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Cinebiografia de Uýra Sodoma fará sua estreia mundial no mais importante festival LGBTQIA+ do mundo

Longa brasileiro dirigido por Juliana Curi está na seleção oficial do 46th Frameline International Film Festival que acontece em junho na Califórnia

Bruna Lima
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Uýra Sodoma une a arte e a biologia para questionar o que é natural, democratizar conhecimentos científicos destruindo os muros altos de academia com suas performances como ponte para juntar os saberes científicos, tradicionais e os saberes da rua. A construção de Uýra extrapola personagens e mensagens. E, neste mês do orgulho LGBTQIA+, o longa "Uýra- A retomada da Floresta" fará sua estreia mundial na seleção oficial do 46th Frameline International Film Festival, o mais importante Festival LGBTQIA+ do mundo. A edição de 2022 acontece de 6 a 26 de junho, em San Francisco. 

A drag queen indígena é mais uma de milhares indígenas que sofre com a diáspora e não teve a oportunidade de conviver diretamente com seu povo. Emerson Munduruku, que vive a personagem, nasceu em uma vila, em Santarém, no oeste paraense, mas aos cinco anos se mudou para Manaus.

Nessa mudança, permaneceu em locações periféricas, à margem dos centros urbanos. E toda essa dinâmica da vida e acúmulos de experiências resultou na união de Emerson com Uýra, que se apresenta como uma entidade híbrida que entrelaça o conhecimento biológico científico e a sabedoria ancestral dos povos indígenas.

Uýra traz para o mundo debates por meio de uma narrativa estética e pedagógica. Durante uma live, disponível no youtube, com Petra Peron, Uyra destacou que a sociedade costuma alocar tudo. E coloca a arte drag como uma linguagem artística alocada no caricato.

"A arte drag ocupa todos os lugares, ela não é somente drag, ela ultrapassa esse sentido de personagem. No meu caso, a existência vem diretamente de uma presença espiritual, indígena e busca dialogar entre a estética e a pedagogia. A presença drag precisa passar por muitas camadas de raça, gênero, sexualidade, camadas que atravessam e vão para a rua levantando causas e discussões", pontua a artista.

Emerson chama as plantas por seus nomes populares e latinos, mas evoca suas propriedades medicinais, sabor, cheiro e poderes. O resultado é uma compreensão intrincada e complexa da floresta, uma teia de conhecimento e pesquisa.

Uýra se apresenta como "uma árvore que anda". Nascida em 2016, durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff, quando o biólogo decidiu expandir suas pesquisas acadêmicas e buscar formas de trazer o debate sobre o meio ambiente, conservação e direitos LGBT para comunidades nos arredores de Manaus. Por meio de aulas de biologia ou performances fotográficas, usando maquiagem e camuflagem, textos e instalações, Uýra fala sobre e com a floresta.

O Longa

A cinebiografia acompanha Uýra, entidade híbrida amazônica vivida pelo artista indígena e biólogo Emerson Pontes, viaja pela floresta amazônica em uma jornada de autodescoberta usando arte performática para ensinar jovens indígenas e ribeirinhos que eles são os guardiões das mensagens ancestrais da floresta amazônica.

O longa traz a participação de artistas, ativistas e lideranças indígenas como Zahy Guajajara e a liderança Kambeba Dona Babá, além das performances de Uýra que são uma metáfora inspirada no ciclo ecológico e espelha as lutas sociais.

O trabalho é uma coprodução Brasil e Estados Unidos, tem direção de Juliana Curi e produção de Uýra Sodoma, João Henrique Kurtz, Lívia Cheibub e Martina Sönksen, com distribuição da Olhar Distribuição, tem estreia comercial prevista para o 2º semestre de 2022.

Sobre a diretora

Juliana Curi é diretora, roteirista e artista visual brasileira. Influenciada pelo Cinema Novo e com uma forte formação em jornalismo, iniciou sua carreira no departamento de criação da MTV Brasil desenvolvendo campanhas de impacto sociocultural sobre Justiça Climática, HIV e Movimentos Micropolíticos direcionada para a juventude brasileira. 

Juliana foi premiada pela ONU Mulheres com a campanha da P&G que visa derrubar estereótipos de gênero na América Latina, foi premiada com o  2021 Bric Brooklyn Film+TV Resident. Vive atualmente nos Estados Unidos, é fundadora do projeto de inclusão audiovisual EUETU Lab.

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