Coluna do Estadão: Aliados montam operação para convencer Bolsonaro a não ir a protesto
Aliados de Jair Bolsonaro montaram uma operação para tentar convencê-lo a não participar do ato de hoje em defesa da anistia aos condenados do 8/1, em Brasília. No entanto, o ex-presidente ainda está irredutível, segundo integrantes do PL ouvidos pela Coluna. São dois os motivos citados por membros da direita para que Bolsonaro evite a manifestação. Um deles é sua saúde. Há temor de que ele pegue uma infecção se ficar em contato com muitas pessoas. A segunda razão é política. Por ocorrer em um dia de semana, o ato deve ser mais esvaziado do que os anteriores. As estimativas mais otimistas no PL preveem entre 5 mil e 10 mil pessoas. Os aliados dizem que Bolsonaro deve se resguardar agora, e que sua presença será mais útil em manifestações mais robustas.
PREOCUPAÇÃO. A própria equipe médica recomendou que Bolsonaro fique de repouso. O ex-presidente, que passou três semanas internado, teve alta no domingo, 4, após passar por cirurgia para desobstruir o intestino e reconstruir a parede abdominal.
CONTROLE. O PL também quer garantir que o ato ocorra de forma ordeira, sem "quebra-quebra". A intenção é evitar que a manifestação cause ainda mais atritos com o Judiciário. O partido insiste em aprovar na Câmara o projeto da anistia aos condenados do 8/1, mas o acordo entre Congresso e STF pela redução das penas esvaziou a pauta.
OFENSIVA. Com apoio da bancada do União Brasil na Câmara, o deputado Danilo Forte (CE) apresentou um projeto de lei que proíbe os descontos automáticos de associações e sindicatos em benefícios de aposentados e pensionistas. A proposta ataca o cerne do escândalo do INSS.
FREIO. A proposta, obtida pela Coluna, determina que as entidades só poderão cobrar mensalidades por meio de boleto bancário, a ser pago de forma voluntária. "O INSS estava sendo conduzido como órgão arrecadatório. E pior: sob forma de imposto sindical indireto", disse Forte.
ALERTA. A Justiça Federal identificou indícios de litigância predatória, uso abusivo do Poder Judiciário por advogados, em processos contra débitos indevidos de aposentadorias. Ou seja, apontou risco de fraudes em ações judiciais que denunciam irregularidades no INSS.
COLA. Os técnicos ressaltaram que vários processos têm trechos idênticos e usam dados genéricos. O Centro de Inteligência da Justiça Federal no Rio Grande do Norte recomendou que magistrados de outros cinco Estados do Nordeste acionem o Ministério Público Federal nesses casos.
MAS... A defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, réu na ação penal do golpe no Supremo Tribunal Federal, afirmou à Corte que o relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, está convencido da culpa de Torres "há um bom tempo".
...JÁ? "O relator convenceu-se da culpabilidade de Anderson Torres há um bom tempo e tem evitado os inúmeros elementos probatórios em sentido contrário", afirmou o advogado Eumar Novacki. Ele comparou a denúncia da Procuradoria-Geral da República sobre os atos golpistas a um manual de "caça às bruxas".
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Marcos Lisboa Ex-secretário de Política Econômica
"O País escolheu ser medíocre e valorizar o oportunismo. Numa crise grave, a gente consegue avançar e, quando as coisas se acertam, volta o oportunismo."
José Roberto Mendonça de Barros Ex-secretário de Política Econômica
"As reformas fazem parte, o mundo mudou e nós estamos atrás. Temos que ter duas vezes mais reformas para tirar o atraso e acompanhar as mudanças."
(Roseann Kennedy, com Eduardo Barretto, interino, e Iander Porcella)
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