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Curupira, mascote da COP 30, guia trilha mágica em Belém e celebra a arte de contar histórias

Premiados na 9ª edição do Prêmio Baobá celebram reconhecimento à missão ancestral de contar histórias e preservar memórias

Amanda Martins

A mata do Bosque Rodrigues Alves, em Belém, ganhou um visitante especial nesta quinta-feira (10): o Curupira, figura do folclore amazônico e mascote da COP 30, apareceu entre as árvores como guardião e anfitrião de uma programação encantada que marca a 9ª edição do Prêmio Baobá - considerada a maior premiação dedicada à arte de contar histórias no Brasil. Pela primeira vez realizada na capital paraense, a honraria celebra artistas da palavra, da oralidade e das narrativas, com atividades gratuitas que seguem até o dia 12 de julho.

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Neste ano, o prêmio traz o tema “Entre o rio, as ruas e as matas” e vai agraciar 29 nomes e instituições que se destacam nacionalmente por preservar e promover a arte narrativa. A cerimônia de premiação acontecerá neste sábado (12), às 17h, em um iate sob as águas do rio Guamá. A iniciativa é do Movimento de Contadores de Histórias da Amazônia (MOCOHAM) com apoio da editora Aletria, e reúne participantes de 14 estados brasileiros e do Distrito Federal.

A abertura da programação foi realizado dentro do bosque, com a “Trilha das Encantarias", onde música, poesia, performances e narrativas se entrelaçaram em nove paradas comandadas por artistas da palavra. O poeta e contador Juraci Siqueira, um dos fundadores do MOCOHAM, guiou o percurso ao lado do Curupira. 

Segundo Tatiana Maia, professora, contadora de história e uma das organizadoras do evento, a proposta foi criar uma imersão sensorial que conectasse os visitantes com o imaginário amazônico. 

“É um evento nacional, e a gente quis que as pessoas sentissem o cheiro da floresta, ouvissem nossas histórias e entendessem a importância das encantarias, como o próprio Curupira, que conduz essa trilha mágica com sua força ancestral”, explicou.

Segundo ela, a presença do personagem ajuda a reforçar o papel ancestral da natureza nas narrativas orais da região. “Faz muito sentido ele ser o mascote da COP, porque ele simboliza tudo isso que queremos preservar. Muitas vezes, o Curupira é incompreendido, mas ele representa o que há de mais forte na proteção das encantarias e da nossa floresta”, completou.

O Prêmio Baobá foi criado em 2015 pela paulistana Andrea Sousa, comunicadora e gestora pública, com o objetivo de dar visibilidade a artistas que preservam a oralidade como expressão artística e cultural. “Depois de passar por cidades como São Paulo, Fortaleza, Ouro Preto e Goiás, chegamos agora à Belém, terra das encantarias e de tradições pujantes, com o apoio do MOCOHAM. O que vemos aqui é um desfile de sotaques e repertórios, um verdadeiro encontro nacional da narrativa”, declarou.

Entre os premiados estão nomes como Bel Fares, João de Jesus Paes Loureiro, Janete Borges, Katulo Gutierrez, o espaço cultural Nossa Biblioteca Comunitária, Maiolina Neves, Socorro Simões, e o Sesc Ver-o-Peso. Também se destacam vozes de outras regiões, como Guga Bezerra, contador de histórias e bibliotecário de Recife. “Cheguei ontem a Belém e já me encantei com tanta beleza e acolhimento. Aqui é terra de origem, de narrativas originárias. Vou levar um pouco dessa cultura por onde passar”, afirmou.

A escritora Gabi Silva, de Marabá, também será premiada. Ela atua como contadora de histórias e produtora cultural e representa o Norte na Academia Brasileira de Contadores de Histórias. “Receber esse prêmio é ver nossa missão reconhecida. É um momento de luz para todos nós que lutamos por espaço e valorização da narrativa oral”, celebrou.

Sônia Santos, uma das organizadoras locais, reforçou a importância da premiação no contexto amazônico. “É o ‘Oscar' dos contadores de histórias. Um viva àqueles que mantêm viva a ancestralidade através da palavra, das rodas e da escuta. Estar aqui é ver esse reconhecimento chegar com força ao Norte do país”, destacou.