no Hip Hop, May Sodré. 

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May pontua que o movimento cultural se destaca por ser mais do que entretenimento. Para ela, o Hip Hop é  uma ferramenta de resistência, inclusão e transformação social. "Cada evento, cada batalha de rima, cada traço de grafite é um ato de resistência e uma afirmação de identidade. O Hip Hop no Pará não é apenas um movimento, é uma narrativa em constante evolução que reflete as histórias e aspirações das comunidades que o abraçam”, declarou.

Foi no rap que MC Gaspar Du Norte, nome artístico de Anderson de Oliveira Almeida, conseguiu encontrar uma maneira de expressar suas opiniões e refletir sobre as realidades das baixadas amazônicas. Envolvido no meio artístico há mais de 20 anos, o músico coloca em suas letras as próprias alegrias, conquistas, lutas contra as injustiças sociais e o preconceito presente na sociedade. 

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“O rap me aproximou da música e nessas conexões musicais ao longo da minha trajetória. Eu pude ter a chance de ser ‘ouvido’, expor meus pensamentos e opiniões através da música, ou do grafite. Hoje posso dizer que o hip hop me situou como indivíduo político e social”, complementou o MC. 

A grafiteira paraense Mina Ribeirinha reconhece que sua presença como uma mulher negra no mundo do graffiti e do Hip Hop é um ato político. Ela revelou usar sua arte, pintando as paredes e muros de Belém e afora, como uma forma de reivindicar espaço e dar voz às mulheres. 

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“Ele te ajuda a te reconhecer como pessoa negra, a buscar suas origens, resgatar pessoas da criminalidade, do mundo das drogas. O Hip Hop chega onde o Estado não consegue chegar, é um movimento completo, uma universidade de rua”, afirmou a artista.

Já para a grafiteira Isa Muriá, o Hip Hop também pode ser uma ferramenta educativa, e por meio das artes produzidas pelos grafiteiros, comunicar sobre questões ambientais e sociais. “Eu vejo e acredito o quanto isso é potente, tanto para representar a vivência que as pessoas estão tendo como para alertar, denunciar e educar o que for preciso”. 

O DJ é uma figura que seleciona músicas para o entretenimento do público. Mas, para Arthur Santos ser um DJ é uma responsabilidade gigantesca, que vai além da diversão. Ao assumir o papel de DJ The Black, ele se vê na missão de servir como educador social e passar mensagens de mudanças na sociedade dentro e fora dos bailes comerciais, ou na própria comunidade local.

“Tenho a função de abrir pensamentos para fazer com quem as pessoas entendam que estamos vivendo em um mundo que está na luta contra o racismo, na inserção de minorias, na liberdade de expressão, da mulher como fundamental papel de mudanças e lideranças no nosso país”, complementou. 

Novos começos 

Além da música e da grafitagem, o breaking também é considerado uma linguagem cultural e artística do Hip Hop. Mais do que um simples estilo de dança urbana, ele pode abrir inúmeras portas e transformar a vida daqueles que se envolvem na dinâmica. 

Foi o caso da professora de dança Thaysa Magalhães, uma das vozes que compõem a cena do breaking paraense. Ela iniciou como B-Girl - termo dado aos praticantes de breakdance - há 15 anos no município de Benevides, onde vivia com a família. De lá para cá, participou de campeonatos da modalidade, e hoje, se esforça para levar conhecimento a outros jovens atuando como instrutora voluntária de breaking. 

“Ser uma B-Girl é um processo contínuo de aprendizagem, empoderamento e comprometimento. Eu me sinto uma mulher importante por fazer parte da cena de mulheres que dançam breaking, baseada em minhas experiências vivenciadas enquanto participante atuante ativa da cultura Hip Hop, e enquanto mulher, mãe, artista e professora”, afirmou. 

Gesiel Ribeiro de Leão, conhecido artisticamente como B-boy  Xifu Ribeiro, enxerga o breaking como uma ferramenta que aproxima as comunidades da sociedade. De acordo com ele, quando a iniciativa chega a um espaço periférico e alcança projetos comunitários, “dá esperança e afasta crianças, jovens e adultos de caminhos ociosos”. “Cria acima de tudo um pensamento crítico para que ele possa refletir sobre como vive, onde ele e com quem vive”, complementou. 

Xifu começou no breaking aos 14 anos de idade, hoje, com 29 anos, consegue perceber como teve o próprio destino mudado por meio da performance, conseguindo, inclusive, ingressar em um mestrado.

“Participei de grandes espetáculos artísticos, foi através dele que também pude conhecer outros países. Hoje me faço presente em espaços que antes me fora negado e consigo me impor nesses lugares”, declarou o arte-educador.

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